sábado, 8 de novembro de 2025

ELEIÇÕES NO BENFICA

 

SOBRE O ÚLTIMO DEBATE (06/11/2025)



Somente ontem de madrugada pude ver o debate de quinta-feira na BTV entre Noronha Lopes e Rui Costa. E foi logo a seguir que escrevi o texto a seguir transcrito, tendo-o propositadamente reservado a sua publicação para depois do encerramento das urnas. Ei-lo:

Fiquei desiludido com o baixo nível do debate que mais parecia um debate entre dois inimigos políticos do que um debate entre dois adeptos do mesmo clube.

Noronha Lopes entrou no debate seguindo uma cartilha exclusivamente preparada para atacar Rui Costa do primeiro ao último minuto, sem qualquer preocupação pelas perguntas que eventualmente lhe fossem feitas e muito menos sobre o que espera fazer no futuro. 

O seu guião era muito diferente dos que seguiu anteriormente, tanto na primeira volta, como até anteontem nesta segunda volta.

O seu "treinador" de debates ordenou-lhe que do primeiro ao último minuto não estivesse preocupado com as perguntas a que supostamente teria de responder, nem com as intervenções de Rui Costa. O que era preciso deixar bem claro, repetindo essas ideias até  exaustão, era o seguinte: 

Que Rui Costa em quatro anos não ganhou praticamente nada; 

Que nesses quatro anos gastou centenas de milhões de euros, esbanjando o património do Benfica;

Que vendeu excelentes jogadores, alguns a preço de saldo, e comprou outros que não servem para o treinador em exercício;

Que foi enganado pelo Proença, comprometendo com esse engano o futuro do Benfica, insistindo na ideia de que foi um dos apoiantes da sua candidatura (ou seja, cavalgando um ponto forte da campanha de Vieira);

Que não sabe proteger os interesses desportivos e patrimoniais do Benfica;

Que a sua gestão é um caos com a entrada e saída constante de pessoas que desempenham funções importantes, (cavalgando outro ponto da campanha de Vieira);

Que não tem quem saiba escolher os jogadores que interessam ao Benfica;

Que ele corrigirá todas essas graves falhas com pessoas competentes para os diversos lugares;

Que com ele o Benfica funcionará como uma máquina moderna.

Tudo isto dito com grande agressividade e impedindo sistematicamente, por via de interrupções sucessivas, o seu opositor de exprimir uma ideia do princípio ao fim.

 O debate foi preparado pelo moderador no pressuposto de que seria um debate entre gente séria. E esse foi o erro. Noronha nunca exibiu a preocupação de responder a qualquer  pergunta  ou de esclarecer o seu projecto, mas apenas, como já se disse, de acusar e responsabilizar o seu opositor por tudo o que correu mal e mesmo o que correu bem, distorcendo os factos para passar a ideia de tudo correu mal (serve de exemplo, a prestação do Benfica na Liga dos Campeões durante o mandato de Rui Costa; de facto, nunca o Benfica jogou tantos jogos na Europa como durante o mandato de Rui Costa – 14 por duas vezes).

Rui Costa atacou-o certeiramente em dois pontos. Um quando lhe demonstrou documentalmente que foi o tal extraordinário descobridor de talentos para quem Noronha reserva um lugar de destaque na sua equipa, que tinha aconselhado a contratação de Maitê, contratação que num debate anterior tinha servido de exemplo do que não deve ser feito.

A outra “farpa” tem a ver com o benfiquismo de Noronha, tendo Rui Costa apresentado um documento autêntico que provava ter o Noronha, da primeira vez que passou pelo Benfica, abando nado o cargo 58 dias depois de ter siso empossado.

Em ambos os casos, Noronha perdeu a computara, e aos berros dizia: “É mentira, é mentira”, sem mais nada acrescentar.

Por curiosidade fui logo a seguir ver e ouvir o que diziam os comentadores habituais da sexta-feira da CMTV.E devo dizer que fiquei surpreendido com alguns desses comentários.

Então, vou dizer, em linguagem simples a percepção (é mesmo percepção), o que achei dos comentadores e seus comentários.

Então é assim:

Malheiro, que durante anos tem assumido vaidosa e ridiculamente a função de porta-voz (sem título) do Benfica e particularmente de Rui Costa, dando sempre a ideia que "bebe do fino" e que está "por dentro", pareceu-me estar em "cima muro", uma espécie de equidistância " mais perto" de Noronha, posição que eu logo interpretei como resposta a algo com que contava e não chegou; se for esse o caso, acho que Rui Costa e, principalmente, o Benfica só ficariam a ganhar com o seu afastamento.

O advogado (Miguel) é manifestamente contra Rui Costa desde que Bruno Lage afirmou que não queria receber nenhuma indemnização do Benfica. Este está na CMTV em representação do seu patrão e quanto ao resto somente apoia aqueles que lhe proporcionam altíssimos pagamentos. É, portanto, mercenário do comentário, não havendo nada mais a dizer sobre ele.

Em terceiro lugar, Manuel Queiroz, não sei se por ser adepto do FCP ou por convicção, apoia claramente Noronha Lopes, mostrando- se sempre disponível para tanto, qualquer que seja o pretexto.

