A OPACIDADE NO FUTEBOL
A quase certa saída de Jonas para o Al-Nassr, da Arábia Saudita,
confirma tudo o que aqui dissemos no último post sobre a opacidade vigente no
futebol português.
A história posta a circular, com a cumplicidade de uma imprensa
hipócrita e domesticada, diz-nos que Jonas pediu para sair por já não se
encontrar em condições físicas de render ao mesmo nível dos últimos quatro
anos. Pedido a que Vieira, solícito, acedeu tendo em conta o passado do jogador
no clube, o alto ordenado que vencia e a proposta irrecusável apresentada pelo
clube saudita.
Ora bem, quando Jonas chegou a Portugal no começo desta época, disse
aos jornalistas que se encontrava fisicamente numa condição excelente,
preparado para fazer uma grande época, acrescentando que tinha passado parte
das suas férias a trabalhar nos ginásios do Corinthians.
Simultaneamente, no Benfica, depois de asseguradas as contratações dos
avançados de Castillo e Ferreyra, este último contratado a peso de ouro, com o
melhor salário do plantel, ia-se passando para a comunicação social a tese de
que Jonas estava com limitações físicas, já evidenciadas no fim da última
época, de modo não apenas a justificar as duas contratações acima referidas,
mas também a preparar o terreno para a saída de Jonas.
Por seu turno, Jonas, logo que chegou e tomou conhecimento, por via de
mais uma fuga ou de um “assalto” à documentação do Benfica, do salário que o clube
iria pagar a Ferreyra, exigiu receber o mesmo ou mais, deixando pelos jornais
indícios seguros da sua mais que evidente insatisfação.
Como nada disto é explicado pela Direcção do Benfica, que, covardemente
se esconde atrás das notícias que vai passando para os jornais, a conclusão que
se pode tirar dos factos acima referidos é a de que Jonas terá ficado magoado
por o plantel passar a integrar um jogador que iria ganhar muito mais do que
ele, sem ter dado nenhumas provas no clube e de as provas prestadas noutros
clubes serem incomparavelmente inferiores às que Jonas presou no Benfica,
passando a admitir a hipótese de sair – hipótese que anos após ano tinha até
hoje recusado apesar de as propostas que lhe chegavam das “arábias” e da China
serem tão boas ou melhores do que aquela que agora lhe terá sido apresentada. O
Benfica, pelo seu lado, que parecia já estar a empurrar Jonas para fora da
equipa, aproveitou a situação criada para concretizar o objectivo que tinha em
vista.
Rui Vitória, que é um pau-mandado de Vieira e que actua sem nenhuma
autonomia, mesmo no plano técnico, foi pondo Jonas na “prateleira” nos jogos
que disputou, tentando preparar por essa via canhestra os sócios para a saída do
jogador.
E assim temos concretizado mais um desinvestimento importantíssimo no
plantel do Benfica (Jonas faz mais falta ao Benfica do que Ronaldo ao Real
Madrid), a que outros (Ruben Dias, se houver quem o quiser) se seguirão, sem
que os sócios e adeptos sejam ouvidos ou chamados.
O futebol dos nossos dias serve-se dessa comunicação social que temos
para ir passando as mensagens que lhe convém – mensagens que essa comunicação
social reproduz acriticamente sem nunca as submeter ao crivo da análise crítica
– e com elas ir fazendo a cabeça dos adeptos.
Vieira abusa dos benfiquistas, comporta-se como um patrão, que não tem
que dar satisfações a ninguém, quando ele não passa de um patrão com dívidas,
muitas dívidas, rodeado por um conjunto de acólitos que lhe obedecem cegamente
por terem no Benfica o seu sustento e único molde de vida.
O Benfica vai pagar caro a saída de Jonas. Vieira vai, mais uma vez, empurrar as culpas. O treinador, que não manda nada, sairá...mas vieira continuará a dispor do Benfica como sua propriedade privada.
Basta!
Esta opacidade, esta ausência de democracia no futebol tem de acabar.
2 comentários:
Se dúvidas houvesse sobre as mentiras e meias palavras que envolvem a "novela Jonas", bastaria ouvir hoje as tristes declarações de Rui Vitória para as dissipar. É muito triste um treinador prestar-se ao papel que Rui Vitória desempenha. Será que ele não percebe que perde todo o respeito dos jogadores, dos adeptos, de todos os que ligam ao futebol?
Igualmente lamentável o artigo de A Bola de hoje sobre Jonas, uma caixa de ressonância das posições da direcção do Benfica. Jornalismo de miséria. Miséria de jornalismo!
E se o Jonas for para o Porto? Se não serve para o Benfica, porque não ir para o Porto?
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