quarta-feira, 9 de maio de 2012


AS GRANDES MANOBRAS - ATAQUE A VIEIRA



SPORTING QUER ESCOLHER O ÁRBITRO PARA A FINAL DA TAÇA



Depois da grande desilusão causada pela perda de um campeonato que parecia ganho, há quem dentro do Benfica acredite que estão criadas as condições para um ataque em forma a Vieira, lançando uma candidatura que possa recolher o apoio maioritário dos sócios.

As manobras com esse objectivo já começaram e nem será muito difícil prever os apoios com que poderão contar nem os pontos fracos que mais serão evidenciados.

Aparentemente, mas só aparentemente, a estatística funciona contra Vieira: dois campeonatos, quatro Taças da Liga e cinco participações na Liga dos Campeões tendo em apenas duas delas ultrapassado a fase de grupos, várias participações na Liga Europa, com uma presença na meia-final (logo desvalorizada por ter sido perdida contra o Braga) parece pouco para quem está no poder há vários anos. Um “pouco” que mais se agrava quando comparado com os resultados obtidos pelo Porto no mesmo período – vitórias em todos os campeonatos que o Benfica não ganhou, vitórias na Taça de Portugal, na Supertaça, na Liga Europa, na Liga dos Campeões, enfim, um palmarés invejável e difícil de aceitar sem partilha pelos adeptos benfiquistas.

Depois vem a juntar a isto a frustração das duas últimas épocas que, apesar das promessas, das expectativas e acima de tudo dos investimentos, ficaram muito aquém do pretendido. Ou seja, ficaram pelo segundo lugar no campeonato, com várias humilhações à mistura, com acesso à Liga dos Campeões – acesso directo no próximo ano.

É razoável ou é muito pouco? A resposta é muito simples: se o campeonato português fosse mais competitivo e a luta pelo primeiro lugar estivesse ao alcance de, pelo menos, quatro equipas, capazes de dividir entre si as vitórias, os resultados do Benfica até seriam aceitáveis. Mas como se dá o caso de a luta estar praticamente circunscrita a duas equipas e de uma delas – o Porto – manifestar uma grande superioridade sobre as demais, ao Benfica, como equipa de grandes pergaminhos e titular de um passado glorioso, cai mal, muito mal, este papel de segunda equipa no confronto com o Porto.

Depois dá-se o caso de os treinadores – todos os treinadores da era Vieira – terem ficado francamente abaixo das expectativas – Toni (embora à época Vieira não fosse presidente, mas tão só responsável pelo departamento de futebol), Koeman, Camacho, Fernando Santos, Quique Flores e Jesus. E mesmo o experimentadíssimo Trapattoni, que teve o bom senso de se ir embora mal se sagrou campeão, esteve em risco de não terminar a época em que acabou por ser campeão. E, muito provavelmente, não completaria a segunda se tivesse ficado.

De todos, porém, paradoxalmente, o que mais decepcionou foi Jesus, por ser aquele do qual mais se esperava a partir da vitória alcançada na primeira época. E todavia com os seus três anos de permanência na Luz, Jesus é sem a menor dúvida o treinador com os melhores resultados destes últimos vinte e tal anos.

Entendamo-nos: Jesus não é no plano europeu um grande treinador, mas é um treinador da classe média alta, cujas falhas até seriam, na maior parte dos casos, supríveis por um clube que tivesse uma estrutura técnico-organizativa que ele respeitasse (ou fosse obrigado a respeitar). Entregue a si próprio, aos seus caprichos, às suas limitações culturais, é muito provável que no Benfica cometa erros que noutro clube mais organizado certamente não cometeria – erros comunicacionais (comete imensos) e erros técnico-tácticos (favorecidos pela ausência de uma estrutura superior de enquadramento).

Como estes são os pontos fracos de Vieira é natural que apareça contestação. E é positivo que tal aconteça para evitar a autocracia do presidente.

Acontece, porém, que o que se perfila no horizonte é o pior que ao Benfica poderia acontecer. Um Benfica “governado” pelas empresas de Joaquim Oliveira, com presidentes sob a tutela intelectual de Pinto da Costa, é exactamente aquilo que o Benfica menos precisa.  

Como frequentemente aqui se tem dito, Seara não está nos programas desportivos em que participa para defender os interesses do Benfica, mas apenas e só para se promover politica e desportivamente. Com os viscosos consensos em que frequentemente se enreda, rapidamente se percebe que os seus objectivos são outros. O Benfica serve apenas de apoio e trampolim...

A recente divulgação de um jantar em que participou com inimigos jurados do Benfica, para comemoração da derrota na Luz, contra o Porto, para o campeonato, deixa-lhe pouca margem para continuar na TV em representação do Benfica quanto mais para se candidatar à sucessão de Vieira ou mesmo para participar na escolha do seu eventual sucessor.

No Sporting, pelo contrário, reina o mais completo fanatismo, que em alguns casos – como em Barroso – entra nos domínios do patológico, tal a mania persecutória que enforma a maior parte das suas intervenções. Uma paranóia perigosa tanto no plano desportivo como social.

De facto, depois de tudo o que agora se sabe do Sporting em matéria de árbitros, nomeadamente dos condicionalismos ou mesmo constrangimentos que a partir de dentro lhes procuraram criar, é de uma grande desfaçatez vir para os jornais vetar árbitros e tentar escolher aqueles que de antemão se sabe – sabe-se lá porquê merecerem os favores do Sporting.

Os fanáticos do Sporting continuam a propagar a ideia falsamente documentada de que foram prejudicados pela arbitragem. É falso! Foram beneficiados em muitos jogos; apenas em dois, um deles arbitrado por Pedro Proença, cujas cores clubistas são, como se sabe, mais fortes do que as suas convicções como árbitro, têm razões de queixa.

Já se percebeu que a campanha em curso – a que se conhece, pode haver outras … - visa criar as condições para uma arbitragem amigável no jogo contra a Académica.

Ver-se-á depois o resultado de tudo isto…

Sem comentários: