segunda-feira, 21 de maio de 2012

AS ESCOLHAS DE PAULO BENTO




A DIFICIL TAREFA DA SELECÇÃO NACIONAL



Já muito se falou das escolhas de Paulo Bento. Portugal com um universo de recrutamento pequeno não tem muito por onde escolher. Não há indiscutíveis que tenham ficado de fora. Mas há dentro, discutíveis.

Paulo Bento perdeu parte da aura que ganhou nos primeiros jogos quando se revelou, primeiro, teimoso, às vezes até casmurro, e depois, menos independente do que muitos supunham.

E são esses dois aspectos que acabam por estar presentes na convocatória anunciada há dias.

Há nomes na lista de convocados que não fazem qualquer sentido, salvo o sentido que resulta de já terem, sem sentido, sido sistematicamente convocados para a fase de grupos e para o play off.

No meio campo Rúben Micael é uma escolha que não acrescenta rigorosamente nada à selecção. Tão pouco a sua prestação na liga espanhola justificaria a chamada. De fora ficaram jogadores como Manuel Fernandes, um médio de grande talento, e mesmo Hugo Viana que não sendo um jogador adaptável a todos os estilos de jogo deveria por isso mesmo ter sido convocado. Numa emergência haveria ali uma alternativa diferente a quem lá estava.

No ataque Ricardo Quarema já demonstrou não ter nem a regularidade nem talvez mesmo a estabilidade psicológica necessárias para jogar na selecção. A selecção necessitaria de alguém que pudesse ser uma verdadeira opção a Ronaldo e a Dani. Quarema não é. Também é injustificável a chamada de dois jogadores com o Postiga e Hugo Almeida, poi,s sendo ambos apenas sofríveis, um deles bastaria.

Na defesa é inadmissível que Bosingwa não tenha sido convocado. Se a chamada de Miguel Lopes foi o que se pode chamar uma surpresa agradável, pelo bom campeonato que fez nesta ponta final, a insistência em João Pereira como titular, além de ser um risco permanente, representa também uma menos valia competitiva no plano técnico. Se tivermos em conta a época medíocre de Coentrão, em grande parte ditada pela concepção táctica castradora de Mourinho, percebe-se o risco que a defesa portuguesa pode correr logo nos primeiros dois jogos, ambos decisivos, com a composição que desde já se adivinha. Risco agravado pela instabilidade disciplinar de Pepe, um defesa “marcado” pelas arbitragens.

Em Portugal os seleccionadores apenas convocam jogadores dos chamados grandes, agora também do Braga por ter repetidamente ficado à frente do Sporting e são completamente avessos à escolha de jovens por mais óbvios que sejam os seus talentos. Essa seguramente a razão por que Hugo Vieira fica de fora.

Deve, porém, reconhecer-se que com estas ou outras escolhas a tarefa de Portugal será sempre muito difícil e a passagem aos quartos de final muito problemática. Se o conseguir será um grande feito já que o grupo que vai integrar no Euro 2012 é sem dúvida o mais forte de todos os que já conheceu desde 1996. Aliás, os grupos do Europeu tendem a ser, quase sem excepções, bastante mais fortes do que os do Mundial.

Ronaldo, que tem beneficiado de uma grande campanha com vista ao “melhor do ano” pela grande época que fez, dificilmente poderá atingir na selecção os níveis exibicionais que alcançou no Real Madrid ou, antes, no Manchester, pela razão simples de lhe faltarem na selecção os jogadores que alinham naqueles clubes.
Vencer a Alemanha ou a Holanda e a Dinamarca é tarefa muito difícil. E, em princípio, Portugal terá de vencer dois jogos para passar ou, talvez, empatar dois e ganhar um. Muito difícil.

Sem comentários: