A MANNSCHAFT VAI PARA CASA
A meia-final desta noite entre a Alemanha e Itália foi um
grande jogo de futebol. Uma grande Itália venceu a Alemanha (2-1) com dois golos
notáveis de Balotelli, uma exibição excelente de Pirlo, uma notável organização
táctica e um futebol tecnicamente quase perfeito não fora algumas perdidas que
a terem sido concretizadas teriam feito passar o jogo de hoje para o pequeno
número dos jogos com resultados históricos entre grandes equipas. Sim, a Itália
poderia ter goleado a Alemanha.
Todos aqueles que apostavam no rigor e na força física alemãs
estão agora com muita dificuldade para explicar uma vitória que não deixou
dúvidas. Dizem que Joachim Löw errou tacticamente, que não deveria ter mudado a
equipa no jogo contra a Grécia, que os titulares perderam rotinas e ritmo. É claro
que estas explicações só podem fazer rir. A selecção alemã tem mais de duas
dezenas de jogadores praticamente iguais. Não é possível a um seleccionador
nestas circunstâncias marginalizar permanentemente meio grupo, como fez, por
exemplo, Paulo Bento. Também não é verdade que o ritmo altamente competitivo
deste tipo de torneios não cause fadiga aos jogadores. Causa e não será pouca: fadiga física e
mental. Por isso nada melhor do que fazê-los rotativamente descansar, podendo. Se
alguma coisa de errado houve na equipa alemã, essa coisa foi a actuação dos
centrais – os tais centrais quer alguns dos nossos comentadores tanto tinham
elogiado. Mas isso já não é culpa do seleccionador.
Pegar em duas ou três jogadas minuciosamente escolhidas para
com base nelas, a maior parte das vezes com a imagem parada,
fazer uma demonstração de como foi o jogo não passa de uma batota. De uma grande batota. Há no
jogo múltiplos factores aleatórios e muitas ouras jogadas iguais às escolhidas
que têm um desfecho completamente diferente. As estatísticas, inclusive as que
se referem à ocupação espacial pelos jogadores, são infinitamente mais fiáveis
de que estes exemplos tácticos com base em jogadas escolhida. Estes exemplos
apenas servem para demostrar ou para explicar por que razão as coisas se
passaram assim naquele lance. Nada mais.
Na verdade o que nós hoje vimos foi uma super equipa italiana
baseada na Juventus, com um maestro extraordinário – Pirlo – e um Balotelli
muito inspirado sempre muito bem acompanhado pela genialidade de Cassano. Como não
reconhecer classe, classe pura, a uma equipa que passa a bola de forma tão
perfeita, que progride com ela sempre tão perigosamente e que defende com tanta
eficiência dentro da sua área, às vezes quase sobre o risco de golo? Sem nunca
perder o sentido do jogo, fazendo as coisas com a tranquilidade e o saber dos
grandes mestres e que além do mais conta com um guarda-redes de eleição. Sim,
que dizer de uma equipa destas?
Pois essa equipa, essa extraordinária equipa, é a Itália. A Itália
para a qual a dificuldade, a grande dificuldade, está sempre na fase de grupos.
Uma vez passada esta fase a Itália é sempre um potencial candidato,
porque é uma equipa que vai crescendo com o avançar da prova. Tem sido assim neste Euro como assim
já foi em muitos Mundiais ou Europeus anteriores.
Para concluir, é nossa convicção que o grande adversário da Itália na
final de domingo não será a Espanha, mas o cansaço. A Itália jogou os quartos-de-final,
com prolongamento, no domingo; jogou as meias-finais hoje (quinta-feira) e vai jogar
a final menos de três dias depois. A Espanha como se viu no jogo contra Portugal está mais fresca. Vai ser em qualquer caso uma final muito difícil para Espanha.
Sem comentários:
Enviar um comentário