UMA VITÓRIA MERECIDA
ACADÉMICA - 1 - SPORTING - 0
A Académica ganhou hoje pela segunda vez aTaça de Portugal 73 anos
depois de ter vencido a primeira.
Num jogo que o Sporting tinha antecipadamente por ganho,
tanto assim que os seus adeptos e jornalistas mais conhecidos já comemoravam de
véspera uma vitória que igualaria a marca do Porto na competição (16 vitórias).
Mais uma vez porém o futebol desfez os prognósticos mais seguros.
Na véspera percebeu-se que o Sporting estava nervoso.
Desgostou ao Sporting que Adrien, jogador na Académica, emprestado pelo Sporting,
tivesse manifestado publicamente o seu desejo de vencer. Esta gente de Alvalade
entende, como a coisa mais natural deste mundo, que os deveres do jogador como
profissional se devem subordinar aos interesses do Sporting.
É por esta e por outras como esta que há
gente no Sporting que já não se iibe de recorrer a vários meios de pressão para conseguir ganhar fora do campo o
que os seus jogadores e a sua equipa técnica não conseguem dentro dele.
Bem vistas as coisas, se em Portugal imperasse a verdade desportiva,
o Sporting nem nesta final deveria estar depois do que se passou antes do jogo
contra o Marítimo. Mas não somente esteve como o dirigente envolvido no
depósito bancário a José Cardinal continua na direcção do clube como se nada se
tivesse passado.
Antes da final com a Académica alguns “notáveis”
sportinguistas fizeram várias pressões sobre os responsáveis pela arbitragem
para que certos árbitros não fossem escolhidos. Acabou por ser escolhido um árbitro
com pouco curriculum que, à parte as habituais particularidades da arbitragem
portuguesa, nem sequer esteve mal no jgo de hoje, mas que exactamente pelo seu pouco peso
institucional se poderia prestar a todo o tipo de pressões dentro e à volta do
campo. E viu-se, mal o jogo começou, que os jogadores e o corpo técnico do
Sporting estavam dispostos a enveredar por esse caminho. É natural que o
árbitro tenha sido um pouco sensível a essa pressão na amostragem de dois cartões
amarelos a jogadores da Académica por faltas insignificantes, pouco depois
compensados por outros dois cartões exibidos a jogadores do Sporting por
protestos. No cômputo geral da partida Paulo Baptista terá cometido dois erros com
alguma relevância – um fora de jogo não assinalado a Edinho e uma falta para
grande penalidade sobre o mesmo Edinho não assinalada.
Em conclusão: por muito que os sportinguistas venham agora
falar da arbitragem – e muito provavelmente virão, como sempre fazem – a vitória
da Académica é incontestável e só peca por escassa.
Tal como ontem o Chelsea também hoje a Académica jogou contra
o Sporting com as armas que tem. Jogou recuada, com as linhas baixas,
procurando sempre tirar partido dos desequilíbrios do Sporting.
E conseguiu executar com êxito esta estratégia. Com três
minutos de jogo Marinho marcou de cabeça e cinco minutos depois Edinho – esta tarde
manifestamente em dia não – não deu a melhor direcção a um remate de cabeça do
qual poderia ter resultado outro golo.
Durante toda a primeira parte o Sporting limitou-se a correr
muito com a bola sem nunca verdadeiramente causar qualquer perigo. Aliás,
Ricardo, o guarda-redes da Académica, não fez na primeira parte uma única defesa
digna desse nome.
Na segunda parte a Académica começou melhor e por duas vezes,
separadas por escassos minutos, esteve em vias de marcar, ambas por Edinho. Da
primeira vez, isolado frente a Rui Patrício, atirou contra o guarda-redes e da segunda,
sozinho de frente para a baliza, falhou um golo certo a centro de um
companheiro – bastaria “encostar” o pé, coisa que o avançado da Académica
incrivelmente não conseguiu fazer.
À medida que o tempo passava aumentava a ansiedade do Sporting
e o cansaço da Académica mas, simultaneamente, ia-se firmando a convicção de
que os “estudantes” seriam capazes de aguentar o resultado. E foi o que se
passou, a Académica, apesar de cansada esteve sempre à altura, das circunstâncias. É certo que perto do fim do encontro o Sporting falhou a única oportunidade
de golo que verdadeiramente teve em toda a partida - isolado face a Ricardo, Wolfswinkel
rematou contra o guarda-redes - mas esse "falhanço" de modo algum interfere com a jistiça do resultado.
O árbitro concedeu seis minutos de compensação,
sem que o Sporting tenha conseguido tirar partido desse excepcional tempo-extra nem,
tão pouco, da pouca força física que a Académica já acusava. E assim se "escreveu" uma vitória que a Académica já merecia há muitas décadas!
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