O QUE IMPORTA ASSEGURAR
As reacções à saída de Jorge Jesus por parte da denominada “estrutura”
do Benfica não têm sido muito saudáveis. Diz-se – e certamente será verdade –
que Jorge Jesus se portou mal com o clube. Que se recusou durante todo o dia de
ontem a atender as chamadas de Luís Filipe Vieira. Que não avisou o Benfica de
que estava em negociações com o Sporting. Que rompeu as negociações com base
num motivo fútil.
Vamos dar por assente que tudo isto é verdade. Mais: que o comportamento
de Jesus é ainda pior do que aquilo que corre nos meandros do futebol. Pois
mesmo assim nem por isso o Benfica por respeito por si próprio, por respeito
pela instituição, por respeito para com os sócios deveria ter actuado como está
a actuar. O Benfica deveria ter autorizado Jesus a entrar no Seixal para
levantar as suas coisas, embora o devesse fazer com horas marcadas e tempo
delimitado. Também não deveria ter retirado a fotografia de Jesus do plantel do
Benfica. Não fica bem.
O Benfica não perde a sua identidade nem o seu prestígio por
mudar de treinador. Deveria ser com superioridade, sem ressentimentos, que o
Benfica deveria ter encarado a partida de Jesus, alardeando altivamente a convicção
de que Jesus precisará muito mais do Benfica do que o Benfica de Jesus.
Por outro lado, a ida de Jesus para o Sporting é o que se
pode chamar um verdadeiro down grade ou
antes, em bom português, passar de cavalo para burro. O que aliás também
demonstra que, afinal, Jesus não tinha grande mercado.
Do lado do Sporting nada há a esperar diferente daquilo a que
Bruno de Carvalho já nos habituou. E o que de mais significativo há a evidenciar
é que o presidente do Sporting não honra os seus compromissos, não paga as suas
contas, pelo que, dentro de pouco tempo, ninguém negociará com ele. O Sporting
não cumpre as mais elementares regras contratuais. E quem não cumpre as regas
contratuais também não cumpre as regras éticas. Foi isso o que Sporting fez com
Marco Silva. E o que se diz do Sporting relativamente às regras éticas diga-se
igualmente de Jesus: também Jesus demonstrou ter o mais profundo desprezo e
desrespeito pelo seu colega de profissão – Marco Silva. De modo que, feitas as
contas, Jesus e o presidente do Sporting estão bem um para o outro.
O Benfica, não por retaliação, mas por reconhecimento da
necessidade de ter um treinador competente e com provas já dadas ao mais alto
nível (com matéria prima de segunda categoria) deveria contratar Marco Silva e
assegurar um plantel ao nível daqueles que proporcionou a Jesus. E se isso
acontecer os benfiquistas poderão ficar ter a certeza de que não será nada
difícil fazer melhor do que Jesus!
Marco Silva, já!
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