quarta-feira, 29 de outubro de 2014

A RESPONSABILIDADE DE JORGE JESUS


 

O BENFICA TEM UM GRANDE PLANTEL

 

Já se percebeu que há na comunicação social, em certa comunicação social, uma campanha orquestrada para responsabilizar a direcção do Benfica, ou mais concretamente Vieira, pelos maus resultados do clube em todos os jogos importantes disputados esta época, a saber: Sporting, Zénite, Bayer de Leverkusen, Mónaco e Braga.

A “música” desses comentadores é conhecida: o plantel do Benfica é mais pobre que o do ano passado e Jorge Jesus por muito bom que seja não pode fazer milagres. Esta tese é completamente falsa nas suas premissas e conclusões.

Em primeiro lugar, o plantel do Benfica não é pobre. É, pelo contrário, um plantel fortíssimo. Acontece apenas que o ano passado ainda era mais forte, a ponto de se poder dizer que era um dos melhores da Europa. Apesar disso, nem a fase de grupos da Liga dos Campeões passou…a jogar ainda com Matic! Como noutro post já dissemos, do ano passado para este ano as baixas que não foram colmatadas por jogadores de igual valia foram apenas as de Garay e Markovic.

Em segundo lugar, Jesus não faz milagres. Muito pelo contrário até se dá o caso de perder várias competições com excelente plantel. Já perdeu dois campeonatos para um Porto com um plantel manifestamente inferior, uma Taça da Europa para o Sevilha e falhar vários apuramentos da fase grupos da Liga dos Campeões.

O problema do Benfica é outro e não tem nada a ver com o plantel, mas antes com o treinador.

Explicando melhor: o Benfica ao longo destes últimos cinco anos (a caminho dos seis…) tem tido um futebol empolgante contra equipas mais fracas ou contra equipa relativamente mal organizadas. Mas sempre que defronta uma equipa da mesma envergadura técnica, as fragilidades tácticas do Benfica vêm rapidamente ao de cima. E então acontecem golos como os sofridos esta época contra o Zenite, contra o Bayer, contra o Braga, o mesmo se tendo passado nas épocas anteriores.

O Benfica é uma equipa excessivamente lançada para o ataque, que não sabe defender com bola, nem impor vários ritmos de jogo consoante as necessidades e as características do adversário. É sempre uma equipa de tudo ou nada, mal estruturada no meio-campo, de modo que quando perde a bola numa acção ofensiva corre sempre o risco de passar por uma grande dificuldade, dificuldade que se transforma em golo sempre que o adversário tem argumentos suficientes para não falhar.

Culpar Samaris pelo que se está a passar é de uma grande desonestidade. Samaris não tem características para jogar com a missão que Jesus lhe atribui. Nem vai ter, mas não deixa, por isso, de ser um excelente jogador. A culpa do insucesso do Benfica nos jogos grandes não é deste ou daquele jogador: é do treinador que tem uma visão imutável do sistema de jogo quaisquer que sejam os jogadores do plantel.

Um treinador inteligente, que não seja de pensamento quadrado, tem que dar ao Benfica mais estabilidade defensiva no meio campo (em vez de ter dois jogadores um à frente do outro terá de ter dois a par) e tem que saber acelerar o jogo apenas pela certa e não sempre que a equipa tem a bola nos pés. Por outras palavras, fazer o que está a fazer Ancelotti (que, sem ofensa, se encontra a anos luz de Jesus), ou seja, ter a bola, fazer o adversário correr atrás dela, e só acelerar pela certa. O recente jogo do Real Madrid contra o Barcelona é um jogo que Jesus deveria analisar sem preconceitos e talvez, se perceber o que se passou ou se quiser perceber, tire desse jogo bons ensinamentos para o Benfica.

O Benfica ainda está a tempo de inverter o que já parece inevitável. Parece, mas não é, porque no futebol a inevitabilidade só ocorre quando os jogadores não têm classe. O que não é o caso. Quem tem de mostrar que é ainda capaz de inverter o caminho é Jesus, mudando. Se não mudar, vai voltar a perder.

