segunda-feira, 12 de novembro de 2018

OS ARGUIDOS DO FCP – FUTEBOL SAD




MELHOR SERIA DIFICIL

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Vi alguns benfiquistas muito satisfeitos por, finalmente, os administradores da SAD do Porto terem sido constituído arguidos por …prática de crime de ofensa a pessoa colectiva.

Não se compreende de onde vem essa satisfação. Muito resumidamente, convém esclarecer o seguinte: tendo em conta o que se passou, esta decisão do DCIAP é o melhor que poderia ter acontecido aos dirigentes do FC Porto. A pedido, não poderia ser melhor.

O Benfica foi assaltado. O Futebol Clube do Porto exibiu publicamente o produto desse assalto, tendo-o veiculado em proveito próprio e em prejuízo do Benfica. Assim sendo, o Porto é objectivamente suspeito de ter assaltado o Benfica ou de ser o mandante desses assalto ou, no mínimo, de ser o receptador. Não há nem pode haver nenhuma dúvida sobre a qualificação do comportamento do F C do Porto, por intermédio dos seus agentes e representantes, nomeadamente depois de o Benfica ter dado público conhecimento de que havia sido assaltado e que o FCP estava publicamente a exibir e utilizar em proveito próprio o produto desse assalto.

Sabe-se também como se comportaram as autoridades de investigação penal. Nada fizeram, apesar de a sua acção preventiva e punitiva ter sido repetidamente solicitada. Nada fizeram... até ao momento em que resolveram actuar contra a própria vítima.

Do crime praticado não quiseram aparentemente saber as autoridades de investigação e repressão penal, tendo sido pela via cível que acabou por se pôr cobro àquele inacreditável escândalo. Não quiseram nem há notícias de que estejam interessadas nisso. O assaltante continua por prender ou até por identificar, os receptadores continuam por responsabilizar e o crime continua por investigar.

E quando se esperava que a convocatória dos administradores da SAD portista, pelo DCIAP, tinha em visto inquirir os suspeitos da prática ou da colaboração na prática daquele crime, ficámos a saber que tinham por lá passado para cumprir uma simples formalidade – a de, em menos de 40 minutos cada um, serem identificados e constituídos arguidos por …”crime de ofensa a pessoa colectiva”. E para que não houvesse dúvidas, as autoridades de investigação e acção penal logo vieram esclarecer que “aqueles senhores” não têm nada a ver com o processo dos e mails!

Ou seja, este processo dificilmente terá resultados práticos ou, se porventura tiver, os acusados (que não acreditamos venham a ser) serão facilmente absolvidos. E embora a acção penal se não confunda com a acção cível, dada a suas diferentes naturezas, a provável absolvição ou até arquivamento, só virá facilitar a posição do FCP na acção cível indemnizatória.

Continuamos a achar inacreditável que o Benfica e os seus comentadores não insistam diariamente na questão do assalto do correio electrónico, na identificação dos responsáveis, na constituição de arguidos dos óbvios suspeitos, assim como também na inexistência de buscas e outras diligências destinadas ao esclarecimento da verdade.

Que justiça é esta!

terça-feira, 6 de novembro de 2018

JORGE JESUS NO BENFICA?




O QUE IMPORTA TER EM CONTA…
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Comecemos pelo princípio: Jorge jesus saiu do Benfica porque o Benfica (Vieira) não quis que Jesus continuasse. Jesus adquirira grande protagonismo, depois de ter ganho dois campeonatos seguidos e outros títulos, e esse protagonismo incomodava Vieira que quer ser no Benfica o verdadeiro “dono da bola”. A isto acresciam duas coisas: a primeira tinha a ver com a formação; a segunda, com a demonstração de que o Benfica era uma “máquina”, capaz de fazer ganhar quem nele estivesse como treinador.

No que respeita à formação, é bom que se diga o que hoje é óbvio: é verdade que Jesus depositava mais confiança em jogadores maduros, “reformatados” por si, do que em jovens vindos do Seixal; daí que no seu tempo não tenha verdadeiramente despontado, por iniciativa sua, nenhum grande jogador jovem, salvo quando as circunstâncias (lesão do titular, por exemplo) o impuseram, como aconteceu com Oblack. Mas também é verdade que Vieira queria a formação apenas para fazer dinheiro e não para firmar os talentos da casa na equipa principal, como agora parece pretender.

Quanto à outra questão, porventura por imitação, Vieira achou que já estava em condições de demonstrar que as vitórias do Benfica não dependiam do treinador, mas da “máquina” benfiquista -  ganharia quem lá estivesse. E assim foi nos dois primeiros anos de Rui Vitória, embora agora, esbatidos que estão certos efeitos, se tenha voltado a admitir que o papel do treinador é fundamental numa equipa de futebol.

