quinta-feira, 29 de julho de 2010

AS DUAS PRIMEIRAS "VÍTIMAS" DE MOURINHO



GUTI E RAUL

Como aqui tínhamos previsto, Mourinho iria seguramente operar várias mudanças no Real Madrid. Sabe-se que uma das decisões mais difíceis com que qualquer treinador se depara consiste em afastar de uma equipa famosa (em princípio, até de qualquer equipa) os “históricos”, carregados de prestígio e de anos de casa, quando começam a envelhecer e teimam em continuar.
Poucos são os treinadores com coragem para os afastar. Os adeptos estão afeiçoados a tais jogadores, já que eles contribuíram para muitos dos títulos conquistados e partilharam com a afiction muitas tardes de glória.
Os adeptos têm muita dificuldade em distinguir o merecido reconhecimento que lhes deve eternamente ser tributado pelo clube onde jogaram e o afastamento do plantel. Normalmente, a paixão leva-os a supor que esse reconhecimento só estará à medida da retribuição devida se as ditas glórias forem mantidas no plantel.
Poucos são os que seguem o exemplo de Zidane: afastar-se ainda no auge da forma. Normalmente, têm tendência a “arrastar-se”, de preferência na equipa onde se consagraram. Só quando isso se torna impossível por imposição do treinador é que eles tentam outra via: normalmente tendem a ir para uma equipa de segunda linha mas ainda com algumas pretensões.
Foi essa a via escolhida por Raul – uma das maiores glórias da história do RM – e será certamente também a de Guti – um “canterano” com mais de duas décadas de clube.
Esta é a primeira vitória de Mourinho. Quem se seguirá? Penso que será Valdano…por razões aparentemente diferentes. Vamos aguardar.

BENFICA SEM ROBERTO EM ALBUFEIRA




NÃO SOFREU GOLOS, MAS TAMBÉM NÃO BRILHOU

Coincidência ou não, o Benfica jogou sem Roberto e não sofreu qualquer golo. O jogo não foi grande coisa e o adversário também não.
Há ainda muita indecisão. Pode não ter nada a ver uma coisa com a outra, mas não me admirava nada que esta indecisão que se nota na equipa esteja relacionada com o facto de ainda se não saber quem fica. O ano passado havia dúvidas sobre quem poderia entrar. Este ano as dúvidas são sobre quem poderá sair. E esta indecisão pesa muito mais do que a outra, principalmente quando o que está em dúvida são jogadores como Ramires, Luisão, David Luiz ou Coentrão..
Rui Costa que é manifestamente uma pessoa pouco dotada, com pouca capacidade para se exprimir (provavelmente estudou muito pouco ou quase nada), complica mais do que facilita com as suas confusas intervenções. Percebe-se que há pressões de vários lados e que algo não está estável. Mas vamos ter de aguardar para confirmar ou infirmar esta impressão.
Entretanto, os comentadores da Sport TV que, com o se sabe, actuam sempre como adeptos ou empregados de certos clubes – e quase nunca como profissionais – deram mais uma grande ajuda a Jorge Jesus com os comentários feitos em off sobre o guarda-redes do Benfica.
O que eles disseram só é condenável pelos termos utilizados e não tanto pelas ideias expressas. Mas já se sabe como é: no futebol a paixão tudo supera e até impede a lucidez e a análise racional daquilo que está à vista de todos.
De facto, como aqui já dissemos várias vezes, Roberto é muito mais do que uma contratação falhada. É uma contratação contra o Benfica que somente pode ser neutralizada – isto é, colocada no rol das contratações falhadas – se for impedido de jogar em qualquer jogo oficial.
Só que a partir de agora, Jesus vai ter mais argumentos para o pôr a jogar e vai até contar com o apoio de adeptos acríticos, dispostos a apoiar tudo o que possa parecer como uma justa luta contra uma campanha contra o Benfica..
Por que é que tudo isto aconteceu e está acontecendo é que toda a gente espera ainda se venha a perceber um dia…

QUEIROZ E O EXEMPLO DA ARGENTINA



AS DUAS VIAS

A FPF tem à sua disposição duas vias para se ver livre de Queiroz, se essa for a sua vontade.
A primeira é a que se poderia chamar a via argentina e que consiste em exigir a Queiroz que ponha a seu lado alguém que perceba de futebol com um estatuto perfeitamente definido. Supondo que o actual seleccionador tem um mínimo de brio profisssional, optará, tal como Maradona, por pôr o lugar à disposição. À cautela, para o caso pouco digno de Queiroz aceitar "companhia", convém que a pessoa escolhida para actuar a seu lado seja alguém versado em pugilismo ou em artes marciais para o caso de ser necessário responder a outro tipo de argumentos, além dos especificamente futebolísticos.
A segunda via consiste em instaurar rapidamente um processo disciplinar a Queiroz com base nos factos já apurados no inquérito da IND e demiti-lo com justa causa.
Ao que se diz, há quem na Federação não esteja de acordo com o despedimento de Queiroz, embora se não perceba bem porquê. No futebol onde há dinheiro há sempre alguns mistérios que só mesmo os iniciados compreendem…Queiroz ganha muito dinheiro…muitíssimo, muito mais do que aquilo que merece e mesmo assim há quem queira que ele continue a ganhar esse dinheiro mesmo sem qualquer razão técnica que o justifique. Estranho. Muito estranho. Vamos esperar por sexta-feira para ficarmos a saber o que se passou.

domingo, 25 de julho de 2010

BENFICA NÃO DESCE MÉDIA DE GOLOS SOFRIDOS



ROBERTO NÃO SERVE, MAS HÁ MAIS QUEM NÃO ESTEJA BEM

Ainda é muito cedo para tirar conclusões definitivas, salvo aquelas que o futuro apenas se encarregará de confirmar. É o que se passa com o guarda-redes, que mais uma vez se viu que não tem cultura de baliza.
O primeiro golo até poderia entrar. O que não pode é entrar da forma que entrou. O guarda-redes ou saía ou adiantava-se, encurtando o ângulo, e fazia a mancha. O que não pode é um homem de um metro e noventa ficar de pé quase junto à baliza à espera que o avançado adversário remate.
Portanto, Roberto é assunto arrumado. Se o treinador quiser perder e sofrer golos uns atrás dos outros, joga com Roberto. Se quiser evitar este descalabro, joga com quem tiver à mão, seja Júlio César ou Moreira. Não fica bem servido, mas comparativamente com a hipótese que se perfila é a única solução aceitável.
É igualmente indiscutível que a equipa não está a defender bem. David Luiz comete muitos erros tácticos, como aqui se já disse. Sidney também não é Luisão e os laterais que têm jogado estão longe de igualar a competência dos que ainda estão de férias.
Coentrão já regressou e, se ficar, há muitas hipóteses de ele regressar ao lugar de ala esquerdo, já que o Benfica, na sua ausência, não tem quem jogue pelas alas. O que seria mau, já que ele é muito melhor com defesa esquerdo.
A equipa vai marcando golos, vai superando as deficiências defensivas marcando muitos golos, mas, como já se viu, isso não chega. Por outro lado, a sensação com que se fica é a de que há uma certa desarrumação na equipa, a ponto de se ficar com a impressão de que nem todos sabem qual é o seu papel, contrariamente ao que acontecia o ano passado em que nada parecia acontecer por acaso.
O melhor que Jesus tem a fazer é deixar-se de respostas arrogantes e impertinentes sobre o guarda-redes e tratar de distribuir os papéis de modo a que um possa fazer a melhor interpretação possível da função que lhe cabe. E arranjar quem jogue pelas bandas, porque mesmo depois do regresso a tempo inteiro de Coentrão e de Maxi Pereira - e supondo que ambos jogarão nos lugares em que jogaram o ano passado - não se lhes pode pedir que eles desempenhem sozinhos aquela função e que, além disso, ainda defendam.
Ainda há muitas nuvens por dissipar sobre o Estádio da Luz…

sábado, 24 de julho de 2010

ESTÁ NA HORA DE DESPEDIR QUEIROZ

SEM INDEMNIZAÇÃO

Pelas notícias que vieram a público, com base num inquérito já realizado pelo Instituto do Desporto de Portugal, Queiroz ter-se-ia comportado incorrectamente para com os médicos da autoridade antidopagem, durante o estágio da selecção na Covilhã. O Governo confirma a gravidade dos factos imputados.
Queiroz, com a sua habitual arrogância e má educação, ter-se-á insurgido contra esta “intromissão” das autoridades antidopagem no estágio da selecção. É caso para dizer que o pessoal do Instituto até andou com alguma sorte, pois em “circunstâncias normais” poderia ter-lhe acontecido o mesmo que já aconteceu a outros que criticaram as opções técnicas de Queiroz.
Com base nos factos já apurados, a FPF tem matéria mais do que suficiente para instaurar um processo disciplinar a Queiroz e, com base na prova nele obtida, despedi-lo com justa causa.
É preferível operar por esta via, caída do céu, do que colocar-lhe um verdadeiro treinador na equipa técnica, nomeação que Queiroz iria boicotar e que seria, na prática, uma verdadeira fonte de conflitos.
Tudo está em saber, como sempre acontece em Portugal, qual o nível de compadrio e de “cumplicidades” entre o pessoal da Federação e Queiroz, para se poder avaliar até que ponto podem ser tiradas as consequências adequadas do comportamento do seleccionador.
É caso para perguntar o que pensa o Sr. Lobo deste comportamento de Queiroz, ele que tão escandalizado se mostrou e até “envergonhado”, como português, quando Scolari, em defesa de um jogador português e reagindo a uma provocação de sérvio Dragutinovic, tentou afastá-lo com o punho.
O actual caso é muito mais grave porque se trata de um seleccionador que se insurge contra o controlo antidopagem, algo que, por exemplo, na Volta a França estaria sujeito a sanções severíssimas e poderia, inclusive, integrar um tipo legal de crime. Mas é óbvio que o Sr. Lobo vai encontrar uma justificação para o comportamento de Queiroz, um comportamento que, quem sabe, “como português”, o orgulha ou, pelo menos, o não ednvergonha!

BENFICA: QUANTOS FICAM?

QUE HIPÓTESES COM OUTRO PLANTEL?

Depois da transferência de Di Maria, têm-se multiplicado nos jornais as notícias sobre outras inevitáveis saídas no plantel benfiquista. As notícias visam fundamentalmente Ramires, David Luiz e Fábio Coentrão. Não é muito provável que saiam os três, mas somente quando o mercado fechar, no fim de Agosto, se saberá, com segurança, quem partiu e quem ficou.
O assédio aos jogadores mais influentes não se faz apenas por via das verbas a pagar ao clube com os quais eles têm contrato, mas principalmente pelos ordenados milionários com que lhes acenam os clubes que os pretendem. Postos perante este cenário, os clubes com menos recursos têm escassas possibilidades de resistir. É que não é fácil manter no plantel um jogador a quem ofereceram um ordenado várias vezes superior ao que está auferindo no clube a que está vinculado.
Isto para dizer, que o vínculo contratual e o montante da cláusula de rescisão não são determinantes para manter no plantel um jogador que queira partir, embora também daqui se não possa concluir que nada valem. Não é isso o que se pretende dizer. O vínculo e as cláusulas contratuais condicionam, mas não são determinantes.
O mais provável perante uma forte insistência, acompanhada de uma proposta razoável, segundo os critérios do mercado, é que o jogador acabe por ser transferido por um preço inferior ao estabelecido na cláusula de rescisão que blinda o contrato.
É esse o risco que o Benfica corre. Apesar do muito dinheiro que aquelas transferências lhe possam proporcionar, fica a incógnita das suas consequências no plano desportivo. É que não é fácil substituir em poucas semanas jogadores daquele gabarito. Um plantel pode não ser constituído por jogadores de luxo, como era o da época passada no Benfica, mas tem de ser um plantel equilibrado e bem estruturado.
E a questão que se coloca é a seguinte: se Di Maria já não é substituível de imediato, Ramires e Fábio Coentrão sê-lo-ão ainda menos. Não há no plantel do Benfica quem esteja à altura de os substituir na função, mesmo que com menos brilho. Já o caso de David Luiz é diferente. O jovem defesa-central é um magnífico jogador, mas é muito indisciplinado tacticamente e até se pode levantar a dúvida sobre se alguma vez ele poderá ser o patrão de uma defesa. Se pode ser ele a comandar a manobra defensiva da equipa ou se, para brilhar, terá de ter sempre alguém que seja capaz de fazer aquele serviço. E, é claro, que um jogador com estas características, por muito bom que seja – e David Luiz é-o sem dúvida – é sempre mais facilmente substituível.
Resta saber se com a saída de quatro jogadores fundamentais Jorge Jesus está em condições de continuar a garantir a qualidade (possível) e a competitividade (máxima).
É bom lembrar que Mourinho no Porto venceu com uma equipa que ele construiu com poucos recursos e feita de “retalhos” apanhados nas sobras do Benfica, da União de Leiria e mais alguns. É óbvio que há uma diferença: a equipa de Mourinho, no Porto, foi construída por ele; a equipa de Jorge Jesus, no segunda ano de Benfica, a confirmarem-se as transferências, será uma equipa “desconstruída”. A verdade é que nunca, no Porto, Mourinho teve um plantel com o valor individual do plantel do Benfica do ano passado. É altura, portanto, de Jesus, com outros recursos, confirmar o seu valor.

sexta-feira, 23 de julho de 2010

DUELO NOS PIRINÉUS



ANDY SCHLECK ESTEVE VALENTE, MAS NÃO CHEGOU

Mais um grande espectáculo na Volta à França, durante a subida do Tourmalet, em que se assistiu a um extraordinário duelo entre jovem luxemburguês, Andy Schleck, e o camisola amarela, Contador, que até contou com a presença do Presidente da República de França, grande amante da modalidade.
Schleck tudo tentou para se distanciar de Contador. Atacou forte durante a subida do Tourmalet, ainda muito longe da meta, mas Contador seguiu-o. Mudou de ritmo várias vezes. Conduziu a escalada sempre na frente. Tentou, por várias vezes, que o seu principal adversário o olhasse nos olhos, mas a tudo Contador resistiu.
Na chegada à meta os dois corredores iam praticamente a par, e Contador, certamente para “compensar” a sua atitude na subida de Port De Balés, não se fez ao sprint, deixando que Schleck ganhasse a etapa.
Certamente que tudo teria sido diferente se o luxemburguês não tivesse perdido o primeiro lugar nas condições em que o perdeu. Nesse caso, teria de ser Contador a atacar e Schleck estaria muito mais à vontade, inclusive para contra-atacar na hora própria. Mas como a história não tem “ses” e a corrida também é feita das suas contingências, Schleck, não obstante o seu valor, a sua força e o excelente momento de forma que atravessa, deve, salvo imponderável, ter dito hoje adeus à Volta à França, já que, no contra-relógio, as chances de superar Contador são praticamente nulas.
No fim da etapa Sarkozy confraternizou longamente, com muito entusiasmo, com os dois grandes do dia e também com Lance Armstrong que se entretanto se juntou ao grupo.

segunda-feira, 19 de julho de 2010

CONTADOR: UM MAU EXEMPLO


ANDY SCHLECK – FORÇA, A VITÓRIA ESTÁ AO TEU ALCANCE!


Hoje um post sobre ciclismo.
Não se pode dizer que tenha sido um grande dia para o desporto espanhol. Na última contagem (Port de Balés) do prémio da montanha da etapa de hoje, entre Pamiers e Bagnéres de Luchon, Andy Schleck, o jovem camisola amarela, lançou um vigoroso ataque para se distanciar do segundo classificado, Alberto Contador.
No momento em que o ataque se desenvolvia com toda a intensidade, Schleck teve um acidente mecânico, a corrente saltou, e Contador aproveitou-se da paragem forçada do jovem luxemburguês para se distanciar juntamente com um grupo de corredores.
Schleck, sozinho, respondeu com toda a coragem para preservar a magra vantagem, 31 s, que o separava do segundo classificado. Como a meta estava muito próxima, o jovem Schleck não logrou alcançar os fugitivos e perdeu a camisola amarela por 8 segundos.
O gesto de Contador fica com quem o praticou! O pelotão saberá valia-lo. Não é um gesto único. Já por mais de uma vez se viu quem tenha feito o mesmo. Mas felizmente há muitos outros exemplos de sentido contrário no ciclismo e na própria Volta à França. Interrogado o final da corrida sobre o seu comportamento, Contador mentiu, quando afirmou que não se apercebeu do que se passou e que só mais tarde soube o que tinha acontecido. Mentira!
Schleck ainda tem chances…mas não tem equipa. Está sozinho…

