CONSEQUÊNCIAS DE ERROS
DE CÁLCULO
Há cinquenta e um anos, pouco tempo antes de vencer de vencer
a segunda Taça dos Campeões Europeus, Bela Gutman disse a um jornalista do jornal A Bola que o
entrevistava que o “Benfica não tinha cu para se sentar em duas cadeiras”,
afastando assim a hipótese de uma dupla vitória na competição europeia e no
campeonato nacional.
E hoje, terá? Jorge Jesus admitiu que sim, apesar de muitas
vezes ter dito que o campeonato nacional era a primeira prioridade da equipa. A
verdade é que não há nenhuma equipa com pretensões na Europa que despreze a
possibilidade de chegar a uma final, mesmo que para a alcançar
possa pôr em causa outro objectivo que teoricamente se afigurava mais fácil.
Percebeu-se, depois de assegurada a final na Liga Europa, que Jorge
Jesus pretendia resolver o mais rapidamente possível a questão do campeonato,
certamente para deixar os jogadores mais soltos tanto mentalmente como
fisicamente para o jogo da final em Amesterdão. Se tivesse seguido à risca o
plano que até ontem seguira, o mais natural teria sido que parte da equipa que
jogou contra o Fenerbahçe não tivesse jogado contra o Estoril.
É que há vitórias que emocionalmente são tão devastadoras
como as derrotas. E a vitória de uma equipa que alcança a final com dificuldade
é um desses casos. A maior parte dos jogadores que participaram nesse jogo
precisa, em regra, de descanso. Precisa de digerir bem a vitória, principalmente
quando ganhar sempre e há vários anos não faz parte do quotidiano da equipa.
Este foi o primeiro erro do Benfica. Deveria ter havido
rotação no jogo contra o Estoril. Assim corre-se o risco de levar para o Porto
uma equipa sob grande tensão emocional que não existiria, mesmo que o Benfica
tivesse perdido ou empatado, se os principais titulares não tivessem jogado
ontem. A obrigação de pontuar no Porto a seguir a um desaire pelos próprios que
participaram nesse desaire é psicologicamente muito desgastante.
Depois, em termos de comunicação, foi um erro, um grande
erro, vir dizendo desde há algum tempo que o jogo das Antas não seria decisivo.
O que qualquer pessoa minimamente avisada deveria ter dito é que na altura do
jogo se saberia se ele seria ou não decisivo. Acrescentando que decisivo era o
Benfica ir ganhando os jogos que tinha até lá.
Dizer agora que o Benfica depende apenas de si próprio é uma
afirmação que escamoteia parte da realidade. Desde há muito que neste
campeonato o Benfica depende apenas de si próprio. O pior é que a partir de
ontem o Porto passou também a estar na mesma situação – a depender apenas de si
próprio, facto que desde há várias jornadas não acontecia. Houve portanto
uma verdadeira alteração qualitativa a partir do jogo de ontem. Uma alteração
que fragiliza o Benfica.
Por último, o principal problema do Benfica consiste no facto
de as equipas de Jesus “perderem gás” na ponta final do campeonato. Os jogadores,
o treinador, os adeptos em geral e os adversários têm isso presente, pesando
esse conhecimento muito diferentemente em cada um dos lados. Além de que Jesus
tem um registo muito negativo nos jogos contra o Porto, independentemente de
serem ou não determinantes. Nem sequer no primeiro ano impediu uma pesada
derrota (3-1) quando a equipa estava à porta de se tornar campeã.
Concluindo, o Benfica não tem a vida nada facilitada e menos
ficará ainda se o Paços de Ferreira resolver a questão do acesso à Liga dos
Campeões no próximo sábado…
1 comentário:
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