UMA FINAL INÉDITA OU
REPETIDA?
À medida que se aproximam os jogos das
meias-finais vão se multiplicando as análises sobre o que poderá ser o
comportamento das equipas nesses confrontos e vai-se prognosticando sobre a hipótese de haver uma final inédita - o que sempre aconteceria se a Itália vencesse o seu confronto com a Alemanha ou se Portugal ganhasse a Espanha.
A Itália de crise em crise e de empate em empate chega, como
quase sempre acontece, à fase decisiva da prova, podendo perfeitamente
ganhá-la. A Itália, o futebol italiano, é uma espécie de “mourinho” com fair play fora do campo, antes e depois
dos jogos. É um futebol que não empolga, mas que ganha. Desta vez há algo de
diferente no futebol italiano. Essa diferença tem a ver com a ineficácia
atacante dos dianteiros ou do homem que joga mais avançado. Nesse sentido
Balotelli não é verdadeiro jogador italiano. É de outras paragens, com outra cultura
futebolística. O dianteiro italiano típico para falar apenas das últimas
décadas é Paolo Rossi ou, mais recentemente, Pippo Inzaghi. Uma equipa como a
Itália não pode dar-se ao luxo de desperdiçar tantas oportunidades como as que
Balotelli ingenuamente tem perdido em quase todos os jogos. Por isso não será erado afirmar que ele
descaracteriza o futebol italiano. Di Natale, apesar da idade, já demonstrou,
num jogo muito difícil, como se faz. Mas agora já não há nada a fazer:
Prandelli é vítima das suas próprias opções.
Apesar de a Alemanha ter uma equipa superior, no jogo contra a Itália, tudo pode
acontecer como em outras vezes já aconteceu. Além de que, como acontece com
todas as equipas, também a Alemanha se não dá bem com todos os “futebóis”. E o
italiano é um deles com o qual já perdeu várias finais. Mas não acabam aí as
dificuldades dos alemães. Se os espanhóis passarem, como quase toda a gente supõe
que passem e como Platini já vaticinou, terão aí uma não menor dificuldade.
Perderam com esta Espanha na final do Euro 2008 e na meia-final do Mundial
2010. A grande vantagem da Alemanha relativamente a qualquer outra equipa,
mesmo que essa equipa seja a Espanha, é que tem no banco uma equipa que vale
praticamente o mesmo da que está em campo. Num torneio como este, de grande
exigência física em que se fazem seis jogos em três semanas muito mal
distribuídos na sua parte final, pelo menos para algumas equipas, aquela é uma
vantagem que não pode ser desprezada. Ela vale tanto relativamente aos
italianos como relativamente a qualquer uma das outras duas equipas que poderão
disputar a final.
Quanto à Espanha é difícil dizer se a equipa está melhor ou
pior que há quatro ou dois anos. Há quatro anos apareceu na Europa uma equipa
espanhola decalcada do Barcelona, apesar de o seu treinador de então nada ter a
ver com o Barcelona, com um futebol muito semelhante ao que Guardiola nesse
mesmo ano pôs o Barcelona a jogar. E toda a gente disse que a habitual “fúria” espanhola,
tantas vezes inconsequente e quase sempre sem resultados no plano internacional, tinha
dado lugar a um futebol de tipo novo – o futebol de uma equipa que sabia
guardar a bola como nenhuma outra e que quando a perdia recuperava-a muito
rapidamente. Ao longo destes últimos quatro anos esse futebol, apesar da mudança de seleccionador, tem-se refinado,
a ponto de haver já muita gente que se sente “enjoado” com ele. Diz-se que não
tem profundidade, que retira emoção ao jogo, que não empolga, etc. Pois a
verdade é que esse “futebol sádico” dos espanhóis tem-lhe assegurado as maiores
vitórias não tendo havido até hoje nenhuma equipa que tenha conseguido
destroná-lo. Apenas a Suíça no primeiro jogo do Mundial de 2010 lhe pregou um
valente susto, vencendo por 1-0, e pondo a Espanha a jogar sob tensão os dois restantes
jogos do grupo. Mas tudo se resolveu, como se viu. A Espanha foi campeã do
mundo.
A equipa deste ano está mais madura sob todos os pontos de
vista e até hoje somente a Croácia lhe causou verdadeiros problemas, podendo
inclusive tê-la derrotado se o árbitro tivesse visto o que toda a gente viu.
Será todavia muito difícil vencer a Espanha. Começa logo por
ser difícil saber como se joga contra a Espanha. É muito difícil tirar-lhe a
bola, porque eles jogam muito juntos e tem excelente precisão no passe. Recuperam
a bola com muita facilidade pela forma como rodeiam o jogador que está na sua
posse. Portugal não tem a mesma precisão de passe nem a mesma capacidade de
recuperação. Andar permanentemente atrás da bola cansa muito como se viu no
último jogo com a França e como Portugal também já sabe pela experiência
falhada de 2010.
Mourinho contra o Barcelona privilegiou o futebol directo
apoiado numa forte organização defensiva (trivote)
mas os resultados não foram famosos. Em duas épocas, em dez jogos, apenas ganhou
dois e foi eliminado em duas provas. Mas talvez tenha que ser assim que
Portugal deva jogar, com a agravante de a selecção espanhola, ao contrário do
Barcelona, jogar com duplo pivot. Enfim, tudo dificuldades, muitas
dificuldades. Se a equipa portuguesa passar comete um grande feito. Se perder,
será normal. Além de que temos "menos jogadores" que a Espanha (isto por culpa de
Paulo Bento que não fez uma escolha de acordo com as necessidades do torneio,
apesar das limitações de recrutamento) e os que podem alinhar tem alinhado sempre. estão naturalmente mais cansados..
Nota final: a ninguém passou despercebido a eficiência com
que a arbitragem de Paulo Proença, no último Itália- Inglaterra, assinalou os
milimétricos off side da equipa
italiana. Pelos vistos, Proença tem
juízes de linha muito bons, logo….
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