domingo, 18 de julho de 2010

O BENFICA TEM UM PROBLEMA GRAVE


E QUANTO MAIS TARDE O RECONHECER, PIOR

O Benfica tem um grave problema que não pode por mais tempo ser iludido. Cada bola que vai à baliza entra! Em quatro jogos sofreu nove golos! É verdade que a defesa ainda não é a do ano passado, mas isso não é desculpa. Várias foram as vezes que o ano passado jogou na defesa com jogadores diferentes dos titulares e não sofreu golos.
O problema está no guarda-redes. E não é um problema pequeno. É um grandíssimo problema. Roberto não tem margem de progressão. É aquilo que mostra que é. Aliás, se há um lugar onde não margem para esperar por progressões quando a base de que se parte é fraca, é o lugar de guarda-redes.
Jesus não pode continuar a tapar o sol com a peneira ou a ficar à espera de que aconteça algum milagre. Não vai acontecer. Roberto não posiciona correctamente em função das jogadas, sai mal nos cruzamentos, é incapaz de sair com êxito nas bolas por alto e dá "frangos” atrás de “frangos”.
A equipa não tem confiança nele, nem sequer lhe passa a bola, tal é o medo que uma qualquer jogada nas suas proximidades dê golo.
Jesus não pode continuar a desculpar-se e a desculpá-lo com a bola, porque os golos que sofreu ontem e hoje não têm nada a ver com a bola.
Não há nenhuma equipa, por melhor que seja, que resista a uma média de dois, três golos sofridos na sua baliza. Menos ainda quando a maior parte deles é da responsabilidade do guarda-redes.
De imediato, só há uma solução: é pô-lo no banco. E depois tentar contratar outro, por alguém que saiba escolher. Pois está visto que Jesus não sabe.
Quim era um guarda-redes médio. Podia não dar pontos (às vezes até dava), mas nunca tirava pontos. Jesus foi buscar este, porque queria um guarda-redes que desse pontos. Acontece que este tira pontos e não serão poucos, se o deixarem continuar.
O preço que ele custou (incrível!) não pode ser desculpa para o manter na baliza, porque a sua presença nas redes do Benfica rapidamente triplica ou quadruplica aquele prejuízo. Alguém imaginou aquele guarda-redes a jogar na Liga dos Campeões?
Quanto ao resto, Kardec confirma-se como o grande reforço da equipa. Será bom negócio deixar ir o Cardozo por um preço aceitável. Já!

QUE BENFICA, EM 2010-2011?



PIOR

Ainda é cedo para tirar conclusões definitivas, há meia dúzia de jogadores que ainda não regressaram, mas tudo aponta no sentido de esta equipa não ser capaz de repetir o feito da do ano passado.
O treinador é o mesmo, mas ainda se não sabe com que jogadores vai contar. O que já se sabe é que, há um ano, a equipa que então iniciava a preparação não tinha comparação com esta. Não só na atitude, mas também no próprio modelo de jogo.
O Benfica perdeu Di Maria e seguramente não vai encontrar quem o substitua na próxima época, por mais prometedoras que sejam (se forem) as novas aquisições. Di Maria, quando chegou, também não substituiu Simão. E pode até acontecer, supondo que Coentrão fica, que não apenas se perca Di Maria, mas também o próprio Coentrão...no lugar que o notabilizou.
Depois há outra incógnita chamada Ramires. Se Ramires também for embora, então a situação piora gravemente. Ramires é hoje um jogador tão importante que nem sequer é ousado supor que no recente campeonato do mundo tudo poderia ter sido diferente se Ramires não estivesse a cumprir castigo no jogo do Brasil contra a Holanda.
David Luís, que não se sabe se fica, não parece estar com a cabeça na equipa. A sua “incultura táctica” aumenta a olhos vistos de jogo para jogo.
A única revelação do Benfica parece ser Kardec, o único cuja permanência na equipa poderia suprir com proveito a hipotética ausência de Cardozo. Se fizesse um bom negócio, o Benfica não ficaria nada a perder com a saída de Cardozo.
Finalmente, o guarda-redes, que parece ser um grande “barrete”. Em quatro jogos da pré-época já sofreu cerca de um terço dos golos sofridos por Quim, a época passada, durante todo o campeonato.
Já se percebeu que guarda-redes não é o forte de Jesus. O ano passado foi buscar ao Belenenses Júlio César, e apesar de ter tido a pretensão de o colocar como titular, acabou por ter o bom senso de o pôr a jogar apenas na Liga Europa, onde deu algumas pequenas “barracas” e uma grande, em Liverpool.
Este rapaz que veio de Espanha, como se verá, não serve e é inadmissível que o Benfica tenha gasto na sua contratação quase o dobro do que custou Eduardo ao Génova. Ninguém percebe isto. Como ninguém aceita nem percebe que Jorge Jesus tenha despedido Quim em directo num programa televisivo, dominado pelo anti-benfiquismo primário, e muito próximo de um programa para atrasados mentais.
O Presidente do Benfica não deveria ter admitido aquela atitude de Jesus e deveria pura e simplesmente tê-lo desautorizado, sem dramatismo. Quim, duas vezes campeão e titular durante vários anos da baliza do Benfica, merecia outro respeito.
É preciso que se saiba que quem dispensa e quem compra jogadores no Benfica é a direcção, certamente sob proposta do treinador e do director desportivo. Mas a última palavra é sempre do clube, tendo o treinador que se sujeitar a ela.
Veremos o que se vai passar durante época, mas não seria certamente um bom sinal se situações destas ou parecidas se repetirem.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

FEDERAÇÃO RECONHECE LIMITAÇÕES DE QUEIROZ




…E PARECE ESPERAR QUE QUEIROZ TAMBÉM AS RECONHEÇA

A situação económico-financeira da Federação, que tem como causa próxima o desempenho de Queiroz à frente da selecção nacional, não lhe permite tomar as decisões que se impunham, sem que com esta constatação se pretenda desculpar a Federação, por uma situação que ela própria criou.
É no quadro deste condicionalismo que tem de se entender a breve comunicação ontem feita depois de uma longa reunião de direcção.
Quando se afirma que se justifica a introdução de alterações na equipa técnica e logo a seguir se esclarece que tais alterações serão tratadas em próxima reunião com o seleccionador, pretende-se dizer antes de mais nada que há problemas na equipa técnica que a Federação quer resolver. Portanto, problemas que o seleccionador não equacionou, mas que a Federação reconhece existirem (na esteira, aliás, da generalidade dos portugueses).
E, em segundo lugar, diz-se o óbvio, ou seja, que tais alterações serão tratadas com o seleccionador muito brevemente. O que já não é tão óbvio, sem contudo deixar de constituir uma esperança, é que o seleccionador se demita por lhe estar a ser imposta uma alteração para a qual não foi chamado a decidir.
Aqui é que a Federação muito provavelmente se engana, pois tudo aponta no sentido de Queiroz se não demitir.
Demita-se ou não, Queiroz ficará ainda mais fragilizado e sem grandes possibilidades práticas de levar a bom termo a qualificação para o Euro 2012.

terça-feira, 13 de julho de 2010

QUEIROZ, QUE FUTURO?


NÃO TEM CONDIÇÕES PARA FICAR

Enquanto a RTP N se esforça por demonstrar que Queiroz, apesar das asneiras, deve ficar, dando assim corpo a uma campanha que tem a su origem nos já conhecidos poderes fácticos do futebol português, outros comentadores de outras estações televisivas menos sujeitas à tirania informativa daqueles poderes vão fazendo o que está ao seu alcance para demonstrar que Queiroz não serve. No meio de tudo isto, patético e ridículo, Rui Santos, enquanto intriga contra meio mundo, vai igualmente fazendo a defesa de Queiroz com argumentos indefensáveis. Não se percebeu ainda se esta defesa de Queiroz apenas serve para justificar os ataques soezes que fez a Scolari ou se, pura e simplesmente, porque tem medo dos argumentos que Queiroz costuma utilizar para tentar calar os seus críticos mais contundentes.
Os argumentos usados para defender a continuidade de Queiroz são ridículos. Falam em “projecto”, em “formação”, em “estruturas do futebol” e outras coisas do género para justificar a sua permanência no lugar. A verdade é que, por mais importante que sejam algumas daquelas coisas – e são – não cabe ao seleccionador tratar delas. Se a Federação quer disponibilizar avultadas verbas para que os clubes com escola façam formação e se quer regular essa sua intervenção, então que contrate alguém para o efeito. Alguém que até poderia ser Queiroz, se é verdade que sabe tanto quanto se apregoa de formação e organização do futebol. Ele pode calmamente fazer o seu trabalho e logo se verá daqui a dez ou quinze anos se deu os frutos esperados.
É duvidoso, de resto, para não dizer que é falso, que Queiroz se tenha minimamente preocupado com aquelas questões durante o tempo em que exerceu as funções de seleccionador. Em primeiro lugar, na preparação da campanha para a África do Sul, Queiroz obrigou a Federação a gastar cerca de quatro milhões de euros, para nada, quando parte de tal dinheiro poderia ser utilizada, se ele tivesse as tais preocupações que dizem ter, na formação dos clubes. Depois, ele próprio ficou com uma maquia muitíssimo importante do dinheiro que a Federação tinha ganho e ganhou, já que está sendo pago principescamente. Finalmente, é muito duvidoso que um seleccionador que convoca para a selecção jogadores brasileiros, naturalizados para o efeito, com 32 anos, esteja minimamente preocupado com a formação.
Queiroz deve sair e muito rapidamente. Como se verá, caso fique, não terá condições para continuar. Vai ter que jogar à porta fechada para se proteger do público, que manifestamente não o quer.
Os “senhores do futebol”, apoiados pelos que lhes amplificam as pretensões, tudo vão fazer para Queiroz continuar. Nessa luta vão ser apoiados, como já estão sendo, por aqueles que desistiram de ter autonomia e já se disponibilizaram para transformar o seu clube numa simples sucursal de interesses alheios. Pode até acontecer que aguentem Queiroz, mas resultado está antecipadamente conhecido: é o futebol português que perde. O que aos “senhores do futebol” pouco lhes interessa, se eles ficarem a ganhar.

