quinta-feira, 7 de junho de 2012

A SELECÇÃO NACIONAL E O CIRCO (DOS PATROCINADORES E DOS EMPRESÁRIOS)




O CLIMA QUE RODEIA A SELECÇÃO



As palavras de Manuel José, ex-treinador do Al Ahly (Egipto), várias vezes vitorioso da Taça dos Campeões de África, foram demolidoras para a selecção e para Paulo Bento. Manuel José não compreende que o estágio da selecção, que deveria ser de grande concentração e trabalho, tenha servido para compromissos publicitários, passeios de charrete, festas e outras coisas do género. Fez uma crítica muito forte a todo o clima extra-futebol que rodeia a selecção.

Carlos Queiroz, embora noutro registo, deu claramente a entender que se não houver pulso forte do seleccionador os patrocinadores tendem a pedir o impensável. E contou um caso que se passou com ele. Propuseram-lhe que escolhesse 22 jogadores e deixasse o 23.º para ser escolhido directamente pelo público numa grande festa que eles – patrocinadores – organizariam. E também não deixou dúvidas quanto ao papel de Madaíl na Federação. De Madail e de João Rodrigues e das múltiplas influências que eles representavam. É caso para dizer que se isso já era assim com Madail, imagine-se o que não será com Fernando Gomes, posto naquele lugar pelos grandes interesses que giram à volta do futebol …e também por alguns eternos ingénuos que se deixam permanentemente enganar!

Manuel Cajuda, mantendo-se elegante e solidário, deu claramente a entender que não só teria escolhido aqueles jogadores como se tivesse que jogar com os que Paulo Bento escolheu não jogaria da mesma maneira. E lá veio outra vez à baila a famosa questão do meio-campo. Portugal tem de ter mais jogadores no meio-campo e de inculcar nos médios mais preocupações defensivas.

Finalmente, Medeiros Ferreira, conhecido comentador político, fez na TVI 24, num programa em que participa com Santana Lopes e Fernando Rosas, uma crítica muito interessante às escolhas de Paulo Bento. Para bom entendedor disse o seguinte: a partir do momento em que mudou a direcção da Federação, Paulo Bento ficou sujeito a critérios mais rígidos para s suas escolhas. Foram convocados jogadores que antes não tinham feito parte das suas escolhas, ou não faziam parte das escolhas mais regulares, por estarem representados por nomes muito influentes do empresariado futebolístico ou por pertencerem a certos clubes, talvez mais correctamente a certo clube. Lembrou a falta que Ricardo Carvalho vai fazer, a pouca classe de Rolando (porém do FCP) e se lhe tivessem dado tempo teria dito mais coisas interessantes.

Não é caso para afirmar que o grande público tenha do fenómeno uma percepção tão minuciosa como a de MF, mas o que não pode haver dúvidas é que o público percebeu que a selecção com Paulo Bento está a regressar ao antigamente. E sabe-se o que isso significa em matéria de resultados….De facto, é muito difícil manter a independência.

Sem comentários: