sexta-feira, 1 de junho de 2012

VÍTOR BAÍA DESMENTE SCOLARI



O QUE PODERIA VITOR BAÍA DIZER?



Vítor Baía para lá de toda a mediática idolatria que a nomemklatura do FCP faz questão de lhe tributar, tem tido uma relação atribulada com o clube onde mais jogou e onde se tornou famoso.

Primeiro que tudo, e para grande mágoa sua, foi a proibição de participar num dos campeonatos em que Portugal se sagrou campeão mundial de juniores por “imposição” do clube, que dele necessitava para jogar na equipa principal. E por aqui se vê como as coisas já se passavam em matéria de selecção no início dos longínquos anos 90. Quem tinha e quem não tinha influência da selecção.

Depois foi a transferência para o Barcelona, que o FCP tentou contra a vontade de Baía evitar, acabando por a realizar por um preço inacreditável à época para um guarda-redes. Infelizmente, as coisas correram mal a Baía. Independentemente dos títulos que conquistou, foi lá, em Camp Nou, que sofreu as maiores humilhações da sua carreira. Por mais de uma vez um estádio em peso assobiava todas as suas intervenções, quaisquer que elas fossem. E algumas foram anormalmente más para a categoria de um guarda-redes como Vítor Baía. Estava-se na época da “maldição” dos guarda-redes do Barcelona. Não era de facto nada fácil substituir Zubizarreta.

Desmoralizado, Baía regressou ao Porto. E o FCP é um daqueles clubes, como Vítor Baía bem sabe, onde tudo se “paga”. A fidelidade ao clube, mas também as “traições” e as “recuperações” das carreiras aparentemente comprometidas. Para azar de Baía ele lesionou-se e esteve largo tempo inactivo. Até que chegou Mourinho que ele já conhecia do tempo de Bobby Robson - no tempo, como diz Santana Lopes, em que Mourinho andava com o "saco das bolas" às costas.

Tendo em conta o passado recente de Mourinho no clube, como “tradutor” de Robson, e a sua então reduzida dimensão na estrutura da equipa técnica, Baía supôs que poderia ombrear com Mourinho treinador, alguém que ele até tratava por tu. E houve desentendimento grave. Toda a gente tem disso conhecimento: não foi Scolari que inventou; Mourinho chegou a falar no assunto publicamente.

Depois de adequado castigo, Baía, vindo de uma fase decepcionante da sua carreira e tendo consciência de que estava a perder a “parada”, recuou, pediu desculpa e tudo aparentemente se recompôs. Como os sócios e os adeptos continuavam a idolatrar Baía, Pinto da Costa cavalgou essa onda, tanto mais que a subida de forma de Baía em fim de carreira só traria vantagens – e muitas –, como trouxe, à equipa.

Durante esses anos de fim de carreira de Baía, Pinto da Costa, com aquela convicção que ele sabe transmitir, apoiou-o como símbolo do clube e como jogador. As regras estavam bem estabelecidas para que pudesse haver dúvidas quanto ao comportamento a seguir. E Baía aparentemente não as teve tanto assim que aceitou uma passagem tranquila para o banco, dando lugar a uma jovem promessa que entretanto havia surgido.

Terminada a carreira ficou no FC Porto num lugar semelhante ao que agora ocupa Fernando Gomes (outro recuperado por Pinto da Costa) até que com a vinda de Villas-Boas foi despedido. Que ligação havia entre ele e Villas-Boas no tempo de Mourinho é coisa que só dentro do clube sabem.

Já fora de funções, Baía queixa-se de que não lhe estão a prestar no FC Porto o reconhecimento que uma antiga glória como ele merecia. É o ressentimento a vir novamente à superfície. E, pecado dos pecados, diz publicamente que se tivesse sido jogador do Benfica teria tido seguramente outro reconhecimento nacional, dentro e fora do próprio clube. Lamenta muito que no Porto as coisas não se passem assim.

Esta declaração foi fatal. A confiança, que já não era muita, voltou a quebrar-se. O que se terá passado com Baía só ele o saberá. O Porto é uma cidade pequena e tudo quanto esteja directa ou indirectamente ligado ao futebol é dominado pelo FCP. Tudo. Baía que já tinha obrigação de saber isto, voltou a aprender à sua custa. E eis que agora lá vem ele dizer que as palavras de Scolari são falsas já que ninguém de dentro do clube iria pôr em causa a sua participação na selecção nacional, tanto mais que ele tem no presidente do FCP um grande “amigo” sem reservas.

Pois, Baía lá sabe…

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