IMINÊNCIA DE DERROTA EM TODAS AS FRENTES
O Benfica está em queda livre. No plano interno, em duas deslocações, a Guimarães e a Coimbra, perdeu a vantagem que a perda de pontos do Porto lhe havia proporcionado. No plano externo, a derrota de S. Petersburgo não augura nada de muito positivo no jogo da segunda eliminatória.
As causas desta queda livre do Benfica têm de ser exclusivamente imputadas ao treinador. Logo que o Benfica se destacou do Porto e realizou algumas exibições contra adversários menores, muito enaltecidas por alguma crítica, o triunfalismo de Jesus passou a ser evidente.
Impreparado para conviver com o êxito, Jesus toma com muita facilidade a nuvem por Juno, e inicia de imediato um discurso que, além de galvanizar os adversários, acaba também por retirar concentração competitiva à equipa.
Ser vencedor ao mais alto nível implica ter os jogadores em permanente estado de tensão, em fazer-lhes perceber que se pode perder muito rapidamente o que se alcançou se o próximo jogo não for encarado ainda com mais espírito competitivo que o anterior.
Quando Jesus exultava com os feitos do Benfica e exibia, mais por atitudes do que por palavras, um triunfalismo inaceitável e contraproducente, estava, sem o saber, a desmobilizar a equipa.
Um treinador tem de estar permanentemente preocupado com o próximo jogo por mais importante que tenha sido a vitória acabada de alcançar. Não foi essa a mensagem que o treinador passou. E o resultado viu-se.
Pode dizer-se que em Coimbra o Benfica teve algum azar, já que em condições normais a exibição teria sido suficiente para assegurar a vitória. Pode ser que tenha havido algum azar. Mas já não é uma questão de azar que este “azar” tenha acontecido depois de duas derrotas.
Agora o Benfica vai ter de jogar tudo no próximo jogo contra o Porto. Que, ao contrário do que diz Jesus, é para o Benfica um jogo decisivo. Se perder, perderá a Liga. Aliás, as hipóteses de derrota são maiores do que as de vitória. O Porto, curiosamente, apesar de goleado na Liga Europa, chega à Luz psicologicamente mais forte do que o Benfica. É que o Benfica, por força do tal triunfalismo acima referido, já tinha a vitória no campeonato como “favas contadas” e está agora a jogar contra a decepção de o recear perdido. Depois de recuperados cinco pontos em dois jogos (é obra!) e com a lembrança do ano passado a pesar na cabeça dos jogadores benfiquistas, o Porto é um sério candidato à vitória.
Quanto ao resto, o Braga espreita ainda a possibilidade de ser campeão – facto que não depende de terceiros – enquanto o Sporting mantém com o Marítimo uma luta acesa pelo quarto lugar.
O grande clássico Benfica-Porto, na sexta-feira, dois dias depois dos jogos das selecções, é mais uma asneira de Jesus, apenas explicável por à data da sua marcação o treinador do Benfica ter contado com uma diferença pontual de, pelo menos, cinco pontos. Ou seja, mais uma manifestação do tal triunfalismo de que falámos.
Os próximos oito dias são decisivos para o Benfica e para Jorge Jesus. Mais para o Benfica que tem muito mais a perder do que para o treinador, a quem mais duas derrotas só poderiam fazer bem…Supondo que ele ainda está em idade de aprender