A CONFIRMAÇÃO DO QUE
SABIA
Em entrevista à RTP, Scolari fala das possibilidades da
selecção portuguesa no Euro 2012 e, pela primeira vez, confessa publicamente um
conjunto de factos de que já se suspeitava, ou se tinha mesmo a certeza que
aconteciam, mas que a partir de agora passam a ter a confirmação de quem
conviveu com eles de perto.
Scolari fala da influência de Pinto da Costa nas escolhas do
seleccionador, das conversas com o presidente da Federação para lhe sugerir a
escolha deste ou daquele jogador e fala também da hostilidade que teve de
suportar por se ter mantido fiel à independência de acção à frente da selecção.
Mas fala também, pela primeira vez, pelo menos de modo explícito,
sobre a não convocatória de Vítor Baia e curiosamente diz que ficou a saber por
Pinto da Costa dos conflitos do guarda-redes com o treinador do Porto e com o
clube o que associado às conversas que entretanto
ia tendo sob a influência de Vítor Baia no balneário o levou à sua não
convocação.
Confessa também que depois de ter deixado a selecção
portuguesa as suas relações com Pinto da Costa normalizaram.
Esta conversa tida em estilo descontraído com o repórter da
RTP em São Paulo confirma o que já se sabia quanto à influência de Pinto da
Costa em todos os domínios do futebol português mas confirma também que há
todas as razões para suspeitar que essa mesma influência se mantém tanto na
selecção como noutras áreas do futebol desde que as pessoas que têm a função de
decidir nos mais diversos lugares dos órgãos federativos ou da Liga de clubes não
tenham a coragem ou a força suficientes para manter a sua independência,
fazendo frente às pressões de dirigentes poderosos e temíveis como Pinto da
Costa.
Ao nível da selecção é legítimo continuar a perguntar por que
razão não foi João Moutinho convocado para o Mundial da África do Sul ou por
que motivo chamou Paulo Bento para o euro 2012 jogadores que nunca antes tinham
sido convocados, inclusive quando eram titulares nas suas equipas, ou por que
deixou de convocar outros.
Assim como é legítimo perguntar como puderam os presidentes
do Sporting e do Benfica apoiar para presidente da Federação Portuguesa de
Futebol um ex-braço direito de Pinto da Costa que, se divergências teve com ele,
foram divergências de gestão empresarial, mas nunca de estratégia clubística.
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