A DERROTA DO BENFICA
Como os benfiquistas sabem, o Benfica tem uma péssima “relação”
com o Bayern. Porventura, a pior de todas no quadro geral das competições
europeias. O Benfica dá-se mal com o Bayern. Não só nunca lhe conseguiu ganhar
como foi por várias vezes goleado, embora em Munique.
A primeira vez que o Benfica defrontou o Bayern foi em
1975/76, era treinador Mário Wilson – empatou 0-0 em Lisboa e perdeu 1-4 em
Munique; em 1995/96, para a Taça UEFA, perdeu em Lisboa por 1-3 e em Munique
por 1-4, e era novamente treinador Mário Wilson; em 2015/16, perdeu em Munique
por 0-1 e empatou na Luz por 2-2, era treinador Rui Vitória; em 2018/19, perdeu
0-2 na Luz e 1-5 em Munique, era treinador Rui Vitória.
Na presente temporada 2021/22, com Jorge Jesus ao leme, o
Benfica sofreu contra o Bayern a maior derrota em casa e no dia 2 de Novembro
terá de ir jogar a Munique.
Não interessa agora discutir se esta equipa do Benfica é a
melhor que até hoje defrontou o Bayern ou se já houve outras muito melhores que
no passado também perderam. Ou se o Benfica tem tido o azar de defrontar o Bayern
quando este se encontra em grande forma e tem uma grande equipa. As
estatísticas dizem-nos que a equipa do Benfica que melhores resultados alcançou
contra o Bayern foi a de Rui Vitória, tendo estado na Luz a um passo da vitória,
se Jovic, mesmo no fim, não tivesse falhado uma bola de golo e que o Bayern,
desde que começou a Bundesliga, no actual formato, tem tido sempre grandes
equipas e já foi campeão europeu por 6 vezes.
Dito isto, Jorge Jesus não sai ileso do desaire da Luz da
passada quarta-feira (0-4) por várias razões. Em primeiro lugar, é
absolutamente despropositada a conversa do treinador do Benfica nas
intervenções que antederam o jogo. Afirmar constantemente que o Benfica iria
defrontar “a melhor equipa do mundo” , que integra alguns dos “melhores
jogadores do mundo” não é nem nunca foi uma atitude motivacional nem
fortalecedora do espírito da equipa. Pelo contrário, é factor de desmoralização
dos jogadores que, perante o quadro traçado pelo treinador, começam a sentir-se
impotentes antes de o próprio desafio se iniciar. E é uma tentativa de desculpabilização antecipada
do treinador que, passando uma mensagem de dificuldade quase inultrapassável,
quer desde logo desresponsabilizar-se pela derrota e preparar os adeptos e os
dirigentes para o pior. Ora, os adeptos não precisam que Jorge jesus lhes diga
qual a valia do Bayern já que muitos deles vêem-no jogar todas as semanas na
liga alemã e também nas competições internacionais, bem como igualmente sabem
como têm corrido as coisas internamente na Bundesliga ao Bayern de Munique. O
que Jesus tem de fazer é preparar a equipa para jogar seja contra quem for, que
é exactamente isso que fazem os treinadores das equipas portuguesas menos
apetrechadas quando defrontam o Benfica, sejam elas da primeira, da segunda ou
da terceira divisão. E muitas vezes com excelentes resultados.
Depois ficou também claro para quem estava a ver o jogo que
na sua preparação se não tomou na devida consideração a avalanche ofensiva do
Bayern em todos os momentos do jogo, facto que necessariamente levaria, mais
tarde ou mais cedo, à derrota. E já durante o jogo quando se esperava, depois
do primeiro golo do Bayern resultante de um livre muito bem executado, que o Benfica
reforçasse o meio campo para tentar fazer frente à torrencial capacidade
ofensiva do Bayern, deixando ficar em campo os seus dois jogadores mais rápidos
(Darwin e Rafa), Jorge jesus substituiu Yaremchuck por Cebolinha aos 76 m e 5
minutos depois J Mário, Darwin e Rafa por Taarabt, Pizzi e Gonçalo Ramos. Quatro
minutos depois de Cebolinha entrar o resultado passou de 0-1 para 0-2 e quatro
minutos depois do segundo grupo de substituições de 0-2 para 0-4.
E nada disto é uma simples coincidência: meter Everton para
suster a capacidade atacante de Gnabry é algo que não lembraria ao mais
pintado! Se antes de Gnabry Pavard já quase só jogava ao ataque, visto os três
de trás do Bayern ( Lucas Hernandez, Sule e Dayot) chegarem e sobrarem para o
frágil ataque que o Benfica estava em condições de desencadear, pior ainda as
coisa ficaram quando Jesus resolve meter “Cebolinha” para defender, tira os
dois atacantes mais velozes e substitui-os por Ramos e Pizzi, que quase nem
tocaram na bola.
Seria sempre difícil segurar o 0-0, já que somente por sorte
o Bayern não saiu ao intervalo a ganhar por 2 ou 3, mas mais difíceis as coisas
ainda ficaram quando o meio campo se desconjuntou por ter ficado sem os
auxílios de Rafa e Darwin, e o ataque desapareceu por completo. O que se exigia
era manter em campo Darwin e Rafa, reforçar o meio campo com Morato ou Ferro ou
até Paulo Bernardo e se as coisas estivessem a correr razoavelmente substituir
lá mais para o fim do jogo Darwin ou Rafa por Radonjic, que é igualmente um
jogador veloz e possante. Assim foi o descalabro.
Infelizmente, depois do jogo Jesus continuou com a mesma
conversa da “melhor equipa do mundo” à qual juntou o “melhor Guarda-redes do
mundo” (Manuel Neuer) por ter feito uma defesa normal e uma outra com um grau
de dificuldade um pouco mais elevado, mas nada de excepcional já que a bola
ficou enquadrada, em altura e em largura, dentro daquilo a que se pode chamar o
corpo do guarda-redes na horizontal. E mais uma vez nem uma palavra para o seu guarda-redes
(Odysseias Vlachodimus) a quem deve a presença na Champions League e a quem
deve também ter mantido as redes invioláveis até ao minuto 70.
Depois de todas as intervenções de Jesus não se espera nada de bom em Munique, além do mais porque se percebe que o treinador do Benfica está com medo. E isso é terrível para a equipa.
2 comentários:
Boas caro Ricardo, um pequeno reparo, em 2018/2019 o treinador era ainda o Rui Vitória na fase de grupos da Champions.
Obrigado, Mark. Já corrigi
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