AS SURPRESAS E A
NORMALIDADE
A fase de grupos terminou com poucas surpresas. Tudo ficou
mais ou menos dentro do esperado. Fala-se muito da Holanda, mas para que a
Holanda tivesse sido apurada era preciso que Portugal ou a Alemanha tivessem
ficado de fora. Mas isso não seria normal. Desde 1996, ou melhor, sempre que
Portugal foi à fase final do Europeu de futebol passou a fase de grupos. E
Alemanha só não passou uma vez. Em contrapartida já foi campeã. A Holanda uma
vez campeã, bem como a Dinamarca, é que nem sempre passaram a fase de grupos.
Portanto, como neste grupo, muito forte, dois tinham que sair – como em qualquer
outro – surpresa só haveria se um dos eliminados fosse a Alemanha. Fora isso
tudo normal.
O outro caso é o da Rússia, principalmente pelo que fez
nestes últimos dois anos. É bom não esquecer que a Rússia tem falhado as fases
finais do Mundial e do Europeu. E se é verdade que tem estado melhor
ultimamente essa melhoria não foi contudo suficiente para se qualificar. A
Grécia e a República Checa não são duas grandes potências futebolísticas, mas
a Polónia e a Rússia, os outros dois do seu grupo, também não.
Depois, é natural que tenha passado a Itália e a Espanha, bem
como a França e a Inglaterra. A Inglaterra não fez ontem um bom jogo contra a
Ucrânia. Mas teve mais sorte. Desde logo por não ter sido validado um golo que
entrou. Mais uma vez se constata a quase inutilidade dos árbitros de baliza.
Aliás, em questões como a de ontem – que não são assuntos de opinião nem de
avaliação subjectiva – mais valia recorrer ao vídeo e decidir de acordo com
ele sempre que as imagens não deixassem dúvidas. A Inglaterra foi recompensada
na Ucrânia do golo que não lhe validaram na África do Sul contra a Alemanha.
Assim, tendo em conta as equipas que passaram, bem se poderá
dizer que vamos ter alguns jogos interessantes nos quartos-de-final…nem todos
pelas mesmas razões. De todos o que suscita maior entusiasmo é o Grécia-Alemanha
por razões extra-futebol. Seria uma grande festa na Grécia e nos países do sul
da Europa se os “rapazes do Fernando Santos” eliminassem a Alemanha. Que pena o
Karagounis não jogar, injustamente afastado por uma falta que não cometeu.
O Itália-Inglaterra vai ser um jogo interessante principalmente
por esta Inglaterra estar futebolisticamente falando mais perto da Itália do
que alguma vez já esteve. Já se sabe como é: a Itália nunca deslumbra, mas se
defender bem e for eficiente na frente pode sempre ganhar a qualquer equipa.
Sempre assim foi e não há razões para supor que vai deixar de ser desta vez.
O Espanha-França é um jogo que, em princípio, a Espanha
ganhará, apesar de não ter estado nada bem contra a Croácia. Já não é a “máquina”
de há quatro anos nem de há dois, mas deve chegar para a França.
No jogo porventura menos desinteressante da próxima
eliminatória, Portugal-República Checa, a questão está em saber como vai a
equipa portuguesa lidar com o favoritismo que lhe é atribuído e como vai também
lidar com a iniciativa do jogo que os checos lhe vão conceder, ela que é a
segunda equipa com menos posse de bola. O clima de euforia em regra nunca traz
nada de bom aos portugueses e a idolatria à volta da figura de Ronaldo menos
ainda. É preciso que se diga que Ronaldo jogou bem contra a Holanda – uma equipa
que tem um futebol do nosso agrado – do mesmo modo que a maior parte dos seus companheiros.
E que marcou dois golos, é certo, o segundo com arte, a mesma arte que não teve
quando contra a Dinamarca falhou outros tantos. Portanto, nada de exageros…
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