A FRUSTRAÇÃO DE UMA ÉPOCA
O Porto somou a décima sexta derrota na Inglaterra, onde nunca ganhou para uma competição europeia, maldição que se estende ao próprio Pais de Gales no qual o Porto também já foi eliminado pelo Wrexham, na época 1984/85, que hoje milita naquilo a que se poderá chamar a quinta divisão inglesa e que naquela época competia numa divisão inferior.
Esta derrota por 4-0 e a consequente eliminação, depois do afastamento da Champions League, não deixa de constituir um rude golpe desportivo e financeiro para a equipa da Antas que este ano acalentava esperanças de poder disputar com pretensões a prova máxima do futebol europeu.
Com uma equipa praticamente igual à do ano passado, menos Falcao, mas com Iturbe, anunciado pelos responsáveis do Porto como um novo Messi, e sem Villas-Boas, o Porto nunca se conseguiu encontrar como equipa, apesar de no Campeonato manter intactas as possibilidades de vitória.
A enorme legião de comentadores, oficiais e oficiosos, afectos ao Porto passou a época a “chorar” por Falcao tal como há dois anos passara todo o campeonato a carpir a ausência de Lucho, o que não deixa de ser um modo sombrio e até doentio de encarar o futebol moderno, que, como se sabe, não se compadece com esses sentimentalismos. Aliás, Pinto da Costa dizia o ano passado, quando comemorava com auto-suficiência as vitórias da época, que tinha no plantel substitutos para todos os que tinham jogado com mais regularidade, excepto para Hulk.
Ontem, o Porto, além de perder, foi também goleado, o que de resto não é a primeira vez que sucede na Inglaterra. E não deixa de ser ridículo que perante uma tão grande diferença exibicional entre as duas equipas, traduzida numa eficácia de competência, alguns responsáveis do Porto e comentadores continuem a afirmar que o Porto até não jogou mal, só que não soube… (fazer isto ou aquilo).
De facto, não foi nada disso o que se passou. Tanto no Porto como em Manchester, o City foi sempre muito mais equipa em todos os domínios, essa a razão por que venceu a eliminatória por 6-1!
Com esta derrota fica também manchada a famosa competência técnica de Pinto da Costa, responsabilizado pelos adeptos pelas escolhas desastrosas e arrogantes em matéria de equipa técnica, considerada culpada pela má época europeia do Porto.
Mas, a ser assim, fica também demonstrado que afinal a “estrutura” do Porto não é aquela tal máquina oleada capaz de suportar qualquer andamento. Pelo contrário, o que a presente época do Porto revela é que nenhuma destas grandes equipas dos pequenos países tem condições para manter, contrariados, os grandes jogadores que aspiram, depois das vitórias alcançadas, por grandes contratos nas equipas ricas do futebol europeu.
O Porto de há uns anos, constituído por um núcleo forte de jogadores portugueses, muitos deles da área geográfica do clube, ainda poderia ter a pretensão de manter a equipa coesa face à “ameaça” externa. Mas hoje tudo mudou. Mais correctamente: tudo começou mudar na segunda época de Mourinho no Porto. É nessa altura que se altera definitivamente a “estrutura” do plantel do Porto. Os jogadores ou são estrangeiros ou, se são portugueses, são do sul, não tendo sequer alguns deles qualquer problema em não se identificarem afectivamente com o clube.
Ainda está para se saber como vai o Porto “digerir” esta mudança. Para uma equipa que assentou, pelo menos desde que Pinto da Costa lá está (há décadas), no “bairrismo” agressivo e xenófobo a sua força, que sentido faz para um colombiano ou peruano esta conversa? Ou seja, o Porto também vai ter de se reconverter. Vai ter de ser um clube igual aos outros. O que se está a passar este ano é uma boa ajuda…
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