O CLIMA QUE RODEIA A SELECÇÃO
As palavras de Manuel José, ex-treinador do Al Ahly (Egipto),
várias vezes vitorioso da Taça dos Campeões de África, foram demolidoras para a
selecção e para Paulo Bento. Manuel José não compreende que o estágio da selecção,
que deveria ser de grande concentração e trabalho, tenha servido para
compromissos publicitários, passeios de charrete, festas e outras coisas do
género. Fez uma crítica muito forte a todo o clima extra-futebol que rodeia a
selecção.
Carlos Queiroz, embora noutro registo, deu claramente a
entender que se não houver pulso forte do seleccionador os patrocinadores
tendem a pedir o impensável. E contou um caso que se passou com ele.
Propuseram-lhe que escolhesse 22 jogadores e deixasse o 23.º para ser escolhido
directamente pelo público numa grande festa que eles – patrocinadores –
organizariam.
E também não deixou dúvidas quanto ao papel de Madaíl na
Federação. De Madail e de João Rodrigues e das múltiplas influências que eles
representavam. É caso para dizer que se isso já era assim com Madail, imagine-se o que não será com
Fernando Gomes, posto naquele lugar pelos grandes interesses que giram à volta
do futebol …e também por alguns eternos ingénuos que se deixam permanentemente
enganar!
Manuel Cajuda, mantendo-se elegante e solidário, deu
claramente a entender que não só teria escolhido aqueles jogadores como se
tivesse que jogar com os que Paulo Bento escolheu não jogaria da mesma maneira.
E lá veio outra vez à baila a famosa questão do meio-campo. Portugal tem de ter
mais jogadores no meio-campo e de inculcar nos médios mais preocupações
defensivas.
Finalmente, Medeiros Ferreira, conhecido comentador político,
fez na TVI 24, num programa em que participa com Santana Lopes e Fernando Rosas,
uma crítica muito interessante às escolhas de Paulo Bento. Para bom entendedor
disse o seguinte: a partir do momento em que mudou a direcção da Federação,
Paulo Bento ficou sujeito a critérios mais rígidos para s suas escolhas. Foram convocados jogadores que antes não tinham feito parte
das suas escolhas, ou não faziam parte das escolhas mais regulares,
por estarem representados por nomes muito influentes do empresariado
futebolístico ou por pertencerem a certos clubes, talvez mais correctamente a
certo clube. Lembrou a falta que Ricardo Carvalho vai fazer, a pouca classe de
Rolando (porém do FCP) e se lhe tivessem dado tempo teria dito mais coisas interessantes.
Não é caso para afirmar que o grande público tenha do fenómeno
uma percepção tão minuciosa como a de MF, mas o que não pode haver dúvidas é
que o público percebeu que a selecção com Paulo Bento está a regressar ao
antigamente. E sabe-se o que isso significa em matéria de resultados….De facto, é muito difícil manter a independência.
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