segunda-feira, 12 de julho de 2010

AS ESCOLHAS DO MUNDIAL



OS MELHORES E AS DECEPÇÕES

Nada a dizer relativamente às escolhas de que já se tem conhecimento. Forlán, o melhor jogador. Casillas, o melhor guarda-redes. Müller, o mais goleador. Müller, ainda, a revelação jovem.
Tudo certo. Mais difícil é escolher a equipa do Mundial, embora a escolha do melhor onze tenda a recair sobre os jogadores das equipas que fizeram mais jogos. De qualquer modo, essa é tarefa de treinador. A nós cabe-nos apenas dizer os jogadores que mais se destacaram durante o Mundial. Nesta perspectiva, a nossa escolha é a seguinte:
Casillas e Eduardo; Sérgio Ramos, Maicon, Puyol, Juan, Lahm e Fábio Coentrão; Schweinsteiger, Von Bommel, Özil, Sneijder e Xavi; Robben, Forlan, Müller e Villa.
A equipa sensação foi o Uruguai. Depois a Alemanha e a Holanda: A Espanha confirmou o favoritismo com que partiu e, por ter perdido o primeiro jogo, foi obrigado a jogar todos os restantes da mesma forma que jogou o último, ou seja, como uma final.
As grandes decepções do Mundial, no plano colectivo, foram os finalistas de 2006, França e Itália. Depois a Inglaterra. A seguir a Argentina e o Brasil.
Do ponto de vista individual, Cristiano Ronaldo só foi decepção para quem desconhece as suas habituais prestações na selecção portuguesa. Tendo, porém, em conta a fama de que goza, foi uma desilusão. A seguir, Rooney e Eto’o, este mais do que aquele. Depois Kaká, mais pela instabilidade emocional do que pelo jogo jogado, e Torres, uma sombra do jogador que conhecemos. Messi por a sua equipa ter sido eliminada (com o grande Maradona, a Argentina foi duas vezes à final e ganhou uma).
Ao contrário do que alguns dizem, o Mundial jogou-se a um nível muito elevado. Três características foram comuns às equipas que chegaram mais longe: rigor táctico; espírito de equipa e ambição. Certamente que interessa ter bons intérpretes, mas não basta tê-los para ganhar. Se faltar algumas das três características apontadas, a equipa com os melhores intérpretes será eliminada, como se viu.
Vai ser difícil regressar às tricas mesquinhas do futebol pátrio depois destes sessenta e quatro jogos…

ACABOU! A ESPANHA GANHOU!



HOLANDA RESISTIU ENQUANTO PÔDE

A Espanha ganhou o Mundial 2010. E não há muito a dizer sobre a sua vitória quando todas as análises que antecederam o Grande Jogo apenas versavam sobre como poderia a Holanda neutralizar o jogo da Espanha. Quando a questão se põe nestes termos, isso significa que há uma evidente superioridade de uma equipa sobre a outra. Já que não se trata de saber como vencê-la, mas como impedir o adversário de ganhar.
E a Holanda esteve perto de o conseguir. Esteve a dois minutos de impedir que no jogo jogado a Espanha ganhasse. Para chegar onde chegou, a Holanda fez aquilo que se previa: pressionou alto a Espanha, através dos seus jogadores atleticamente mais poderosos, foi distribuindo alguns pontapés no corpo dos adversários e na bola, esperando que num lançamento longo, bem sucedido, um dos seus dois grandes artistas resolvesse o assunto. E isto também esteve para acontecer por duas vezes. Mas não aconteceu. Casillas não deixou.
Quando a resistência holandesa já tinha chegado aos limites – de facto Robben e Van Persie estavam completamente esgotados -, a Espanha ganhou com um golo de Iniesta.
Não foi muito inteligente substituir De Jong por Van der Vaart como se viu imediatamente e, mais tarde, no golo sofrido, já que é sua a incorrecta posição em campo que coloca em jogo Iniesta. Deveria ter saído Van der Persie. Por que não saiu, só o treinador holandês o saberá, embora para o espectador fique a suspeita de que a reacção pouco cordial do jogador na última vez que foi substituído tenha estado na origem do erro cometido.
De qualquer maneira a Espanha jogou mais e foi a melhor durante o torneio. O seu futebol não assenta apenas na excelente circulação de bola, mas também numa muito eficaz capacidade de a recuperar. O ponto negativo da Espanha, eventualmente relacionável com o seu modelo de jogo, é a sua fraca capacidade concretizadora. Marcou oito golos em sete jogos. Todos os jogos posteriores à fase de grupos foram ganhos apenas por 1-0.

domingo, 11 de julho de 2010

ALEMANHA EM TERCEIRO LUGAR


URUGUAI NÃO RESISTIU A MUSLERA

O Uruguai não conseguiu levar de vencida o seu adversário de ontem, apesar da excelente exibição que fez em campo e de a Alemanha ter alinhado manifestamente desfalcada.
Não se percebe bem se Alemanha alinhou sem Lahm, Podolski e Klose por lesão ou doença destes jogadores ou se o fez por castigo. A verdade é que a Alemanha, sem a presença dos seus habituais titulares, não mostrou ser a equipa que noutras ocasiões se exibiu.
O Uruguai, jogando muito mais ligado e fazendo alinhar todas as suas vedetas, esteve melhor na maior parte do jogo. Todavia, não resistiu, nem qualquer outra equipa resistiria, à tarde desastrada do seu guarda-redes, Muslera. O primeiro golo da Alemanha resulta de uma defesa para a frente da baliza, numa bola chutada de muito longe e o segundo de uma saída em falso num cruzamento que Jansen aproveitou naturalmente.
Apesar dos excelentes golos de Forlán, a equipa não resistiu e acabou por sofrer o terceiro, após a marcação de um canto, numa série de ressaltos. Sabe-se que o Uruguai reage bem nos últimos minutos de jogo, quando está a perder, mas já não demonstra a mesma capacidade de resistência quando esta a ganhar ou empatada. E ontem isso aconteceu mais uma vez.
De qualquer modo, fica desta participação do Uruguai no Mundial da África do Sul uma excelente prestação, a melhor desde há várias décadas, e um conjunto de excelentes exibições individuais com destaque para Forlán, com cinco golos marcados, e porventura o melhor jogador do torneio. Se não for o escolhido, é apenas por o Uruguai ter ficado em quarto lugar.
Da Alemanha fica a certeza de que tem um conjunto de jovens com muitíssimo valor, capazes de discutirem numa próxima oportunidade a supremacia do futebol europeu e mundial. E fica também a certeza, no jogo contra a Espanha, não obstante a errada atitude da equipa, de que Müller fez muita falta e de que a sua presença poderia ter ditado um jogo diferente daquele a que se assistiu.
O ponto mais fraco da Alemanha, não jogando Lahm, é o dos laterais. Quanto ao resto não precisa de se preocupar, esperando-se que daqui até ao próximo Mundial encontre um substituto à altura para Klose, o que também não será fácil.

