terça-feira, 24 de fevereiro de 2015

O VIGARISTA DA VERDADE DESPORTIVA


 
O QUE IMPORTA SABER

O vigarista da verdade desportiva é o que apela à verdade das decisões com base nas “novas tecnologias” e simultaneamente passa o seu tempo de antena a proferir juízos de intenções, contrapondo factos reais a factos congeminados pela sua mente doentia. O vigarista da verdade desportiva é o que apela à utilização das “novas tecnologias” sem sequer se dar ao trabalho de explicar aos telespectadores que esse uso é bem limitado e que, a aplicarem-se, apenas tinham a virtualidade de substituir um árbitro por outro, com a diferença de esse outro estar longe dos jogadores e das jogadas.

A “verdade desportiva” na boca de um vigarista é sempre uma grande mentira.

Começando pelas mentiras: era ou não importante os telespectadores saberem a quem pertence o tempo de antena da televisão onde se propaga a “verdade desportiva”? De quem é esse tempo de antena: é da cadeia de televisão sob cujo sinal ele se transmite ou é de alguém que lá está e que o paga para a ele ter acesso? Para começar era importante saber isto: a “verdade desportiva” exige-o!

Passemos depois aos processos de intenções que são a forma mais covarde e insidiosa de espalhar a mentira e o ódio. O exemplo típico é este: perguntar, deixando subentendida a resposta, o que teria decidido o árbitro se fosse um jogador do Benfica a faltar-lhe ao respeito?

Antes de mais, é bom que se perceba que somente um vigarista profissional formula a pergunta nestes termos Uma pessoa séria trataria o assunto, apresentando factos. E então afirmaria: os jogadores x, y e z do Benfica nos jogos tal e tal faltaram ao respeito ao árbitro e não foram expulsos. Mas mesmo que isso tivesse acontecido jamais tal atitude do árbitro poderia ser invocada para justificar a não punição de comportamentos futuros da mesma natureza. O erro do árbitro não muda a regra, que se mantém válida e eficaz, devendo tal erro justificar uma grave censura e uma penalização ao árbitro que não cumpriu a lei.

Ou, então, um comentador sério afirmaria: Coroado, num jogo contra o sporting, expulsou Cannigia por uso de palavras impróprias (apesar de toda a gente ter ficado convencida de que Coroado se enganou, supondo que estava mostrar o segundo amarelo; mas como o que conta é a palavra do árbitro, Cannigia foi expulso por palavras indecorosas proferidas contra o árbitro); João Pinto foi expulso mais de meia dúzia de vezes pelo mesmo motivo; Petit foi expulso no Bessa por João Ferreira pelo mesmo motivo; idem Coentrão; e os exemplos poderiam multiplicar-se. E então teríamos múltiplos casos de jogadores do Benfica expulsos por palavras ou gestos impróprios dirigidos ao árbitro.

Obviamente, que um vigarista da verdade desportiva passa por cima de tudo isto, porque o que verdadeiramente lhe interessa é lançar a suspeita e deixar consolidar a suspeição.

Passemos agora à “verdade desportiva” propriamente dita. Qualquer pessoa minimamente instruída sabe ou percebe, se lhe explicarem, que as regras, quaisquer que elas sejam – jurídicas, morais, religiosas, de cortesia, desportivas, etc – não têm uma aplicação matemática. Só em circunstâncias muito especiais e raras é que as coisas se passam assim. Ou seja, só em casos raríssimos é que a aplicação da norma é unívoca, querendo com isto dizer que todas as pessoas chegam ao mesmo resultado. Na maior parte dos casos, porém, há que fazer uma avaliação, há que analisar valorativamente se um concreto comportamento corresponde ou não ao comportamento abstractamente prescrito na norma. E como este juízo não é um juízo de ciência, mas um juízo valorativo, é normal que as pessoas perante uma determinada situação não cheguem todas à mesma conclusão – umas avaliarão de um modo o comportamento, outras de outro. Isto passa-se em todos os complexos normativos.

Daqui resulta, antes de mais, que a esmagadora maioria das situações ocorridas num jogo de futebol têm de ser avaliadas seja por quem o dirige dentro do campo, seja por alguém fora do campo. Mas o juízo que esse árbitro terá de formular será sempre um juízo susceptível de controvérsia, já que se trata de um juízo valorativo, ou seja, um juízo que varia ou que pode variar de pessoa para pessoa. Se esse juízo não for formulado pelo árbitro que está no campo, alguém vai ter de o fazer por ele fora do campo. E não é por esse alguém, fora do campo, poder ver a jogada repetida pela televisão, que esse juízo deixa de ser um juízo de valor para se tornar num juízo de ciência. Esse juízo, como se já disse, mantém-se valorativo, quanto à sua natureza, o que quer dizer que duas pessoas podem chegar a conclusões opostas.

