terça-feira, 26 de junho de 2012

AS MEIAS-FINAIS DO EURO 2012




UMA FINAL INÉDITA OU REPETIDA?
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À medida que se aproximam os jogos das meias-finais vão se multiplicando as análises sobre o que poderá ser o comportamento das equipas nesses confrontos e vai-se prognosticando sobre a hipótese de haver uma final inédita - o que sempre aconteceria se a Itália vencesse o seu confronto com a Alemanha ou se Portugal ganhasse a Espanha.

A Itália de crise em crise e de empate em empate chega, como quase sempre acontece, à fase decisiva da prova, podendo perfeitamente ganhá-la. A Itália, o futebol italiano, é uma espécie de “mourinho” com fair play fora do campo, antes e depois dos jogos. É um futebol que não empolga, mas que ganha. Desta vez há algo de diferente no futebol italiano. Essa diferença tem a ver com a ineficácia atacante dos dianteiros ou do homem que joga mais avançado. Nesse sentido Balotelli não é verdadeiro jogador italiano. É de outras paragens, com outra cultura futebolística. O dianteiro italiano típico para falar apenas das últimas décadas é Paolo Rossi ou, mais recentemente, Pippo Inzaghi. Uma equipa como a Itália não pode dar-se ao luxo de desperdiçar tantas oportunidades como as que Balotelli ingenuamente tem perdido em quase todos os jogos. Por isso não será erado afirmar que ele descaracteriza o futebol italiano. Di Natale, apesar da idade, já demonstrou, num jogo muito difícil, como se faz. Mas agora já não há nada a fazer: Prandelli é vítima das suas próprias opções.

Apesar de a Alemanha ter uma equipa superior, no jogo contra a Itália, tudo pode acontecer como em outras vezes já aconteceu. Além de que, como acontece com todas as equipas, também a Alemanha se não dá bem com todos os “futebóis”. E o italiano é um deles com o qual já perdeu várias finais. Mas não acabam aí as dificuldades dos alemães. Se os espanhóis passarem, como quase toda a gente supõe que passem e como Platini já vaticinou, terão aí uma não menor dificuldade. Perderam com esta Espanha na final do Euro 2008 e na meia-final do Mundial 2010. A grande vantagem da Alemanha relativamente a qualquer outra equipa, mesmo que essa equipa seja a Espanha, é que tem no banco uma equipa que vale praticamente o mesmo da que está em campo. Num torneio como este, de grande exigência física em que se fazem seis jogos em três semanas muito mal distribuídos na sua parte final, pelo menos para algumas equipas, aquela é uma vantagem que não pode ser desprezada. Ela vale tanto relativamente aos italianos como relativamente a qualquer uma das outras duas equipas que poderão disputar a final.

Quanto à Espanha é difícil dizer se a equipa está melhor ou pior que há quatro ou dois anos. Há quatro anos apareceu na Europa uma equipa espanhola decalcada do Barcelona, apesar de o seu treinador de então nada ter a ver com o Barcelona, com um futebol muito semelhante ao que Guardiola nesse mesmo ano pôs o Barcelona a jogar. E toda a gente disse que a habitual “fúria” espanhola, tantas vezes inconsequente e quase sempre sem resultados no plano internacional, tinha dado lugar a um futebol de tipo novo – o futebol de uma equipa que sabia guardar a bola como nenhuma outra e que quando a perdia recuperava-a muito rapidamente. Ao longo destes últimos quatro anos esse futebol, apesar da mudança de seleccionador, tem-se refinado, a ponto de haver já muita gente que se sente “enjoado” com ele. Diz-se que não tem profundidade, que retira emoção ao jogo, que não empolga, etc. Pois a verdade é que esse “futebol sádico” dos espanhóis tem-lhe assegurado as maiores vitórias não tendo havido até hoje nenhuma equipa que tenha conseguido destroná-lo. Apenas a Suíça no primeiro jogo do Mundial de 2010 lhe pregou um valente susto, vencendo por 1-0, e pondo a Espanha a jogar sob tensão os dois restantes jogos do grupo. Mas tudo se resolveu, como se viu. A Espanha foi campeã do mundo.

A equipa deste ano está mais madura sob todos os pontos de vista e até hoje somente a Croácia lhe causou verdadeiros problemas, podendo inclusive tê-la derrotado se o árbitro tivesse visto o que toda a gente viu.

Será todavia muito difícil vencer a Espanha. Começa logo por ser difícil saber como se joga contra a Espanha. É muito difícil tirar-lhe a bola, porque eles jogam muito juntos e tem excelente precisão no passe. Recuperam a bola com muita facilidade pela forma como rodeiam o jogador que está na sua posse. Portugal não tem a mesma precisão de passe nem a mesma capacidade de recuperação. Andar permanentemente atrás da bola cansa muito como se viu no último jogo com a França e como Portugal também já sabe pela experiência falhada de 2010.

Mourinho contra o Barcelona privilegiou o futebol directo apoiado numa forte organização defensiva (trivote) mas os resultados não foram famosos. Em duas épocas, em dez jogos, apenas ganhou dois e foi eliminado em duas provas. Mas talvez tenha que ser assim que Portugal deva jogar, com a agravante de a selecção espanhola, ao contrário do Barcelona, jogar com duplo pivot. Enfim, tudo dificuldades, muitas dificuldades. Se a equipa portuguesa passar comete um grande feito. Se perder, será normal. Além de que temos "menos jogadores" que a Espanha (isto por culpa de Paulo Bento que não fez uma escolha de acordo com as necessidades do torneio, apesar das limitações de recrutamento) e os que podem alinhar tem alinhado sempre. estão naturalmente mais cansados..

Nota final: a ninguém passou despercebido a eficiência com que a arbitragem de Paulo Proença, no último Itália- Inglaterra, assinalou os milimétricos off side da equipa italiana. Pelos vistos, Proença  tem juízes de linha muito bons, logo….

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