E como nos dias de hoje o futebol é um grande e arriscado negócio, essa questão da inteira e completa liberdade do treinador é coisa que já não se justifica. Ou seja, o treinador tem de ter autonomia técnico-táctica, mas se repetidamente falha por força dos mesmos erros alguém terá de o obrigar a corrigir o que ele, de livre vontade, não parece disposto a fazer.

 

terça-feira, 28 de outubro de 2014

A DERROTA DO BENFICA EM BRAGA


 

QUEM É O RESPONSÁVEL?
Éder com Maxi Pereira (foto ASF)

 

A ideia de que o Benfica tem um plantel mais fraco de que o do ano passado vai passando de jornada para jornada, de comentário em comentário, como justificação para os resultados negativos já registados no campeonato nacional e, por maioria de razão, na Liga dos Campeões.

Não se pode dizer que esta ideia não tenha pernas para andar…porque ela está fazendo o seu caminho e prepara-se para ser o bode expiatório de tudo o que de mau possa acontecer. O que se pode dizer é que ela não resiste a uma reflexão minimamente racional.

De facto, o Benfica tem um plantel ligeiramente inferior ao do ano passado em consequência da saída de Markovic e de Garay. Apenas, e nada mais.

Indo a factos: Oblak não esteve na baliza o tempo suficiente para demonstrar que era muito melhor do que os que agora lá estão. Foi melhor no tempo que jogou, mas nada garante que este ano continuasse ao mesmo nível. Pelo menos, no Atlético de Madrid não está e até já se fala na sua saída em Janeiro.

Siqueira fez uma boa época, melhor do que a que está a fazer em Madrid, mas Eliseu tem estado muito bem e Sílvio, que o ano passado jogou várias vezes na mesma posição, está aí pronto para entrar mais dia, menos dia.

Na linha média defensiva não falta ninguém, já que Matic havia saído em Janeiro e tanto Fejsa como Ruben Amorim continuam na equipa, apenas estão lesionados, devendo regressar em Dezembro. Dir-se-á que falta André Gomes. Mas só por brincadeira se pode dizer que falta André Gomes, já que Jesus antes da venda ao fundo que o comprou não o colocou a jogar mais do que 5 minutos!

No ataque faltam Rodrigo -  mas há Jonas e Talisca - e Cardozo, que já não tinha lugar na equipa, havendo em seu lugar Derley. Djuricic saiu …porque Jesus não o quis; Sulejmani continua na equipa, apenas está lesionado e Ola John também.

A equipa é, portanto, praticamente a mesma com vários reforços escolhidos por Jesus: Além dos já indicados, Júlio César, Samaris, Tiago, Pizzi, César, Benito, Cristante, Jara, Nelson Oliveira e os miúdos da formação.

Portanto, o Benfica tem um plantel de luxo, tanto para uso interno como externo.

Dir-se-á que os centrais não têm a mesma valia dos do ano passado. De facto, não há no futebol mundial Garays aos pontapés, mas Luisão e Lisando Lopez são, não obstante, ainda a melhor dupla de centrais a jogar em Portugal. E mesmo Jardel e César não são inferiores aos do Sporting, qualquer que seja a dupla, e, todavia, mesmo com essa deficiência, Marco Silva tem sabido construir uma equipa mais competitiva do que a do Benfica!

Diz-se também que o Benfica não tem um número 6 feito à medida das exigências de Jesus. Por um lado, esta afirmação é falsa: o Benfica até tem mais soluções do que tinha o ano passado, apenas se dá o caso de dois dos quatro elementos que poderiam ocupar essa posição estarem lesionados. Por outro lado, o treinador tem de saber trabalhar com os jogadores que tem e adaptar o sistema aos jogadores do plantel. Isso de o treinador escolher o plantel é cada vez mais raro nas grandes equipas. Quem escolhe é quem manda e quem manda é quem tem o dinheiro ou quem o arranja. Cada vez são em menor número os outros exemplos. Como se pode admitir que jogadores como André Gomes, Cancelo e Bernardo Silva não sirvam ao Benfica?

 Jesus que se reveja no exemplo de Carlo Ancelotti que, de um momento paras outro, ficou quase sem linha média defensiva e  apenas com avançados de luxo com a exigência de todos terem de jogar. E mesmo assim ele tem sabido dar conta do recado muito bem.
O que se passou ontem em Braga e o que já se tinha passado contra o Zenit e em Leverkusen e ainda contra o Sporting prova que Jesus é “quadrado”, não tem flexibilidade, nem capacidade para mudar em função das circunstâncias.