sábado, 10 de julho de 2010

O PRESIDENTE LULA EM JOANESBURGO




AS LIMITAÇÕES QUE O CARGO IMPÕE

O Presidente do Brasil esteve em Joanesburgo para receber das mãos da FIFA e do Presidente Sul-Africano o testemunho para a realização do Mundial de 2014 e apresentar o emblema do próximo campeonato, que terá lugar no Brasil, como se sabe.
E, mais uma vez, Lula da Silva não resistiu a pronunciar-se, a sério, sobre o actual Mundial, bem como sobre as equipas que vão disputar a final.
Diz o Presidente que a Espanha, nos seis jogos que já fez, ainda não convenceu e que a Holanda joga “aquele futebol” que nada tem a ver com o de 74 da era Cruyff. E teceu ainda uma crítica irónica, mas séria a Dunga, sobre as tão proclamadas virtudes defensivas da selecção brasileira.
Toda a gente conhece a paixão de Lula pelo futebol, pelo seu Corinthians e pela selecção brasileira. A questão que se põe é se ele deve falar a sério sobre essas questões, na qualidade de Presidente do Brasil, e ainda por cima fora do país, tanto mais que ele se exprime com a parcialidade típica do mais apaixonado dos torcedores.
De facto, não se compreende bem que sendo ele o excelente político que todos admiram, ainda não tenha aprendido os dissabores que as suas incursões pelos domínios futebolísticos lhe podem causar. É que os visados pelos seus comentários tendem a responder-lhe não vendo nele o Presidente do Brasil, mas o torcedor vulgar que distorce a realidade. Ninguém nos domínios da sua competência, dentro ou fora do Brasil, se atreveria a responder-lhe, como já lhe responderam Tevez, quando jogava no Corinthians, e se recusou a ir ao Palácio do Planalto no ano em foi campeão, ou Ronaldo, no Campeonato do Mundo de 2006, a propósito da tal questão do peso a mais.
E desta vez arrisca-se que um espanhol qualquer, num jornal ou numa televisão, lhe responda à letra.
Enfim, até os grandes homens têm imperfeições…

sexta-feira, 9 de julho de 2010

O QUE SE PODE ESPERAR DA FINAL




A ESPANHA PARTE EM VANTAGEM

A grande questão que se põe relativamente ao jogo de domingo entre as duas equipas finalistas é saber como pode a Holanda neutralizar a circulação de bola da Espanha, de forma a impedir que o jogo seja apenas jogado de um lado.
A avaliar pelos últimos três jogos, terá de reconhecer-se que é uma tarefa difícil.
A Holanda se não quer ser completamente dominada e sujeitar-se a ficar apenas com as escassas chances que as simples vicissitudes do jogo por vezes permitem tem de fazer pressão alta, diz a maior parte dos entendidos. Só que esta estratégia depara-se logo com uma grande dificuldade. Quem é que na equipa da Holanda tem condições técnicas para fazer esta pressão alta? Van Persie, Robben, Sneijder? Certamente não. Nenhum deles tem capacidade nem disponibilidade física para fazer sequer o que Hugo Almeida fez na selecção portuguesa, enquanto Queiroz o deixou jogar. Dick Kuyt, sim, à semelhança do que já fez contra o Brasil tanto em relação a Maicon como em relação a Daniel Alves. Mas não chega. Em seu auxílio tem de estar permanentemente presente Van Bommel e De Jong. Mas se estes vierem para a primeira linha da pressão, quem fica na segunda?
Tudo problemas muito complicados de resolver pelo treinador holandês. Depois há ainda outra fragilidade da equipa holandesa: a defesa. Com a capacidade de passe e a técnica de circulação de bola de Xavi e de Iniesta não vão faltar na defesa da Holanda situações semelhantes à de Robinho no jogo contra o Brasil.
Em princípio, portanto, a Espanha vencerá e, desta vez, marcará mais do que um golo. Mas há, evidentemente, uma grande curiosidade em saber como vai jogar a Holanda. E como a bola é redonda – e este Mundial tem demonstrado isso mesmo – e a emoção e o estado de alma das equipas também desempenham um importantíssimo papel, ninguém poderá dizer o que vai acontecer se, por exemplo, a Holanda marcar primeiro, numa das tais vicissitudes do jogo em que o futebol é fértil.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

ESPANHA NA FINAL



ALEMANHA DESILUDE

Esperava-se mais da Alemanha. E principalmente de Joachim Löw que parece não ter aprendido nada com os anteriores jogos da Espanha.
Está provado que quem entregar o jogo à Espanha, quem lhe conceder a iniciativa do jogo e defender perto da sua área está condenado à derrota. Mais tarde ou mais cedo o golo aparece. Ou de bola parada ou de bola corrida. Com os jogadores que a Alemanha tem, esperava-se muito mais da sua equipa.
Vistos todos os jogos contra a Espanha, somente o Chile terá jogado de forma tacticamente correcta. Pressionou alto, dificultou a manobra da Espanha e se não tivesse ocorrido aquela expulsão certamente tudo teria sido diferente. Depois, o Paraguai, jogando no seu estilo, também dificultou a Espanha.
Não tendo a Alemanha, como até hoje nenhuma equipa ainda teve, a possibilidade de dividir o jogo com a Espanha em todo o campo, supunha-se que privilegiasse o jogo directo, como fez a Suíça, além do mais por ter outros jogadores para interpretar esse tipo de futebol.
É certo que as arbitragens nunca erram contra a Espanha e já erraram várias vezes a seu favor, como hoje aconteceu ao perdoar um penalty de Sérgio Ramos sobre Özil. De qualquer modo, a Espanha justificou amplamente a vitória, porque foi a equipa que praticou melhor futebol.
Para quem não acredita na imprevisibilidade do futebol e julga que nada no futebol acontece por acaso tem no jogo de hoje mais dois exemplos que demonstram exactamente o contrário: a Alemanha sofrer um golo de canto; segundo, o golo ser marcado de cabeça por um dos mais baixos jogadores em campo. Mas, muitos outros, poderiam ser apontados ao longo do campeonato.
Jogando à Barcelona, a Espanha ganhou. Quem ganha ao Barcelona? Mourinho ganhou, dir-se-á. Sim, com Milito e com Olegário Benquerença. Hoje a Alemanha esteve irreconhecível e não jogou nem à Mourinho, nem à germânica. Depois, faltou Müller, que não explica tudo, mas explica alguma coisa. Enfim, falta de ambição e errada estratégia.
Com a Espanha a jogar assim e a jogarem assim contra ela, a vitória está assegurada.

URUGUAI CAIU DE PÉ




32 ANOS DEPOIS A HOLANDA VOLTA A UMA FINAL

Enquanto a RTP N prossegue o seu programa com o insuportável Costa, o Sr. Lobo, que ainda não percebeu o que é o futebol, o tal outro que levou oito na Luz e confiava na França como grande favorito, nada melhor do que falar um pouco desse grande jogo que o Uruguai realizou hoje na Cidade do Cabo contra a Holanda.
Sem três dos seus principais titulares, um deles muito importante, o Uruguai demorou algum tempo a ligar o seu jogo, tendo-o conseguido por volta da meia hora quando Forlan, em mais um extraordinário golo, empatou o jogo.
No segundo tempo, o Uruguai impôs a pressão alta, recuperou muitas bolas e estava manifestamente por cima quando a Holanda, por intermédio de Sneijder, marcou o segundo, num lance que deixa muitas dúvidas. Com efeito, há um jogador holandês em fora de jogo, que retira a visibilidade ao guarda-redes e que inclusive faz uma simulação à passagem da bola, bola essa que já tinha ressaltado num jogador uruguaio.
Por muitas tácticas e teorias que os comentadores apresentem, a verdade é que um golo num jogo como este – que define a passagem à final – acaba por constituir um rude golpe na equipa que o sofre, deixando-a normalmente sem capacidade de reacção durante algum tempo.
Foi o que aconteceu, agravado pelo facto de o Uruguai estar a jogar mais, desde o início da segunda parte. Daí até sofrer o terceiro, numa boa jogada finalizada de cabeça por Robben, passou pouco tempo e tudo parecia decidido a favor da Holanda.
Entretanto, Forlan, esgotado e já a errar passes foi substituído, Álvaro Pereira, que retira qualidade à equipa, também e o Uruguai logrou ainda marcar o segundo, por Maxi, em cima do minuto noventa. Daí até ao fim foi um sufoco para a Holanda, que, não obstante a pressão, conseguiu aguentar o resultado.
Tem que se dar os parabéns a Tabarez, um grande treinador, que, com uma única vedeta (Forlan), construiu uma grande equipa.
A equipa da Holanda, apesar dos excelentes resultados feitos na fase e qualificação, apesar de somar por vitórias todos os jogos disputados neste Mundial, não tem uma equipa que convença toda a gente. Tem grandes individualidades, que têm sido decisivas – Sneijder e Robben -, mas está longe de entusiasmar como entusiasma a Alemanha.
Amanhã se saberá se a Alemanha é mais uma daquelas equipas que encanta e perde o título (como noutros mundiais tem acontecido) ou se é uma equipa que vai conseguir a final. Se vier a ser o caso, se verá então o que realmente vale a Holanda.
Para evitar dúvidas: está fora de questão que a Holanda não seja uma grande equipa. O que se duvida é que seja a melhor.
Uma nota final: é estranho que Van Bommel faça tantas faltas durante os jogos e nunca seja punido. Somente hoje, já no fim do jogo, e ao que parece por incorrecção terá sido admoestado.
Holanda 3 - Uruguai 2