Juízos de ciência, possibilitados pelo uso das novas tecnologias no futebol, só existem, em três situações: saber se a bola ultrapassou ou não a linha de golo; saber se a bola saiu ou não do rectângulo de jogo; e saber se há ou não off side.

Apesar de apenas haver estes três casos qualquer pessoa minimamente inteligente percebe que eles não estão todos no mesmo plano. Digamos que há duas situações verdadeiramente absolutas, no sentido de que sempre podem ser aplicadas, e uma outra que é relativa, já que apenas poderá servir parcialmente, digamos, para evitar o pior, mas nunca absolutamente.

No primeiro grupo de casos, estão as decisões sobre se houve ou não golo, por a bola ter ultrapassado a linha de baliza, e sobre se a bola saiu ou não do rectângulo de jogo. Se a resposta for afirmativa, no primeiro caso, o árbitro interrompe o jogo, valida o golo e manda a bola ao centro e no segundo ou manda efectuar o lançamento lateral, ou pontapé de baliza ou o corner, consoante o lado por onde a bola tiver saído e consoante quem a tiver posto fora do campo.

Quanto ao fora de jogo, a questão é mais complicada. Das duas, uma: ou os árbitros assistentes deixavam de assinalar foras de jogo e tudo ficava entregue às “novas tecnologias” ou os árbitros assistentes mantêm essas competências e nesse caso o uso das novas tecnologias é meramente relativo, já que serve apenas para invalidar os golos irregularmente marcados.

Dificilmente se poderia aceitar como regra geral que os árbitros assistentes deixassem de assinalar os fora de jogo. Isso tornava o futebol quase inviável como espectáculo, além de o transformar num jogo ultradefensivo. Portanto, como os árbitros assistentes têm de continuar a assinalar os fora de jogo, as novas tecnologias neste caso só servem para invalidar os golos marcados irregularmente e não para corrigir os off side incorrectamente assinalados que vão continuar a existir sem outras consequências.

Fora destes três casos, que o vigarista da verdade desportiva nunca sequer abordou com a complexidade que eles têm, o que o vigarista da verdade desportiva pretende é substituir o árbitro do campo, por um árbitro de televisão susceptível de todo o tipo de pressões pelos comentadores seus pares. Só que o vigarista da verdade desportiva tenta passar como verdadeira a ideia de que por essa via as decisões serão sempre corrrectas e unívocas. Para se perceber como o vigarista da verdade desportiva está a tentar vigarizar as pessoas basta atentar no modo como ele próprio aprecia os lances e a qualificação que deles faz.

E não voltaremos a perder tempo com vigaristas nem com moços de fretes, que de futebol nada percebem, do qual quase não falam e quando falam é apenas para intrigar e lançar suspeitas infundadas. Se fizessem um boicote aos vigaristas da verdade desportiva, eles teriam que ir gozar os rendimentos da tia para outra freguesia.

 

segunda-feira, 23 de fevereiro de 2015

O BENFICA QUE SE CUIDE




 

UMA CAMPANHA DE GRANDES PROPORÇÕES ESTÁ EM CURSO
Moreirense-Benfica, 1-3 (crónica)
 
 

Desde a radio à televisão, passando por alguma imprensa, está em curso uma gigantesca campanha contra o Benfica com base em factos que, por vezes são verdadeiros, mas que de forma alguma justificam as conclusões que a partir deles se prtendem tirar.

Analisemos o jogo de ontem  contra o Moreirense. Há no jogo de ontem dois factos incontroversos, que acontecem em cada jornada, nos mais diversos cantos do mundo, às dezenas, sem da sua constatação se tirem outras consequências que aquelas que eles próprios encerram.

Mas não foi isso que se passou em Portugal logo a seguir ao jogo. Os dois factos incontroversos são os seguintes: nos muitos, muitos cantos que o Benfica conquistou no jogo de ontem, houve um que foi erradamente assinalado. Não era canto, era pontapé de baliza. Quantas vezes isso acontece? Mas acontece também que desse canto resultou o primeiro golo do Benfica.

Bem, que ligação existe entre os dois factos – o canto erradamente assinalado e o golo? Nenhuma, absolutamente nenhuma. Só mesmo uma mente estúpida, profundamente estúpida pode acreditar que há alguma ligação entre os dois factos. Na verdade, o jogo, depois de a bola ter saído do campo, recomeçou tendo cada uma das equipas adoptado o posicionamento que julgava mais correcto. Foi golo. E depois que ligação tem esse golo com o canto incorrectamente assinado? Se tiver, se alguém concluir que tem, então essa mente que assim pensa terá de concluir que todos os jogos colectivos, quaisquer que eles sejam, ou até os individuais, estão adulterados sempre que no seu decurso haja um erro por mínimo que seja. É que depois de esse erro nada do que se passa a seguir se teria passado do mesmo modo.

O outro facto incontroverso é o de um jogador do Moreirense ter sido expulso por palavras dirigidas ao árbitro. Que é que se pode dizer? O que diz a lei? É tudo muito claro.

Pois mal o jogo tinha acabado já um pseudocomentador da Antena 1, chamado Manuel Queirós, destilava ódio sobre a arbitragem e fazia aquilo que todos os falsos comentadores fazem: preparar o terreno para um clima de contestação generalizado à arbitragem, que, mais tarde ou mais cedo, desembocará em violência. Sim, são os falsos comentadores os verdadeiros incendiários do futebol. As claques são apenas o reflexo ou a consequência desses comentadores.

Esse senhor Manuel Queirós se tivesse falado como adepto fanático do FCP, enfim, seria lamentável que lhe tivessem dado tempo de antena (a ele como a qualquer outro fanático, seja do Benfica ou do Sporting), mas como comentador da rádio pública é francamente condenável.

Além do mais, entre outras coisas, o senhor Queirós não é inteligente. Porque se há uma lei no futebol que ordena a expulsão de qualquer interveniente no jogo por palavras indecorosas dirigidas ao árbitro como pode esse falso comentador tomar como critério de decisão aquilo que ele pensa que teria acontecido se essas mesmas palavras fossem proferidas por um jogador do Benfica? É burro e é desonesto, porque perante um facto incontroverso ele vem invocar um facto hipotético apenas existente na sua mente doentia e ressabiada.

E o que se diz do Senhor Queirós diga-se do maior vigarista do comentário desportivo português, pseudo defensor da verdade desportiva – da verdade dele, vestida fanaticamente de verde e branco. Vigarista e pérfido, um dos maiores coveiros do futebol pelo veneno que semanalmente destila contra o desporto-rei, tendo o Benfica como alvo predilecto da sua desonestidade. Neste pseudocomentador tudo nele são processos de intenção, tudo nele é maledicência da pior. A propósito do jogo do Benfica contra o Moreirense foi pena que ele não tivesse podido concluir o raciocínio que estava fazendo sobre a expulsão do jogador do Moreirense. Tudo nele se inclinava para lançar a suspeita sobre a conduta do jogador do Moreirense, como conduta ao serviço de outros interesses que não os do seu clube. Quem puder, que reveja as declarações desse inqualificável comentador e retire as conclusões. E diga depois que tipo de pessoa é esta que aparece semanalmente na televisão. Uma vergonha para o canal televisivo que o alberga, mesmo que o seu tempo de antena seja pago pelo próprio.

Perante o que se passou este fim-de-semana somado ao que se tem passado nos anteriores, o Benfica ou passa a ter uma capacidade de comunicação que até agora nunca teve ou vai ver-se mal. De facto, desde o presidente ao treinador passando pelo director de comunicação e pelos comentadores do clube ninguém está à altura deste desafio. E como a campanha é muito forte, de grande intensidade, ela não poderá deixar de ter consequências.

Além de que há uma aliança tácita entre os comentadores do Sporting e os do Porto. Os do Porto estão desesperados por o investimento não estar a dar o resultado esperado no plano interno. Estão a entrar em pânico. E os do Sporting, na esteira do seu presidente, fazem-no por ódio e despeito. Que ganhe quem ganhar desde que não sejam os vermelhos!

Finalmente, o Benfica de Jesus nunca ganhou um campeonato com o Porto a persegui-lo. Ganhou ao Braga e ao Sporting, que são, como toda a gente sabe, adversários menores relativamente ao Porto. Portanto, as previsões não podem ser muito positivas e se ao histórico aliarmos a campanha em curso essas previsões ainda ficarão mais pessimistas. Daí que não seja errado afirmar que se o Porto não voltar a perder pontos até ao fim do campeonato, o Benfica não será campeão.