A DIFICIL TAREFA DA
SELECÇÃO NACIONAL
Já muito se falou das escolhas de Paulo Bento. Portugal com
um universo de recrutamento pequeno não tem muito por onde escolher. Não há indiscutíveis
que tenham ficado de fora. Mas há dentro, discutíveis.
Paulo Bento perdeu parte da aura que ganhou nos primeiros
jogos quando se revelou, primeiro, teimoso, às vezes até casmurro, e depois,
menos independente do que muitos supunham.
E são esses dois aspectos que acabam por estar presentes na
convocatória anunciada há dias.
Há nomes na lista de convocados que não fazem qualquer
sentido, salvo o sentido que resulta de já terem, sem sentido, sido sistematicamente
convocados para a fase de grupos e para o play
off.
No meio campo Rúben Micael é uma escolha que não acrescenta
rigorosamente nada à selecção. Tão pouco a sua prestação na liga espanhola
justificaria a chamada. De fora ficaram jogadores como Manuel Fernandes, um
médio de grande talento, e mesmo Hugo Viana que não sendo um jogador adaptável
a todos os estilos de jogo deveria por isso mesmo ter sido convocado. Numa emergência
haveria ali uma alternativa diferente a quem lá estava.
No ataque Ricardo Quarema já demonstrou não ter nem a
regularidade nem talvez mesmo a estabilidade psicológica necessárias para jogar
na selecção. A selecção necessitaria de alguém que pudesse ser uma verdadeira
opção a Ronaldo e a Dani. Quarema não é. Também é injustificável a chamada de
dois jogadores com o Postiga e Hugo Almeida, poi,s sendo ambos apenas sofríveis, um
deles bastaria.
Na defesa é inadmissível que Bosingwa não tenha sido
convocado. Se a chamada de Miguel Lopes foi o que se pode chamar uma surpresa
agradável, pelo bom campeonato que fez nesta ponta final, a insistência em João
Pereira como titular, além de ser um risco permanente, representa também uma
menos valia competitiva no plano técnico. Se tivermos em conta a época medíocre
de Coentrão, em grande parte ditada pela concepção táctica castradora de
Mourinho, percebe-se o risco que a defesa portuguesa pode correr logo nos primeiros
dois jogos, ambos decisivos, com a composição que desde já se adivinha. Risco
agravado pela instabilidade disciplinar de Pepe, um defesa “marcado” pelas
arbitragens.
Em Portugal os seleccionadores apenas convocam jogadores dos
chamados grandes, agora também do Braga por ter repetidamente ficado à frente
do Sporting e são completamente avessos à escolha de jovens por mais óbvios que
sejam os seus talentos. Essa seguramente a razão por que Hugo Vieira fica de
fora.
Deve, porém, reconhecer-se que com estas ou outras escolhas
a tarefa de Portugal será sempre muito difícil e a passagem aos quartos de final muito problemática. Se o conseguir será um
grande feito já que o grupo que vai integrar no Euro 2012 é sem dúvida o mais
forte de todos os que já conheceu desde 1996. Aliás, os grupos do Europeu
tendem a ser, quase sem excepções, bastante mais fortes do que os do Mundial.
Ronaldo, que tem beneficiado de uma grande campanha com vista
ao “melhor do ano” pela grande época que fez, dificilmente poderá atingir na selecção
os níveis exibicionais que alcançou no Real Madrid ou, antes, no Manchester,
pela razão simples de lhe faltarem na selecção os jogadores que alinham
naqueles clubes.
Vencer a Alemanha ou a Holanda e a Dinamarca é tarefa muito
difícil. E, em princípio, Portugal terá de vencer dois jogos para passar ou,
talvez, empatar dois e ganhar um. Muito difícil.
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