sábado, 23 de outubro de 2021

O BENFICA, O BAYERN DE MUNIQUE E JORGE JESUS

 

A DERROTA DO BENFICA 

Como os benfiquistas sabem, o Benfica tem uma péssima “relação” com o Bayern. Porventura, a pior de todas no quadro geral das competições europeias. O Benfica dá-se mal com o Bayern. Não só nunca lhe conseguiu ganhar como foi por várias vezes goleado, embora em Munique.

A primeira vez que o Benfica defrontou o Bayern foi em 1975/76, era treinador Mário Wilson – empatou 0-0 em Lisboa e perdeu 1-4 em Munique; em 1995/96, para a Taça UEFA, perdeu em Lisboa por 1-3 e em Munique por 1-4, e era novamente treinador Mário Wilson; em 2015/16, perdeu em Munique por 0-1 e empatou na Luz por 2-2, era treinador Rui Vitória; em 2018/19, perdeu 0-2 na Luz e 1-5 em Munique, era treinador Rui Vitória.

Na presente temporada 2021/22, com Jorge Jesus ao leme, o Benfica sofreu contra o Bayern a maior derrota em casa e no dia 2 de Novembro terá de ir jogar a Munique.

Não interessa agora discutir se esta equipa do Benfica é a melhor que até hoje defrontou o Bayern ou se já houve outras muito melhores que no passado também perderam. Ou se o Benfica tem tido o azar de defrontar o Bayern quando este se encontra em grande forma e tem uma grande equipa. As estatísticas dizem-nos que a equipa do Benfica que melhores resultados alcançou contra o Bayern foi a de Rui Vitória, tendo estado na Luz a um passo da vitória, se Jovic, mesmo no fim, não tivesse falhado uma bola de golo e que o Bayern, desde que começou a Bundesliga, no actual formato, tem tido sempre grandes equipas e já foi campeão europeu por 6 vezes.

Dito isto, Jorge Jesus não sai ileso do desaire da Luz da passada quarta-feira (0-4) por várias razões. Em primeiro lugar, é absolutamente despropositada a conversa do treinador do Benfica nas intervenções que antederam o jogo. Afirmar constantemente que o Benfica iria defrontar “a melhor equipa do mundo” , que integra alguns dos “melhores jogadores do mundo” não é nem nunca foi uma atitude motivacional nem fortalecedora do espírito da equipa. Pelo contrário, é factor de desmoralização dos jogadores que, perante o quadro traçado pelo treinador, começam a sentir-se impotentes antes de o próprio desafio se iniciar.  E é uma tentativa de desculpabilização antecipada do treinador que, passando uma mensagem de dificuldade quase inultrapassável, quer desde logo desresponsabilizar-se pela derrota e preparar os adeptos e os dirigentes para o pior. Ora, os adeptos não precisam que Jorge jesus lhes diga qual a valia do Bayern já que muitos deles vêem-no jogar todas as semanas na liga alemã e também nas competições internacionais, bem como igualmente sabem como têm corrido as coisas internamente na Bundesliga ao Bayern de Munique. O que Jesus tem de fazer é preparar a equipa para jogar seja contra quem for, que é exactamente isso que fazem os treinadores das equipas portuguesas menos apetrechadas quando defrontam o Benfica, sejam elas da primeira, da segunda ou da terceira divisão. E muitas vezes com excelentes resultados.

Depois ficou também claro para quem estava a ver o jogo que na sua preparação se não tomou na devida consideração a avalanche ofensiva do Bayern em todos os momentos do jogo, facto que necessariamente levaria, mais tarde ou mais cedo, à derrota. E já durante o jogo quando se esperava, depois do primeiro golo do Bayern resultante de um livre muito bem executado, que o Benfica reforçasse o meio campo para tentar fazer frente à torrencial capacidade ofensiva do Bayern, deixando ficar em campo os seus dois jogadores mais rápidos (Darwin e Rafa), Jorge jesus substituiu Yaremchuck por Cebolinha aos 76 m e 5 minutos depois J Mário, Darwin e Rafa por Taarabt, Pizzi e Gonçalo Ramos. Quatro minutos depois de Cebolinha entrar o resultado passou de 0-1 para 0-2 e quatro minutos depois do segundo grupo de substituições de 0-2 para 0-4.

E nada disto é uma simples coincidência: meter Everton para suster a capacidade atacante de Gnabry é algo que não lembraria ao mais pintado! Se antes de Gnabry Pavard já quase só jogava ao ataque, visto os três de trás do Bayern ( Lucas Hernandez, Sule e Dayot) chegarem e sobrarem para o frágil ataque que o Benfica estava em condições de desencadear, pior ainda as coisa ficaram quando Jesus resolve meter “Cebolinha” para defender, tira os dois atacantes mais velozes e substitui-os por Ramos e Pizzi, que quase nem tocaram na bola.

Seria sempre difícil segurar o 0-0, já que somente por sorte o Bayern não saiu ao intervalo a ganhar por 2 ou 3, mas mais difíceis as coisas ainda ficaram quando o meio campo se desconjuntou por ter ficado sem os auxílios de Rafa e Darwin, e o ataque desapareceu por completo. O que se exigia era manter em campo Darwin e Rafa, reforçar o meio campo com Morato ou Ferro ou até Paulo Bernardo e se as coisas estivessem a correr razoavelmente substituir lá mais para o fim do jogo Darwin ou Rafa por Radonjic, que é igualmente um jogador veloz e possante. Assim foi o descalabro.

Infelizmente, depois do jogo Jesus continuou com a mesma conversa da “melhor equipa do mundo” à qual juntou o “melhor Guarda-redes do mundo” (Manuel Neuer) por ter feito uma defesa normal e uma outra com um grau de dificuldade um pouco mais elevado, mas nada de excepcional já que a bola ficou enquadrada, em altura e em largura, dentro daquilo a que se pode chamar o corpo do guarda-redes na horizontal. E mais uma vez nem uma palavra para o seu guarda-redes (Odysseias Vlachodimus) a quem deve a presença na Champions League e a quem deve também ter mantido as redes invioláveis até ao minuto 70.

Depois de todas as intervenções de Jesus não se espera nada de bom em Munique, além do mais porque se percebe que o treinador do Benfica está com medo. E isso é terrível para a equipa.

2 comentários:

Mark Trencher disse...

Boas caro Ricardo, um pequeno reparo, em 2018/2019 o treinador era ainda o Rui Vitória na fase de grupos da Champions.

Ricardo Viana de Lima disse...

Obrigado, Mark. Já corrigi