Achei espantoso que tivesse ficado chocadíssimo por Rui Costa ter apresentado um documento autêntico (acta de uma reunião da direcção do Benfica) que comprova o abandono ao fim de 58 dias do lugar para que havia sido empossado. Não se percebe onde está o “jogo sujo” deste comportamento. É ou não verdade que a acta confirma a renúncia de Noronha como vice-presidente 58 dias depôs de empossado? Mesmo sendo verdade, o que duvido, que Noronha tenha como vice-presidente suplente trabalhado na direcção de Vilarinho, é ou não verdade que, depois de empossado, deixou o Benfica cerca de dois meses depois? Se é mentira, então é acta que está falsificada. Interessa relembrar que esta direcção, embora tenha derrotado, com a colaboração de Eusébio, Vale a Azevedo foi de longe e de má memória a mais inepta que o Benfica alguma vez teve. Vilarinho é o responsável directo pela saída de Mourinho: foi com Vilarinho que o Benfica teve no campeonato nacional de futebol a pior classificação de sempre (6.º lugar); foi com esta direcção que foi tomada a decisão de não ser construído o novo Estádio da Luz; isto para falar apenas de factos do domínio público, porque se entrássemos nos “rumores” não sairíamos tão cedo daqui.

Como também se não compreende a crítica que foi feita a Rui Costa por ter apresentado os relatórios de apreciação das qualidades de um jogador, que Noronha havia criticado como exemplo dos erros cometidos, por essa apreciação positiva ter sido feita por um daqueles “excelentes profissionais” que Noronha levará para a sua equipa, se ganhar, quando o que se quis dizer ao apresenta-la é que até os “melhores” podem errar.  

Pode, com base neste pobre debate, tirar-se a conclusão de que há uma certa categoria de eleitores que pode mudar o sentido do seu voto, da primeira para a segunda volta? A única conclusão que se pode tirar é que essa mudança de voto da primeira para a segunda volta muito provavelmente só ocorra nos que têm o sentido do seu voto ligado à promessa de um “taxo”, sendo altamente improvável que ocorra naqueles que decidem o sentido do seu voto ligado ao que julgam melhor para o futuro do Benfica.

quinta-feira, 6 de novembro de 2025

BENFICA - BAYER LEVERKUSEN

 AS INJUSTIÇAS DO FUTEBOL 


Um jogador marca um golo de baliza aberta e é um herói. Um jogador falha um golo de baliza aberta, quando o jogo está empatado e teve azar.

Se um defesa faz um passe imprudente e o adversário aproveita o erro, desempatando o jogo, alcançando com esse golo a vitória, o responsável pela derrota é o defesa.

Esta é a regra que se segue na apreciação de um jogo de futebol. Foi exactamente isso que ontem aconteceu no jogo que, no Estádio da Luz, opôs o Benfica ao Bayer de Leverkusen, a contar para a quarta jornada da fase de apuramento da Liga dos Campeões Europeus.

Dahal ao aliviar com a cabeça uma bola, defendida pelo guarda redes, colocou-a involuntariamente  na cabeça do atacante da equipa adversária, que fez golo, apesar de rodeado por três jogadores do Benfica. E assim se consumou uma derrota que poderia ter sido evitada se os atacantes do Benfica, Pavlidis e Bukerbakio, não tivessem falhado duas oportunidades de golo cada um, que, se convertidas, teriam assegurado uma vitória tranquila do Benfica.  

O Benfica fez um jogo cauteloso, de média intensidade, no qual o receio de o perder ou de não o ganhar, desempenhou sempre um papel mais visível do que a ousada vontade de o ganhar. Não quero dizer com isto que o Benfica jogou para empatar. Não foi isso o que se passou. O que se passou é que o Benfica não entrou em campo com a intensidade e a velocidade de quem tinha de ganhar e queria ganhar o jogo rapidamente. Não. O Benfica entrou em campo para ganhar o jogo com segurança. Sem a intenção de arriscar nem de assustar o adversário. E quando assim acontece, apesar das cautelas defensivas, que levaram a que o adversário apenas tivesse tido em todo o jogo duas oportunidades: uma construída por mérito da equipa adversária, outra oferecida pelo Benfica, o resultado final é quase sempre imprevisível.

A ausência da tal ousadia, de quem está disposto a correr riscos, deixa ficar o adversário relativamente confortável na sua missão de ir deixando correr o jogo.

A partir de agora não haverá lugar para mais cautelas. Tanto na Holanda como no Estádio da Luz, nos dois próximos jogos, o Benfica  tem de realizar dois jogos completamente diferentes dos que tem feito até agora. Com outra intensidade, com outra velocidade, com outra ambição, com a ambição de quer ganhar o jogo depressa, para, depois de ter feito a sua parte, ficar à espera do que o jogo dá.




terça-feira, 4 de novembro de 2025

TIAGO SILVA

  COMENTADOR ADEPTO DO FCP NO "PÉ EM RISTE"

Ó Tiago não volte a dizer, como hoje disse ao Marco Pina e ao Marco Ferreira, que as regras que regulam o futebol, sobre os múltiplos assuntos sobre que incidem, são regras jurídicas. Não são. 

Não sei o que hoje se estuda nas Faculdades de Direito sobre o assunto, nomeadamente na cadeira de Introdução ou se estuda noutras disciplinas Noções Elementares de Teoria do Direito a diferença entre norma jurídica e outro tipo de normas. Mas é elementar que um jurista saiba distinguir a norma jurídica (material sobre o qual trabalha) de outras normas pertencentes a outros complexos normativos , que nada têm de jurídico. Aliás. o Marco Ferreira que é sempre muito competente nas suas explicações, disse-lhe em termos muito claros que certos conceitos usados nas regras do futebol apesar de serem também usados no Direito, como acontece com certos conceitos normativos, não têm em ambos os casos necessariamente o mesmo sentido e alcance. Antes de mais, qualquer conceito deste tipo, apareça ele onde aparecer, deve começar por ser interpretado no seu sentido corrente, mas se houver no complexo normativo em que está intergrado um sentido técnico, específico desse tipo de normas, é nesse sentido que deve ser interpretado. É o que acontece com conceitos  como negligência, imprudência, força excessiva ou outros, que têm sentidos diferentes no direito e no futebol.