quinta-feira, 30 de outubro de 2025

AS ELEIÇÕES NO BENFICA

 SEGUNDA VOLTA

 

 



Digam o que disserem a grande vitória das eleições de 25 de Outubro de 2025 foi do Benfica. Votaram 85 710 sócios, algo nunca visto num clube de futebol, em qualquer parte do mundo. Todavia, aquele elevadíssimo número de votantes não foi suficiente para atribuir a maioria absoluta dos votos a um dos seis candidatos que concorreram às eleições, elegendo o presidente à primeira volta. Com secções de voto em múltiplos pontos do território nacional e também em vários países da Europa, de África, da América do Norte e do Sul, o Benfica demonstrou que é um dos maiores clubes do mundo, apesar de os resultados desportivos das últimas décadas não lhe terem proporcionado nenhum título (colectivo) de relevo mundial .

Rui Costa teve o voto de 32 898 eleitores a que corresponderam 744 655 votos (43,13%) e João Noronha Lopes, o candidato classificado em segundo lugar, teve 27 109 eleitores a que correspondem 534 818 votos (30/26%).

O acto eleitoral terá segunda volta no próximo dia 8 de Novembro. De certo modo continua tudo em aberto até ao apuramento dos resultados da segunda volta, na qual, segundo certos comentadores, se poderá atingir a participação de cem mil eleitores.

As incógnitas são muitas: o candidato mais votado conseguirá manter ou até aumentar a mobilização dos seus eleitores, tendo em conta que, em muitas secções de voto, tanto no território nacional como no estrangeiro, continuará a ser necessário percorrer longas distâncias para votar? Em quem votarão na segunda volta os eleitores que deram o seu voto aos demais quatro candidatos, dois deles com um número apreciável de votos? Haverá nestas eleições (para escolher os órgãos sociais de um clube de futebol) alguma semelhança com que o que se passa em eleições em que participam partidos políticos? Ou seja, que valores poderão ter as indicações de voto eventualmente dadas aos eleitores pelos candidatos derrotados?

É muito difícil fazer extrapolações com algum rigor, porque no desporto em geral a racionalidade não é necessariamente o que mais impera nem tão-pouco existe a fidelidade partidária. Mais vale falar em nome próprio e dar conta das motivações individuais.

Eu não gosto de candidatos nem de campanhas que afrontem o outro como se fosse um inimigo. Como se aquele que se defronta pertencesse a um clube diferente. Não gosto de candidatos que têm apoiantes despeitados, como acontece quase sempre com os antigos futebolistas que aceitam fazer parte das campanhas e que olham para os candidatos equacionando as vantagens que a sua vitória lhes poderia trazer. Não gosto de candidatos que não sabem reconhecer a grande obra que se fez neste século, não obstante os erros que possam ter sido cometidos. E também não gosto de candidatos que não inspirem confiança, quando fazem do seu trajecto de vida um elemento fundamental da campanha e depois se vem a saber que não é assim tão brilhante como o pintaram. Nem que olhem para o Benfica como um bom modo de vida, como uma profissão muito bem paga. Embora o futebol tenha mudado muito, há limites. E, finalmente, vejo com apreensão a simpatia com que os adversários do Benfica ou até os inimigos, implícita ou até explicitamente, deixam transparecer o seu apoio a um candidato.

Ainda do ponto de vista eleitoral vejo como detestável que certos “comentadores do Benfica” usem o seu tempo de antena para apoiar um dos candidatos, nomeadamente quando esses comentadores estão sempre mais próximos de quem lhes proporciona vantagens e se comportam como “lambe botas” de quem manda. 


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