AS GRANDES MANOBRAS -
ATAQUE A VIEIRA
SPORTING QUER ESCOLHER
O ÁRBITRO PARA A FINAL DA TAÇA
Depois da grande desilusão causada pela perda de um
campeonato que parecia ganho, há quem dentro do Benfica acredite que estão
criadas as condições para um ataque em forma a Vieira, lançando uma candidatura
que possa recolher o apoio maioritário dos sócios.
As manobras com esse objectivo já começaram e nem será muito
difícil prever os apoios com que poderão contar nem os pontos fracos que mais
serão evidenciados.
Aparentemente, mas só aparentemente, a estatística funciona
contra Vieira: dois campeonatos, quatro Taças da Liga e cinco participações na
Liga dos Campeões tendo em apenas duas delas ultrapassado a fase de grupos,
várias participações na Liga Europa, com uma presença na meia-final (logo
desvalorizada por ter sido perdida contra o Braga) parece pouco para quem está
no poder há vários anos. Um “pouco” que mais se agrava quando comparado com os
resultados obtidos pelo Porto no mesmo período – vitórias em todos os
campeonatos que o Benfica não ganhou, vitórias na Taça de Portugal, na Supertaça,
na Liga Europa, na Liga dos Campeões, enfim, um palmarés invejável e difícil de
aceitar sem partilha pelos adeptos benfiquistas.
Depois vem a juntar a isto a frustração das duas últimas
épocas que, apesar das promessas, das expectativas e acima de tudo dos
investimentos, ficaram muito aquém do pretendido. Ou seja, ficaram pelo segundo
lugar no campeonato, com várias humilhações à mistura, com acesso à Liga dos
Campeões – acesso directo no próximo ano.
É razoável ou é muito pouco? A resposta é muito simples: se o
campeonato português fosse mais competitivo e a luta pelo primeiro lugar estivesse
ao alcance de, pelo menos, quatro equipas, capazes de dividir entre si as
vitórias, os resultados do Benfica até seriam aceitáveis. Mas como se dá o
caso de a luta estar praticamente circunscrita a duas equipas e de uma delas –
o Porto – manifestar uma grande superioridade sobre as demais, ao Benfica, como
equipa de grandes pergaminhos e titular de um passado glorioso, cai mal, muito
mal, este papel de segunda equipa no confronto com o Porto.
Depois dá-se o caso de os treinadores – todos os treinadores da era
Vieira – terem ficado francamente abaixo das expectativas – Toni (embora à
época Vieira não fosse presidente, mas tão só responsável pelo departamento de
futebol), Koeman, Camacho, Fernando Santos, Quique Flores e Jesus. E mesmo o experimentadíssimo
Trapattoni, que teve o bom senso de se ir embora mal se sagrou campeão, esteve em risco de não terminar a época em que acabou por ser
campeão. E, muito provavelmente, não completaria a segunda se tivesse ficado.
De todos, porém, paradoxalmente, o que mais decepcionou foi
Jesus, por ser aquele do qual mais se esperava a partir da vitória alcançada na
primeira época. E todavia com os seus três anos de permanência na Luz, Jesus é
sem a menor dúvida o treinador com os melhores resultados destes últimos vinte e
tal anos.
Entendamo-nos: Jesus não é no plano europeu um grande treinador,
mas é um treinador da classe média alta, cujas falhas até seriam, na maior
parte dos casos, supríveis por um clube que tivesse uma estrutura técnico-organizativa
que ele respeitasse (ou fosse obrigado a respeitar). Entregue a si próprio,
aos seus caprichos, às suas limitações culturais, é muito provável que no
Benfica cometa erros que noutro clube mais organizado certamente não cometeria –
erros comunicacionais (comete imensos) e erros técnico-tácticos (favorecidos
pela ausência de uma estrutura superior de enquadramento).
Como estes são os pontos fracos de Vieira é natural que
apareça contestação. E é positivo que tal aconteça para evitar a autocracia do
presidente.
Acontece, porém, que o que se perfila no horizonte é o pior
que ao Benfica poderia acontecer. Um Benfica “governado” pelas empresas de
Joaquim Oliveira, com presidentes sob a tutela intelectual de Pinto da Costa, é
exactamente aquilo que o Benfica menos precisa.
Como frequentemente aqui se tem dito, Seara não está nos
programas desportivos em que participa para defender os interesses do Benfica, mas
apenas e só para se promover politica e desportivamente. Com os viscosos consensos
em que frequentemente se enreda, rapidamente se percebe que os seus
objectivos são outros. O Benfica serve apenas de apoio e trampolim...
A recente divulgação de um jantar em que participou com inimigos
jurados do Benfica, para comemoração da derrota na Luz, contra o Porto, para o campeonato,
deixa-lhe pouca margem para continuar na TV em representação do Benfica quanto
mais para se candidatar à sucessão de Vieira ou mesmo para participar na
escolha do seu eventual sucessor.
No Sporting, pelo contrário, reina o mais completo fanatismo,
que em alguns casos – como em Barroso – entra nos domínios do patológico, tal a
mania persecutória que enforma a maior parte das suas intervenções. Uma
paranóia perigosa tanto no plano desportivo como social.
De facto, depois de tudo o que agora se sabe do Sporting em
matéria de árbitros, nomeadamente dos condicionalismos ou mesmo
constrangimentos que a partir de dentro lhes procuraram criar, é de uma grande desfaçatez vir para
os jornais vetar árbitros e tentar escolher aqueles que de antemão se sabe –
sabe-se lá porquê – merecerem os
favores do Sporting.
Os fanáticos do Sporting continuam a propagar a ideia
falsamente documentada de que foram prejudicados pela arbitragem. É falso! Foram
beneficiados em muitos jogos; apenas em dois, um deles arbitrado por Pedro
Proença, cujas cores clubistas são, como se sabe, mais fortes do que as suas convicções
como árbitro, têm razões de queixa.
Já se percebeu que a campanha em curso – a que se conhece, pode haver outras … - visa criar as condições para uma arbitragem amigável
no jogo contra a Académica.
Ver-se-á depois o resultado de tudo isto…
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