DERROTA COMPROMETEDORA
Num tereno impróprio para a prática do futebol, o Benfica perdeu em S. Petersburgo, contra o Zenit, por 3-2.
A invocação do estado do terreno, igual para as duas equipas, não serve obviamente de desculpa, mas é inaceitável que a UEFA tão frequentemente exigente a despropósito permita que uma das provas máximas do calendário futebolístico mundial se possa jogar num campo sem relva. Não é somente a temperatura exterior que é inaceitável para a prática do futebol, é também o pretenso relvado - uma vergonha.
Se a UEFA quer manter os jogos na Rússia e noutros países em Fevereiro terá de alterar os regulamentos e exiir que tais jogos se realizem em recintos fechados e em relava artificial. Assim, como se jogou hoje, não é admissível.
Mas sabe-se como é o futebol internacional. Sabe-se como actuam a FIFA e a UEFA. O que não se sabe nem se compreende é por que tanto uma como outra podem actuar com tanta impunidade.
Mas vamos ao jogo. Desde o início ficou claro que o Benfica iria privilegiar um tipo de jogo – futebol directo e muito físico – que nada tem a ver com o modo como habitualmente joga. O Zenit, pelo contrário, manteve o seu estilo habitual. Começou rápido e aproximou-se da área do Benfica várias vezes com relativa facilidade. O Benfica não conseguia ligar o jogo. Na frente, Cardozo e Rodrigo não conseguiam segurar a bola e Bruno César também não estava a ser o jogador que o Benfica precisava. Apenas Gaitan ia dando sinais da sua classe em jogadas individuais.
Quando o jogo parecia assentar, uma entrada brutal de Bruno Alves – um verdadeiro animal – colocou Rodrigo fora do campo, provavelmente com uma lesão grave. Quase a pedido, o árbitro deu-lhe o amarelo, quando pura e simplesmente o deveria ter expulsado. Na RTP, o incrível Tadeia não tem uma palavra sobre a entrada assassina do ex-jogador do Porto. Apenas finge apenas preocupação com a lesão de Rodrigo. O brasileiro ainda regressou, inferiorizado, mas apenas para dar tempo a Aimar de fazer um aquecimento conveniente.
Com a entrada de Aimar o jogo do Benfica até melhorou. Passou a haver ordem no meio campo e outra ligação entre os sectores.
E é na sequência de uma falta marcada por Cardozo que o Benfica marcou o primeiro golo, por intermédio de Maxi Pereira. O guarda-redes russo defendeu para a frente e Maxi, mais rápido, fez a recarga vitoriosa.
O Zenit reagiu logo a seguir em força. Pressionou de imediato o Benfica e numa boa jogada de ataque empatou com um bom golo, num remate de primeira de Shirokov que não deixou tempo de reacção a Artur.
Após o golo, a pressão do Zenit abrandou, mas o Benfica não se prevaleceu desse abrandamento. O empate servia e assim se foi para o intervalo.
Além do que já foi dito, notou-se alguma dificuldade em Luisão se adaptar às condições do jogo, contrariamente a Garay e Maxi que estiveram sempre em grande nível, principalmente Maxi que fez uma excelente primeira parte.
No segundo tempo o Benfica equilibrou o jogo e até deu a sensação de que tudo poderia terminar num empate a um golo. Mas eis que numa brilhante jogada o Zenit marca o segundo aos 71 minutos por Semak. E o pior esteve para acontecer logo a seguir: por muito pouco o Zenit não voltou a marcar logo a seguir.
Entretanto, numa jogada inofensiva – uma disputa de bola aérea perto da área – Aimar é punido com um amarelo e falha o segundo jogo, na Luz. O árbitro, brando com Bruno Alves, foi agora excessivamente rigoroso com Aimar, que aparentemente nada fez para merecer o amarelo. Até Tadeia concorda com esta observação…
Perto do fim do jogo, aos 88 minutos o Benfica empatou por intermédio de Cardozo. Mas quase não deu para festejar, já que no minuto seguinte Shirokov marca pela segunda vez, desfazendo a igualdade.
É a segunda derrota do Benfica esta época e a primeira na Liga dos Campeões. Aparentemente uma derrota por 3-2 fora de casa numa eliminatória não é grave. Marcar dois golos fora dá sempre alguma margem de recuperação. O pior é que o Benfica sofreu três golos em condições não muito aceitáveis, principalmente o primeiro e o terceiro e os dois que marcou eram perfeitamente evitáveis com outro guarda-redes. E é isso que leva a que o jogo da segunda volta tenha de ser encarado com alguma preocupação. O Zenit já demonstrou que sabe defender bem, como fez no Porto, e atacar com muita rapidez.
Com o empate a dois o Benfica teria a eliminatória praticamente garantida. Derrotado, nem que seja pela margem mínima, tudo se complica pelo diferente tipo de jogo que o Zenit irá pôr em prática na Luz, certamente muito diferente do que poria se tivesse empatado.
Sem comentários:
Enviar um comentário