Jesus está a fazer uma triste figura na Liga dos Campeões não porque não tenha jogadores à altura de alcançar outros resultados, mas pela mesma razão por que sempre tem falhado desde que está no Benfica, com excepção do ano em que chegou aos quartos-de-final. E está a perder pontos internamente pela mesma razão por que perdeu, pelo menos, dois campeonatos que tinha obrigação de ganhar por ter um plantel bem melhor que o do Porto. Mas quem os ganhou foi Vítor Pereira, que soube construir uma equipa bem mais segura e compacta que a do Benfica.

Deixem-se de desculpas, os Ruis Santos (este só por perfídia), os Antónios Simões e vários outros. O Benfica tem um grande plantel. Se não ganhar é por culpa exclusiva do treinador.

quarta-feira, 1 de outubro de 2014

EXIBIÇÃO MISERÁVEL DO BENFICA EM LEVERKUSEN


 

"IMPORTANTE É GANHAR AO AROUCA"!Jorge Jesus
 

A exibição do Benfica, esta noite, em Leverkusen é uma das páginas negras do futebol benfiquista em competições internacionais. Desde o primeiro minuto que se evidenciou uma completa diferença de atitude entre as duas equipas: uma pressionante, com vontade de vencer, e uma disponibilidade física total; outra lenta, absolutamente incapaz de fugir à pressão adversária e sem interesse especial pelo resultado do jogo.

Como é possível? Como é possível que na prova rainha do futebol mundial haja uma equipa que encara essa competição como coisa secundária? Tal atitude só é possível por o treinador repetidas vezes ter mentalizado os jogadores para a irrelevância da Champions relativamente ao campeonato nacional. Foi isso que Jorge Jesus repetidas vezes disse. Não, seguramente, numa manifestação de desprezo pela mais importante competição mundial a nível de clubes, mas por covardia desportiva.

Jorge Jesus temendo a valia das equipas que ia defrontar, desvalorizou covardemente a prova mais importante que o Benfica tinha este ano para disputar. Com isso demonstrou que é um treinador para uso doméstico ou para jogar na 2.ª divisão europeia. Mais uma vez Jesus demonstrou que a Champions é uma prova demasiado grande para ele. Importante é ganhar ao Arouca!

Para além desta atitude de princípio, filiada, como se já disse, numa evidente covardia competitiva, Jesus foi absolutamente incapaz durante todo o jogo de perceber o que se estava a passar e também deixou evidente que não preparou a partida com a inteligência que ela exigia.

Toda a gente percebeu que o Benfica não conseguia sair a jogar. Tentou uma, duas, trinta vezes e o resultado foi sempre o mesmo. O Bayer fazia pressão sobre os defesas do Benfica e a bola ou se perdia nas imediações da baliza ou se perdia perto da linha do meio-campo fosse quem fosse o jogador que a transportava. Pois bem, se uma equipa não é capaz de sair a jogar, tem de jogar directo, procurando, no mínimo, recuperar as segundas bolas em, pelo menos, cinquenta por cento das vezes. E até tinha jogadores para isso. Talisca, por exemplo, tiraria alguma vantagem de jogar de frente para a baliza adversária. No esquema de Jesus andou completamente perdido durante todo tempo que esteve em campo. Culpa, como é óbvio, do treinador.

Mas não foi Talisca o único jogador que andou perdido. Enzo deve ter feito a sua pior exibição com a camisola do Benfica e Gaitan também andou lá muito perto. Para já não falar em Cristante, manifestamente lançado às feras.

Enfim, uma vergonha. Jesus em vez de passar o tempo a gabar-se deveria olhar para o exemplo de Marco Silva, que, jogando habitualmente apenas com “oito jogadores”, consegue dar ao jogo do Sporting um brilho e um brio que o Benfica de Jesus não tem na grande competição internacional.

Jesus gosta de jogar contra o Arouca e de alinhar na segunda divisão europeia. É ai que se sente bem.

Em conclusão: mais uma participação falhada de Jesus na Champions. O Benfica “já está eliminado”.