QUE SE PASSOU, ITÁLIA?
A Espanha venceu o terceiro grande título consecutivo do
futebol internacional, um feito único na história do futebol. Depois do grande
jogo que a Itália fez contra a Alemanha nas meias-finais do torneio ainda houve
quem tivesse admitido que a Espanha poderia vir a ter dificuldades nesta
final, sendo, pelo menos, obrigada a fazer um jogo tão disputado como o que realizou contra a
Holanda na África do Sul.
Não foi assim. Este foi upara Espanha um dos jogos mais fáceis do campeonato.Pouco depois de o jogo ter começado logo se
percebeu que aquela Itália estava perdida na defesa, transfigurada e pronta
para o desastre. De facto, nem era a Itália dos tempos passados, forte
defensivamente, nem a Itália deste Euro, forte na linha média e no ataque, com segurança
na defesa. Dava a ideia de uma equipa que pela primeira vez estava a tentar pôr
em prática um modelo de jogo novo e que tudo lhe saia mal. Não era a Itália dos
jogos anteriores, nem conseguia ser a Itália que, pelos vistos, estava pensada
para este jogo.
Daí que a Espanha tenha chegado ao golo bem mais cedo do que
é habitual nela e tenha também praticado um futebol bem mais atractivo do que
praticado nos jogos anteriores. Adivinhava-se o golo a todo o momento: grande
passe de Iniesta a Fabregas que vai à linha, junto á baliza, cruza atrasado e
Silva de cabeça marca.
Depois do golo espanhol a Itália reagiu. A melhor forma de
dar tréguas à sua atribulada defesa era manter a bola bem longe dela. Mas dessa
reacção não resultou o empate que a Itália tanto procurava, acabando por ser a
Espanha que numa combinação magistral entre Xavi e Jordi Alba marca o segundo
golo.
A sorte da Itália estava decidida. Entretanto os azares
começavam a persegui-la: Chiellini, que tão bem tinha estado nos jogos em que
alinhou, teve uma lesão muscular e foi substituído por Abate.
No segundo tempo os azares continuaram. Prandelli substituiu
Cassano por De Natale, que logo no primeiro minuto teve oportunidade de marcar,
como voltaria a ter mais tarde. Só que da primeira vez atirou sobre a barra e da
segunda Casillas defendeu. Depois foi a inesperada substituição de Montolivo
por Tiago Motta. Pouco mais de cinco minutos esteve Motta em campo: nova lesão muscular e a
Itália reduzida a dez unidades com mais de meia-hora para jogar. Foram trinta
minutos de sofrimento, quase de pesadelo. Sem qualquer capacidade de reacção a
Itália sofreu o terceiro por Torres que entrara para o lugar de Fábregas e
quarto por Mata no primeiro toque que deu na bola.
Não há sobre o jogo muito mais a dizer. A Espanha é uma
grande equipa, uma das grandes equipas da história do futebol, e a Itália de
quem tanto se esperava, fosse pelo seu passado mais remoto, fosse pelo mais
recente, frustrou todas as expectativas na final, fazendo um jogo como não há memória
na história do futebol italiano em grandes competições.
Mas não pode nem deve imputar-se o êxito espanhol à fraca
prestação italiana. A Espanha, como já se disse, tem uma equipa que ficará para
a história do futebol internacional como uma das melhores de sempre. Servida
por jogadores excelentes onde não desponta uma grande estrela, porque são todos
grandes estrelas. Estrelas sem vedetismo e com muito profissionalismo.
Depois deste êxito da Espanha está relançada a questão da “bola
de ouro” deste ano. Cristiano Ronaldo e o marketing que o apoia tudo têm feito
fora do campo para que seja ele o escolhido. A verdade é que dentro do campo, apesar da
vitória na Liga espanhola e dos golos que marcou, tem de reconhecer-se que
Messi foi melhor do que ele. Ganhou dois títulos e marcou mais golos. E jogou
melhor, foi mais espectacular. Mas seria uma injustiça, uma grande injustiça,
não premiar um jogador espanhol. Um daqueles que repetiu com a vitória de hoje,
as vitórias do Euro 2008 e a vitória do Mundial de 2010. E três nomes se
perfilam: Casillas, Xabi e Iniesta. A escolha é difícil. Qualquer um deles a
merece. Talvez Casillas devesse ser distinguido pelo que ganhou este ano, pelas
exibições que realizou, pela carreira, por ser guarda-redes (desde Yashin nunca
mais outro a venceu) e por ser um exemplo de desportista e de cidadão.
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