Voltando ao começo: Jesus foi embora (ninguém pode esquecer a imensa tristeza com que festejou o último título de campeão) porque o Benfica não quis que ele continuasse. Evidentemente que ao Benfica, antes de mais a Vieira, também não interessava que Jesus, com o seu saber acumulado em seis épocas de Benfica, se transferisse para um dos rivais, nomeadamente para o Porto. E, como é óbvio, com Jesus passou-se exactamente o contrário: queria demonstrar que era ele e não a “máquina” quem ganhava os campeonatos. Por isso, logo que percebeu  que Vieira não desejava a sua continuidade  jamais aceitaria qualquer proposta alternativa que o Benfica lhe proporcionasse (Qatar, Arábia, ou qualquer coisa semelhante) e tratou de se fixar num rival que estivesse disposto a recebê-lo. E o Sporting estava.

A partir do momento em que se soube que Jesus recusara a proposta alternativa e se dispunha ingressar no Sporting, a “máquina” do Benfica, para se defender dos adeptos, passou a perfilhar a tese de que Jesus traiu. E Jesus também embarcou nessa tese, que lhe não desagradava, por ter colocado na sua pessoa a decisão de mudar de clube, sem ter de se estar a defender de um despedimento encapotado. E a seguir passou-se o que sabe: guerra aberta de ambos os lados, até ao restabelecimento das pazes com Vieira, o que, diga-se, quando se tornou evidente – muito pelo tom dos comentadores oficiosos do Benfica -, teve o condão de destabilizar completamente Bruno de Carvalho.  

Ao contrário do que alguns pretendem fazer crer, nada disto tem hoje grande importância. No futebol moderno, o que verdadeiramente importa por parte dos que dirigem, dos que treinam e dos que jogam é profissionalismo – um grande profissionalismo e muita competência. A paixão, a exacerbada paixão, como é o caso da paixão clubística, turva a inteligência e entorpece a razão não apenas na vida privada, mas também no futebol.

Essa história de o Benfica necessitar de um treinador que seja adepto do Benfica é à partida uma aposta perdida. O que o Benfica precisa é de um treinador competente que seja um grande profissional. E se nele estiverem reunidas ambas as qualidades podem todos estar certos de que ele estará mais interessado em ganhar do que o adepto mais ferrenho.

Alguns exemplos: Cândido de Oliveira, um grande benfiquista, nunca treinou o Benfica, tendo, pelo contrário, ganho campeonatos pelo Sporting; Artur Jorge, também benfiquista, tinha uma imensa vontade de treinar o Benfica; depois de ter garantido a Pinto da Costa que não viria directamente do Porto para o Benfica, respeitou o prometido, mas logo que a ocasião se proporcionou ingressou no Benfica pela mão de Damásio  - um dos piores presidentes da história do Benfica -  e os resultados estão à vista: desmantelamento de uma equipa campeã e início de um longo pesadelo, o mais crítico de toda a história do Benfica. Vilarinho, por seu turno, disse na campanha eleitoral que queria no Benfica um treinador benfiquista (Toni), acabando por despedir o promissor Mourinho que então iniciara a carreira de treinador principal. Conhece-se o resultado: nessa atribulada época – Jupp Heynckes, Mourinho e Toni – o Benfica “obteve” no campeonato o pior resultado da sua gloriosa história – sexto lugar!

Diabolizar Jorge Jesus ou até insultá-lo, como alguns já fazem nas redes sociais, é um mau princípio. Jesus pode e deve ser criticado no plano técnico, tanto por alguns erros graves que cometeu, como por erros que possa vir a cometer, mas de forma alguma deve ser ostracizado por ter treinado o Sporting!

O que infelizmente se verifica é que há hoje no Benfica comentadores que mais parecem discípulos de Bruno de Carvalho do que verdadeiros benfiquistas. Que o Presidente do Benfica se não deixe influenciar nas suas decisões por benfiquistas despeitados – benfiquistas que passaram para a oposição por terem deixado de fazer parte da direcção – e muito menos por benfiquistas demagogos que esperam há anos por uma pequena oportunidade para cavalgar uma onda de contestação. Seria o fim do Benfica, tal como o conhecemos, se isso acontecesse. Essa gente, com toda a franqueza, em tudo o que fala e em tudo o que diz não exprime uma ideia que possa servir de rumo ao Benfica. Não há neles uma ideia inspiradora que possa ser aproveitada para guiar o futuro do Benfica. O que há, é interesses pessoais que se servem do Benfica e que aproveitam algum ressentimento dos adeptos para se projectarem e afirmarem. E disso o Benfica não precisa.

O Benfica apenas teve na sua história 4 treinadores que ganharam por três vezes o campeonato – János Biri, Otto Glória, Seven-Göran Eriksson e Jorge Jesus – tendo dois deles regressado ao Benfica depois de terem treinado outros clubes (Otto Glória e Eriksson). Aliás, o que o Benfica mais tem na sua história é treinadores que regressaram ao clube depois de terem lá estado – Lipo Hertzka, Otto Gloria, Béla Guttmann, Fernando Riera, Fernando Cabrita, Mario Wilson (três vezes), John Mortimore, Eriksson, Camacho e Toni (três vezes).

Que o Presidente decida em função dos superiores interesses do Benfica e não de interesses mesquinhos como são muitos dos que temos visto defendidos na comunicação social!