sexta-feira, 20 de setembro de 2019

BRUNO LAGE – COMPETÊNCIA É GANHAR NA EUROPA


MAIS UMA DERROTA NA CHAMPIONS
Resultado de imagem para DERROTA do benfica  CONTRA O LEIPZIG

Mais uma vez o Benfica entrou na Champions a perder em casa. Aos adeptos mais velhos do Benfica, que têm bem viva a memória dos anos gloriosos que deram fama ao Benfica em todo o mundo, fica a ideia de que nesta “gestão Vieira” a Champions é uma competição menor, a que apenas interessa chegar para cobrar o prémio de presença. Com o prémio de presença no bolso, o Benfica encara a Champions como um clube de terceira linha da Liga portuguesa encara a Liga Europa quando por sorte lá vai.

O Benfica está atacado por um irremediável “provincianismo” e por um “negocismo” a que somente uma radical mudança de mentalidades pode pôr cobro. “Provincianismo” que infelizmente atinge uma parte considerável dos adeptos, para os quais o mais importante é ganhar o campeonato nacional. A Liga dos Campeões serve para rodar e para experimentar jovens da formação, chegando inacreditavelmente ao ponto de na mais importante prova do futebol mundial serem postos a jogar de início jogadores que não tinham até então um único minuto na equipa principal ou que estavam para ser dispensados e que somente não foram porque o “empresário” os não conseguiu colocar.

Tão grave ou até mais grave do que o “provincianismo” é o “negocismo”. O Benfica é hoje um clube dominado pelo negócio. Viera e Jorge Mendes, Jorge Mendes e Vieira têm no Benfica a sua galinha dos ovos de oiro. Mal desponta um talento, mal um jogador vindo de fora dá nas vistas, logo Vieira e Jorge Mendes quase não dormem, ansiosos que abra ou reabra o mercado para o vender. Vendem o que é bom, às vezes muito bom, e compram muitas vezes o que não presta ou presta pouco. O que importa é comprar e vender; ganha-se quando se vende e ganha-se quando se compra. A dívida, porém, mantém-se não obstante as verbas astronómicas que, desde há anos a esta parte têm entrado  nos cofres do Benfica. O pagamento das dívidas aos bancos é fundamentalmente substituído por nova dívida, agora resultante da emissão de obrigações.

Dito isto, que não é pouco, o Benfica não consegue ter no plano internacional uma equipa competitiva. Não só não é competitiva apenas contra os colossos da Alemanha, da Inglaterra ou da Espanha, que já encaram os jogos na Luz como um destino turístico, como também não é competitiva contra as segundas linhas desses países ou contra as equipas da Itália, da Suíça, da Holanda e da França. E às vezes até da Rússia.

Enfim, uma vergonha. Uma vergonha para todos os benfiquistas que não deixam esbater na sua memória as noites gloriosas do Benfica europeu no velho Estádio da Luz.

Ontem mais uma vez o Benfica perdeu. Perdeu como equipa pequena, tal como já havia perdido contra o Porto, em Agosto, jogo em que, para vergonha de todos nós, nem um único remate fez à baliza. Pior ainda, jogo em que o mérito do Porto não esteve em ter feito uma grande exibição – que não fez – mas em ter conseguido impedir o Benfica de jogar, o que diz bem das fragilidades técnico-tácticas do actual Benfica.

Certamente que o presidente do Benfica é o principal responsável por não dotar a equipa dos jogadores necessários para participar numa competição da envergadura da Champions. Mas logo a seguir vem Bruno Lage, que mais uma vez revelou a sua imaturidade para afrontar grandes jogos, quer na estratégia que põe em campo, quer nos jogadores que escolhe para a sua execução. As razões que apresentou para deixar Rafa, Samaris e André Almeida de fora ou são ridículas ou são inconsistentes. É ridículo afirmar que Rafa fica no banco por ter perdido ritmo por não ter jogado na selecção, e colocar Pizzi, que igualmente quase não jogou na selecção, e que em jogos grandes é como se não existisse, com um histórico de fracassos raramente visto em jogos internacionais. Por outro lado, é absolutamente inconsistente a afirmação de que num jogo como o de terça-feira, contra o Leipzig, Samaris e Fejsa são incompatíveis. Não só não são incompatíveis, como, pelo contrário, se justificava o reforço do meio campo com mais um médio, um deles (Taarabt) um pouco mais à frente.

Ontem, toda a gente estava à espera que o Benfica alinhasse com André Almeida na defesa, com Fejsa, Samaris e Taarabt no meio campo e na frente com Rafa, Seferovic ou RDT e Pizzi, embora este sob especial vigilância, devendo ser substituído logo que se concluísse que mais uma vez ficaria à margem do jogo, como realmente aconteceu.

Infelizmente, nada disto parece ter grande importância para parte considerável dos adeptos do Benfica que exultam com as vitórias caseiras, sejam elas contra o Gil Vicente ou o Paços de Ferreira, e secundarizam as derrotas no palco internacional, o único que realmente enobrece uma equipa, lhe dá fama, proveito e glória!