segunda-feira, 5 de julho de 2010

JOÃO MOUTINHO NO FCP




AS EXPLICAÇÕES DO SPORTING

A transferência de João Moutinho para o FCP, em princípio, clube rival do Sporting, causou uma enorme consternação nas hostes sportinguistas. Não tanto a transferência em si, há muito esperada, mas antes por ela ter tido como destino um clube português.
O presidente e o director desportivo do Sporting numa sessão pública de psicanálise clubística já vieram justificar-se, imputando todas as responsabilidades à personalidade perversa do jogador.
O jogador não queria continuar no Sporting, criava dificuldades e problemas de toda a ordem, por isso impunha-se vendê-lo tanto mais que ele não já deixara de ser digno de fazer a defesa dos “valores sportinguistas”. Só que, dizem os responsáveis do Sporting, não havia quem quisesse comprá-lo. Perante este quadro, na ausência de uma proposta estrangeira, e considerando-se inalcançável o montante da cláusula de rescisão, o honrado presidente do FCP abeirou-se do Sporting e frontalmente deu-lhe conhecimento do seu interesse na aquisição do jogador, mas apenas – e isto que fique bem claro – se o Sporting quisesse vender.
Neste contexto, o Sporting não tinha alternativa: ou desvalorizava completamente um activo até 2014 (data do termo do contrato) ou aceitava a proposta do FCP. Aceitou…para bem do clube.
Não há dúvida que no futebol português um azar vem sempre acompanhado. João Moutinho não foi convocado para a selecção nem mesmo depois de Nani ter abandonado o estágio, facto que causou incompreensão generalizada tanto mais que se tratava de um jogador presente em toda a fase de qualificação e mesmo no Euro 2008. Teria contra si certamente o facto de não ter feito uma época muito conseguida, mas isso além de também ter sido irrelevante para a fase de qualificação, poderia igualmente sê-lo para a fase final uma vez que ele era um “jogador de selecção”. E um “jogador de selecção” é sempre convocado qualquer que seja o seu momento de forma ou a época que tenha feito (Klose, Podolski, etc.). Mas não foi. Primeiro enigma!
Sabe-se que no futebol português o seleccionador não é criticado ou apoiado por certos protagonistas em função dos seus defeitos ou dos seus méritos como treinador, mas antes de certas outras qualidades ou da ausência delas. Por exemplo, Scolari foi atacadíssimo mesmo quando ganhava ou alcançava resultados antes impensáveis. Os ataques não eram dirigidos à sua prestação técnica, mas à sua insubmissão a certos poderes fácticos. Era atacado por ser independente. Outros são apoiados, apesar de só fazerem asneiras.
Portanto, a não convocatória de João Moutinho para a selecção dificultou a sua transferência para o estrangeiro e facilitou a sua transferência para o mercado nacional, onde as suas capacidades como atleta eram bem conhecidas. Minada depois a vontade do futebolista, com elogios e qualificações muito a propósito, estavam reunidas as condições para que ele ficasse cá.
Não se percebe, por isso, muito bem o ataque violento desferido contra o jogador pelos responsáveis do Sporting. No fundo, eles são os responsáveis pelo que aconteceu. Não apenas porque não foram capazes de criar para o jogador um contexto negocial diferente, mas também porque a relativa subalternidade em que se têm colocado relativamente ao FCP facilitou este desfecho e nem sequer lhes permite perceber com clareza a complexa teia urdida à volta de João Moutinho.
A subalternidade relativamente ao FCP não é apenas da responsabilidade dos dirigentes máximos do Sporting mas de todos aqueles que em nome do clube se exprimem publicamente nos jornais, na televisão e na rádio, com comentários sempre muito coincidentes com a estratégia do FCP.
Tudo bem…quando acaba bem!

domingo, 4 de julho de 2010

PARAGUAI RESISTIU...MAS ESPANHA PASSOU


CARDOZO FALHA PENALTY

Para começar é preciso dar os parabéns à equipa do Paraguai que realizou contra a Espanha uma partida bem mais conseguida do que a equipa portuguesa.
A Espanha nunca logrou organizar o seu jogo, a circulação de bola que foi tentando fazer, e que a espaços fez, nunca foi muito eficaz, nem jamais atingiu a perfeição de outros jogos. Tudo por mérito do Paraguai que fez uma pressão bem mais alta e nunca permitiu que a Espanha se tivesse acercado da sua baliza verdadeiramente com perigo.
No fim do primeiro tempo, o Paraguai marcou um golo legal que o árbitro invalidou por indicação errada do seu fiscal de linha. Inaceitável, mais uma vez!
O Paraguai regressou na segunda parte moralizado e disposto a discutir o resultado até ao fim. Naquele que poderia ter sido o momento decisivo do encontro – e que de certa maneira foi, pela negativa – o árbitro assinalou, bem, uma grande penalidade contra a Espanha por agarrão de Piqué a Cardozo na marcação de um canto. Cardozo, encarregado da marcação, falhou!
Aqui há um lado da questão que é difícil de compreender. Como é que as pessoas do futebol, melhor dizendo, os responsáveis pela equipa do Paraguai não sabem que este ano, no Benfica, Cardozo falhou todos os penalties sempre que o resultado estava empatado ou lhe era desfavorável. Quanto mais decisivo o penalty era mais ele falhava. Falhou quatro! Pelo contrário, converteu sempre que o Benfica estava em vantagem.
Defendida a grande penalidade, Casillas repôs imediatamente a bola em jogo, foi aos pés de Villa, que, isolado na área do Paraguai, foi estorvado por um defesa e caiu. O árbitro marcou, e bem, novo penalty, agora a favor dos espanhóis. Xabi Alonso marca, mas o árbitro invalida por os jogadores espanhóis (Fabregas) terem entrado na área antes de a bola partir. Na repetição, Justo Villar defende para a frente, um jogador espanhol prepara-se para a recarga e o guarda-redes derruba-o (o árbitro não marca nada); um segundo espanhol remata, mas quase sobre a linha de golo um jogador do Uruguai salva a sua equipa.
Perto do fim, uma grande jogada de Iniesta dá a vitória à Espanha com golo de Villa, apesar de quase no fim do jogo Roque Santa Cruz, uma espécie de Nuno Gomes, ter tido o empate nos pés e falhado, possibilitando a Casillas redimir-se do erro que antes tinha cometido.
A Espanha não impressionou, sem prejuízo de contar com grandes jogadores e de jogadores em grande forma, como Villa. Mas o Paraguai demonstrou que se pode jogar contra a Espanha no campo todo e disputar-lhe o jogo, palmo a palmo. Esteve a um passo de ganhar o jogo. Por mais de uma vez. E este é mais um argumento – mas seria preciso? – contra os que continuam a defender Queiroz e a sua estratégia, como alguns tontos da RTP N.
Aliás, nesta estação disse-se hoje, no programa sobre o Mundial, que a equipa da Alemanha, apesar de lhe faltar o melhor jogador, Balack…etc. É preciso ser muito ignorante e não perceber realmente nada de futebol para não compreender que nesta equipa alemã Balack seria um verdadeiro estorvo, como aliás já o vem sendo há alguns anos. Uma espécie de Deco
Concluindo: o Paraguai foi eliminado com muita pena nossa, não apenas por termos ficado privados da “prenda” que a Larissa Riquelme nos tinha prometido… Mesmo assim a nossa homenagem.
Espanha 1 - Paraguai 0

sábado, 3 de julho de 2010

ALEMANHA: GRANDE VITÓRIA DO FUTEBOL ANTI-VEDETA



UM FUTEBOL MAGNÍFICO

Hoje acabou definitivamente em Green Point Stadium da Cidade do Cabo o futebol dos “galácticos”, estejam eles no RM, no Barcelona ou em qualquer outra equipa. O futebol espectáculo anti-vedeta deu hoje uma lição que vai marcar uma época.
A equipa da Alemanha é o futebol. Dotada de grandes atletas, excelentes executantes, portadores de um sentido colectivo como somente se encontra na mentalidade germânica, a Alemanha com a sua dinâmica colectiva destroçou a Argentina. Messi, Di Maria, Higuain, Tevez, enfim todos aqueles que são pagos a peso de ouro no futebol europeu ficaram reduzidos a farrapos aos pés de Müller, de Özil, do veterano Klose, de Lahm, enfim de uma equipa comandada por esse extraordinário Schweinsteiger, que marcou, jogou e fez jogar, sempre com espírito de equipa e nunca buscando o relevo individual.
Um grande exemplo para quem queira compreender o que é o futebol hoje. Ainda nem sequer tive tempo de ouvir esses nossos comentadores da RTP N, mas, pelo que se tem visto, ainda não será desta que vão aprender alguma coisa.
Bom, como sempre, Pedro Henriques na Sport TV. Sabe falar, percebe muito bem o que se está a passar “lá dentro” e deixa ver o jogo. Uma raridade.
Fico com pena, como muita outra gente, por Maradona. Mas estou certo que ele, como amante de futebol, vai saber aplaudir a equipa alemã e aprender com ela.
E, para terminar, uma palavra para Joachim Löw, o grande obreiro desta selecção. Desta vez, a Espanha, se ganhar ao Paraguai, vai ”pagar” a vitória de Viena.
Melhor jogador em campo ( Man of the match): a Mannschaft!
Argentina 0 - Alemanha 4

URUGUAI GANHA NUM JOGO DRAMÁTICO





O GANA FICA FORA NOS PENALTIES

Até agora o jogo mais dramático do Mundial. Uns segundos antes de terminar o prolongamento, Fucile faz uma falta desnecessária, sobre a lateral direita do ataque do Gana, relativamente perto da área. A bola é cobrada para a frente da baliza, os ressaltos do costume, um remate forte, Suarez defende com as pernas sobre a linha de golo, recarga e o mesmo Suarez com as mãos evita o golo. O árbitro expulsa Suarez e marca grande penalidade. A. Gyan, o grande especialista e melhor marcador do Gana, corre para a bola, marca potente, a bola esbarra na trave e ressalta para fora. O jogo acabou ali.
Seguem-se os penalties. O Uruguai marca por Forlan. O Gana responde por intermédio de Gyan que converte. Vitorino marca pelo Uruguai. Appiah de novo pelo Gana. Scotti volta a marcar pelo Uruguai. Muslera defende o remate de Mensah e põe o Uruguai em vantagem. Maxi Pereira atira para as nuvens e deixa tudo na mesma. Muslera defende novamente agora a remate de Adiyiah. “Loco” Abreu, num acesso de loucura e ousadia, marca à Panenka e dá a vitória ao Uruguai.
O Gana sai desolado e Suarez é o novo herói do Uruguai. Sem a sua instintiva defesa com as mãos, o Uruguai estaria agora a preparar as malas para partir amanhã rumo a Montevideu.
Não interessa saber quem jogou melhor. Foi um jogo emocionante com um final dramático. Muitos anos depois, o Uruguai volta a estar nas meias-finais de um campeonato de Mundo. Em Portugal, os adeptos do Porto e do Benfica festejaram certamente a vitória de Maxi Pereira e de Fucile (de fora no próximo jogo, bem como Suarez).
O Gana tem uma equipa fisicamente muito forte e fez tudo quanto estava ao seu alcance para levar África pela primeira vez a umas meias-finais de um Mundial. Fica o Uruguai e com a sua presença na prova todos vamos ter oportunidade de continuar a apreciar o extraordinário futebol de Forlan, um dos grandes nomes deste Mundial.


Uruguai 1 - Gana 1 (4-2, nos penalties)

sexta-feira, 2 de julho de 2010

O BRASIL FOI-SE...E A HOLANDA FICOU




FILIPE DE MELO UM COMPLETO IRRESPONSÁVEL

Foi um jogo emocionante, o Holanda-Brasil desta tarde, digno de um Campeonato do Mundo. O Brasil começou melhor, talvez até muito melhor, e logo nos primeiros minutos numa jogada bela e simples marcou um golo. Filipe de Melo descobre um longo corredor no campo holandês, lança Robinho que, com a sua habitual classe, faz golo. E o golo desorienta a Holanda, que verdadeiramente nunca mais se encontrou até ao intervalo.
Filipe de Melo e Robinho tinham tudo para partirem para um desfio empolgante e rubricarem uma tarde de glória ao serviço da selecção brasileira. Mas não. Fizeram exactamente o contrário.
Robinho ficou claramente nervoso e emocionalmente instável depois do golo marcado. Protestou por tudo e por nada. Comportou-se como um vulgar amador nas suas relações com o árbitro, bem como relativamente às vicissitudes do jogo. Com uma arbitragem de outro tipo teria sido admoestado ainda no primeiro tempo. Sempre pelas razões mais fúteis. É certo que tentou generosamente jogar e dar o seu contributo à equipa, mas quem não está emocionalmente estável rende menos. E foi isso que aconteceu com ele.
Filipe de Melo é um caso diferente. A gente aqui na Europa conhece-o bem e sabe que ele tem em campo um perfil de quase delinquente. Se é certo o passe para o golo de Robinho poderia ter tido o condão de o acalmar, não é menos certo que ele é o tipo de jogador que, a todo o momento, pode afundar uma equipa. E foi o que ele fez hoje (como certamente também teria feito contra Portugal se não tivesse sido substituído). Primeiro, dificultou a acção de Júlio César e marcou na própria baliza, embora o guarda-redes brasileiro também tenha a sua responsabilidade. E depois, um pouco mais tarde, fez aquilo de que já se estava à espera: agrediu um adversário, pisando-o irresponsável e voluntariamente.
Tinha-se dito aqui que o Brasil iria sofrer a falta desse extraordinário jogador que é Ramires, embora ninguém possa garantir a sua titularidade no time. E aqui intervém a responsabilidade de Dunga que, tendo privilegiado um Brasil mais defensivo do que o que é costume (mais defensivo inclusive do que os times de Parreira), não acautelou a escalação de jogadores que permitissem saídas muito rápidas (tendo em conta o estado em que se encontra Kaká), nem uma primeira linha à frente dos centrais completamente responsável. Gilberto Silva é responsável, Filipe de Melo, não. E Dunga tem que o saber, melhor do que qualquer outra pessoa.
Michel Bastos que o nosso comentador Sr. Lobo tanto elogia, apenas para não elogiar Fábio Coentrão, no jogo mais importante da sua carreira, também não esteve à altura.
A Holanda beneficiando de um lance hoje muito frequente em futebol – e portanto sem desculpas para a selecção brasileira – marcou o primeiro golo. E a partir daí o Brasil afundou-se, o que é incompreensível numa equipa com jogadores que jogam nas melhores equipas do mundo e habituados a níveis altíssimos de pressão. Mas isto demonstra também, a maravilha que o futebol é e que os técnicos de aviário, que pululam nas televisões portuguesas, não percebem. Primeiro que o futebol é um jogo e, como tal, o factor aleatório está sempre presente (o tal factor que os batoteiros não aceitam...). Segundo, é um jogo não completamente racionalizável, por mais que os tais técnicos nos digam o contrário, onde as emoções e os estados de alma contam tanto ou mais do que as tácticas.
E foi por estas duas razões que a Holanda venceu. Então, o segundo golo, frequente este ano na equipa do Benfica, é a prova de que num certo estado de espírito até uma selecção como a do Brasil pode sofrer um golo daqueles.
Fantásticos Robben e Sneijder, sem dúvida, mas o homem do jogo foi Kuyt. Sem ele, tudo poderia ter sido diferente. Inteligente também a atitude do treinador da Holanda que só mexeu na equipa – e lá na frente – quando quase tudo já estava resolvido. Numa equipa empolgada não se toca, porque é uma equipa lúcida, com força e mecanizada. Não há desânimo, nem cansaço que lhe chegue.

Uma palavra de louvor para Valdo, essa referência do futebol brasileiro, do Benfica e do PSG, pelos seus excelentes comentários, pelo seu fair play e dignidade.
Holanda 2 - Brasil 1

AFINAL, O SR. LOBO É COMO QUEIROZ




QUE MISÉRIA DE COMENTÁRIO

O programa de hoje à noite na RTP N sobre o Mundial foi elucidativo sobre a capacidade e competência crítica do comentador de futebol sr. F. Lobo.
Após uma primeira intervenção de um jornalista, sobre a continuidade de Queiroz à frente da selecção, o Sr. Lobo disparou: Sim, também estou de acordo que Queiroz deve abandonar a selecção. Os portugueses não o merecem.
Todos ficamos estarrecidos e esclarecidos com esta explicação. Ela é, sem dúvida, digna de um grande pensador.
Mas há mais: é consensual entre a maioria esmagadora dos comentadores e dos adeptos de futebol que Queiroz não soube seleccionar os melhores jogadores; fez escolhas inadmissíveis; depois, escalou a equipa com erros de palmatória; fez substituições inaceitáveis; a fase de qualificação foi uma vergonha: conseguiu pôr os adeptos contra a selecção; pôs a equipa a jogar um futebol que ninguém aplaude; no Mundial, em três jogos não marcou um golo; enfim, só fez asneiras.
Todavia, deve ficar, diz o sr. Lobo, porque tem um projecto para o futebol português. É caso para perguntar: que projecto é esse se cerca de uma dúzia dos jogadores que estiveram na RAS têm mais de 30 anos? E que projecto é esse que não obtém resultados? Se é um projecto de formação, então que vá para as camadas juniores e largue o comando da selecção principal.
O sr. Lobo acha que não, porque, tal como odiava Scolari, “ama” Queiroz, como “ama” certos jogadores. Logo deve ficar, pela mesma razão que certos jogadores devem jogar. Que capacidade crítica e de análise tem um comentador que faz o seu trabalho a partir de estes estados de alma?
Mas há mais: o sr. Lobo amua, porque, tal como acontece com Queiroz, as pessoas não o compreendem - ele que sabe tanto de futebol!
Se o sr. Lobo quer aprender a comentar futebol faça um estágio na ESPN Brasil, de preferência com o PVC e tente, humildemente, se tiver inteligência para tanto, aprender.
Só hoje à tarde pude ver as imagens que a cuatro (de Espanha) pôs a circular sobre Cristiano Ronaldo, durante várias fases do jogo contra a Espanha. Não estou interessado nas imagens colhidas do fim do jogo, nem nas palavras trocadas entre CR e o repórter. O que me interessa analisar é o desespero do jogador, durante quase todo o desafio, por ter intuído e depois compreendido que jogando a equipa daquela maneira estaria condenada à derrota e ele não poderia fazer nada, absolutamente nada. Frustrado por já não ter sido capaz de se mostrar nos três jogos antecedentes e pressentindo a inevitabilidade da eliminação, o jogador tem a intuição correcta de que está tudo perdido e censura o treinador.
É uma imagem dramática de quem pressente o desenlace e não dispõe de meios para o contrariar.
Mas não adianta censurar o treinador. Ele é um “programador”. Programa tão bem e tão completamente que até já tinha decido há um mês que Ricardo Costa iria jogar contra o Brasil, tivessem jogado bem ou mal os que fizeram o lugar nos jogos anteriores, do mesmo modo que tinha programado, no jogo decisivo contra a Espanha, substituir o Hugo Almeida aos 60 minutos por Danny.
O sr. Lobo concorda que Queiroz tem certa dificuldade em mudar de plano em função das vicissitudes do jogo, mas, tal como Queiroz, também ele tem muita dificuldade em perceber que um tipo que age assim é burro!
Isto parece anedota, nas não é. As coisas passaram-se assim.
Como Lobo e Queiroz são praticamente iguais, a conclusão que se impõe é não ouvir os comentários de Lobo e deixá-lo a falar sozinho. Já quanto a Queiroz o problema é mais grave: tem de haver uma fortíssima pressão da opinião pública para que Queiroz se demita. Qualquer que seja o motivo, mesmo que seja o de os portugueses o não merecerem, ele será se bom se o objectivo for alcançado. O que importa é que ele se demita.
A imprensa espanhola diz que Luis Aragonês será o novo seleccionador português…

quinta-feira, 1 de julho de 2010

OS ERROS DE ARBITRAGEM NO MUNDIAL



APESAR DO QUE ACONTECEU, UM SALDO POSITIVO, ATÉ AGORA


Terminados os oitavos-de-final, pode dizer-se que na esmagadora maioria dos jogos a arbitragem esteve bem em todos os domínios e com uma relativa uniformidade de critérios, o que contribuiu para assegurar o princípio da igualdade entre todos os concorrentes.
Infelizmente, alguns dos erros mais graves aconteceram nos jogos em que se exigia maior rigor e quase infalibilidade. Além de graves, os ditos erros contribuíram decisivamente para alterar o rumo das coisas tal como estavam acontecendo no momento em que ocorreram. Raras vezes se poderá dizer com segurança que as coisas teriam sido diferentes se não fosse o erro do árbitro, porque se está a entrar em linha de conta com variáveis que ninguém domina. O que se pode é dizer que tais erros contribuíram para alterar o que naquele momento estava acontecendo.
Por ordem decrescente de importância, apontaremos os seguintes:
Primeiro: A não validação do golo apontado por Lampard à Alemanha; trata-se de um momento decisivo do jogo: pouco tempo antes, a Inglaterra perdia por 2-0 e estava claramente confundida com a performance alemã; por volta dos 36 minutos a Inglaterra marcou e cerca de dois minutos mais tarde voltou a marcar. A não validação deste golo alterou completamente o que naquele momento se estava a passar; de facto, a recuperação de dois golos num resultado já considerado seguro, mudaria obviamente as coisas para ambas as equipas. Não tendo o golo sido validado, a Inglaterra teria, como teve, de continuar a correr em busca do empate, expondo-se ao contra-golpe alemão: foi o que aconteceu.
Segundo: A não marcação de off-side a Tevez no primeiro golo da Argentina, no jogo contra o México. Contrariamente ao que tinha acontecido nos jogos anteriores, a selecção Argentina estava sentindo enormes dificuldades para impor o seu jogo e para controlar o próprio jogo dos mexicanos. E isto acontecia uma boa meia hora depois de o jogo ter começado. A validação do golo de Tevez, de certa maneira obtido contra a corrente do jogo, alterou decisivamente o que até àquele momento se estava a passar. Com a vantagem obtida, a Argentina tranquilizou-se, o México desorientou-se, cometeu erros que antes nunca tinha cometido e rapidamente sofreu o segundo golo, que arrumou a partida.
Terceiro: Invalidação do golo dos EUA contra a Eslovénia. Este é um dos raros casos em que se pode afirmar, com segurança, em virtude do momento do jogo em que ocorreu, que, sem este erro, tudo teria sido diferente. Os Estados Unidos teriam ganho, ficariam com quatro pontos, e poderiam depois ter feito um jogo contra a Argélia muito mais tranquilo.
Quarto: Golo invalidado aos EUA no jogo contra a Argélia, na primeira parte. Embora se trate de um golo legal, marcado em linha, compreende-se o erro, o qual, todavia, obrigou os EUA a grande esforço até ao último minuto do jogo para o vencerem. Até que ponto é que este esforço prejudicou os EUA no jogo contra o Gana também nunca se saberá; a verdade é que foram dois erros graves contra a mesma equipa.
Quinto: Validação do segundo golo do Brasil contra a Costa do Marfim. É um erro que não tem a mesma relevância dos anteriores. É óbvio que a bola foi por duas vezes ajeitada com o braço, embora com arte, e é quase óbvio que o árbitro viu, mas certamente fascinado pela beleza do lance não teve coragem para o invalidar. Não parece que a invalidação desse lance tivesse contribuído para alterar significativamente o que naquele momento se estava a passar. Depois do golo, o Brasil continuou a jogar como vinha fazendo antes. O que há de mais esquisito no lance é a sensação com que toda a gente ficou de que o árbitro viu e nada fez.
Sexto: Validação do golo de Espanha contra Portugal. É o mais desculpável de todos. Em primeiro lugar, porque o off-side é pela diferença mínima, 22 centímetros segundo a Globo, e depois porque esse golo não introduziu uma alteração no que até então se estava passando. Pelo contrário, a Espanha estava jogando mais e a jogar mais continuou. Nunca se saberá o que poderia ter acontecido depois, mas sabe-se que o golo não aconteceu contra a corrente do que estava acontecendo nem do que continuou a acontecer.
Alguns destes erros, nomeadamente o primeiro, poderiam facilmente ser evitados se se pudesse recorrer ao vídeo-árbitro. E não há nenhuma razão para que se não possa em todos aqueles casos em que o que está em jogo é uma simples declaração de ciência. Nos demais casos, já a questão é diferente, porque se a análise do lance pressupõe uma avaliação, um juízo de valor, então ele deve ser feito por quem está dentro do campo e não fora.
As declarações de ciência são inequivocamente aplicáveis a tudo o que tenha a ver com a bola e as linhas. A bola e as linhas não é o mesmo que o jogador e as linhas.
No primeiro caso: trata-se de saber se a bola entrou ou não na baliza ou se saiu ou não do campo. Isto pode ser resolvido, sem problemas de nenhuma espécie, pelo vídeo árbitro, devendo em caso de dúvida considerar-se que a bola não transpôs as linhas.
O segundo caso, que tem a ver com as linhas e o jogador, já contende com as regras do fora-de-jogo, e aí a questão é mais complicada. Não porque não seja possível, com rigor, determinar se houve ou não off-side, mas porque a consagração do vídeo-árbitro nestes casos implicaria que o bandeirinha nunca assinalasse um fora de jogo nos casos em que tivesse dúvidas. E esta simples atitude alteraria por completo o jogo tal como ele hoje se desenvolve. O único compromisso possível, seria manter tudo como está, mas permitir que, se a jogada terminasse em golo, fosse permitido apurar a posteriori a sua legalidade.
É claro que esta regra poderia, em princípio, ser extensível aos casos de golos marcados com a mão, mas não é conveniente que o seja, exactamente por se tratar de um lance, que, segundo as leis do jogo, já pressupõe alguma avaliação.
Como se vê, as coisas são mais complicadas do que parecem e no comentário desportivo português não se dá conta disso porque estes assuntos são tratadas por verdadeiros psicopatas da arbitragem.