OS DOIS PRÓXIMOS JOGOS
Dois do últimos jogos do Benfica deixaram uma angustiante
dúvida nos adeptos sobre como se comportará a equipa nos dois próximos
importantíssimos jogos em que se decidirá a permanência na Liga dos Campeões e
a liderança do campeonato.
Tanto o jogo de Istambul como o da Madeira deixam legítimas
apreensões. Na Turquia, estando o Benfica à beira de construir um resultado
histórico e de assegurar o apuramento para a continuação na Liga dos Campeões,
assistiu-se à queda da equipa em consequência de erros defensivos inaceitáveis.
Se é certo que o primeiro golo do Besiktas foi um excelente golo, também é
verdade que o seu autor agiu dentro da área, na sequência de um cruzamento, sem
a menos oposição. Todavia, um golo do adversário quando se tem uma vantagem de
três não é, na esmagadora maioria dos casos, nada de muito importante. Pode até
proporcionar a marcação do quarto já que o adversário nestas circunstâncias tem
tendência a desguarnecer a defesa na ânsia de alcançar o segundo golo. E o Benfica
estava a conseguir segurar o jogo, tanto assim que entre o primeiro golo e a
marcação do segundo mediaram quase trinta minutos! Todavia, esse segundo golo
acontece em consequência de um erro inadmissível de Lindlöf, que jogou desnecessariamente
a bola com a mão no extremo limite da grande área, para cortar uma jogada, que
não levava qualquer perigo, a que por deficiência de posicionamento não chegou
com a cabeça. Depois do segundo golo, que expressava uma brilhante recuperação do
adversário e com poucos minutos para jogar num ambiente adverso, era de prever
que o golo do empate aparecesse, como apareceu perto do fim do jogo. Entre o
segundo e o terceiro golo, a esquipa desorientou-se por completo, cometeu erros
em série e mais uma vez Lindelöf, de parceria com Eliseu, se revelou incapaz,
novamente por erro de posicionamento, de cortar um cruzamento que nunca deveria
ter chegado, principalmente como chegou, aos pés do adversário.
Depois de dois jogos simples, ambos em casa, para competições
diferentes, o Benfica iria ter novo teste frente ao Marítimo, no Funchal, para
o campeonato. E novamente num teste importante, a equipa falhou. Falhou outra
vez no plano defensivo; falhou na concretização; e falhou na estabilidade
emocional.
No plano defensivo, tem de se dizer que tendo sido os
centrais, nos últimos anos, o grande baluarte defensivo do Benfica, eles são
hoje um grande problema, pelo menos, nas duplas que têm sido testadas. De facto, em Nápoles, com a dupla
Lisandro/Lindlöf, foi Lisandro quem falhou. Falhou, mas tinha sido importante
no jogo contra o Tondela como importantíssimo foi no jogo (para esquecer) com o
Porto. Depois deste jogo, Lisandro, sem que nada o justificasse voltou a sair
para não mais entrar. Entrou Luisão que no primeiro grande teste, contra o Nápoles,
não conseguiu estabilizar a defesa e que na passada sexta-feira foi o
responsável pelo primeiro golo do Marítimo e também não foi capaz de acudir,
por falta de velocidade, àquele que poderia ter sido o segundo. Aliás, neste
lance é incompreensível como após a primeira defesa de Ederson, o jogador do
Marítimo, face a quatro jogadores do Benfica, tem tempo suficiente para fazer
sem oposição um novo remate muito bem colocado que só não foi golo por Ederson ter
correspondido com uma nova e excelente defesa.
Depois de assegurado o empate, o Benfica dispôs de oportunidades
para marcar, mas nem Mitroglou, nem Sálvio, nem Rafa, nem jiménes tiveram o discernimento
suficiente para o fazer. E aqui notou-se, como antes nunca se havia notado, a
falta de Jonas! A somar a esta ineficácia juntou-se a inoperância defensiva que
novamente se manifestou ao voltar a ser a ser incapaz de controlar uma bola cruzada,
desta vez de canto. Tanto André Almeida como Lindlöf foram incapazes de cortar
a bola ou de estorvar a acção do avançado maritimista.
Finalmente, foi por demais notória a perda de estabilidade emocional
da equipa que, perante o anti-jogo do Marítimo, nada mais foi capaz de fazer do
que lançar, sem nexo nem critério, bolas pelo ar para a entrada da área
adversária, sistematicamente perdidas no confronto com a defesa insular.
Perante este quadro, a pergunta que se coloca é esta: que
Benfica vamos ter contra o Nápoles? Contra um Nápoles a quem o empate serve
para passar e que sabe jogar como poucos no contra-ataque. Não parece,
francamente, que a defesa deva ficar incólume, isto é, inalterada. Se é certo
que do lado esquerdo pouco há a fazer (a menos que Lindlöf pudesse desempenhar
esse lugar), no centro há que fazer mexidas. Luisão não tem condição para jogar
partidas como a que vai disputar-se contra o Nápoles. Se Rui Vitória continuar
a insistir no erro, vai seguramente pagá-lo caro. O ideal seria jogar com
Jardel sobre a esquerda e Lindlöf ou Lisandro sobre a direita. Se Jardel não
estiver em condições (que estranha lesão a sua…), o melhor será alinhar com o
sueco e o argentino.
Na frente, Rafa tem de saber que muito mais importante do que
marcar um golo pelo Benfica é que o Benfica marque golos seja quem for quem os
mete. Rafa não foi capaz de concretizar na hora própria contra o Moreirense e
quando o tentou fazê-lo já se sabia que o não conseguiria. Por acaso a bola foi
ter com o pés de Jiménez …e tudo se resolveu. E na Madeira voltou a não marcar,
não obstante a oportunidade de que desfrutou.
Para o Benfica, o jogo contra o Nápoles é um jogo importantíssimo
porque decide a continuidade na Liga dos Campeões. Se o Benfica não conseguir o
apuramento, para além do prejuízo que daí resulta, há as consequências anímicas
da derrota. Anímicas para equipa que fica de rastos e anímicas para o Sporting
que virá à Luz moralizadíssimo convencido de que a vitória está garantida.
Não se pense que o Sporting tem nessa mesma semana um jogo igualmente
importante em Varsóvia, contra o Legia, porque não tem. Para o Sporting, e principalmente
para Jesus, esse jogo nada representa. E para os seus adeptos também não. Jesus
que só uma vez passou, como treinador, a fase de grupos da Liga dos Campeões, não
está interessado em disputar a Liga Europa, não por ser uma competição menor,
mas para não ter a equipa envolvida em duas competições exigentes, uma vez que o seu único objectivo é a vitória no campeonato.
Além de que tendo já comemorado, como “vitórias”, quatro derrotas da fase de
grupos, dá-se por satisfeito e os sportinguistas também.
É preciso ter isso em conta. O Sporting é no seu palmarés uma
equipa de segunda linha quando comparada com o Benfica ou com o Porto. É, e
sempre foi, uma equipa de trazer por casa. Tal como Jorge Jesus. De facto, à
parte as vitórias nacionais, que se perdem na nuvem dos tempos, o Sporting
nunca teve qualquer protagonismo internacional. E mesmo no tempo dos “5
violinos”, de que os sportinguistas tanto falam, a equipa (e o futebol que
então se jogava em Portugal) era fraco, muito fraco. Um dos piores da Europa,
como o atestam os resultados da selecção nacional e como o atesta também o desempenho
do Sporting nos confrontos com equipas estrangeiras (não em competições, que
então não existiam, salvo a Taça Latina, a partir de certa altura, mas em jogos
particulares, à época muito frequentes, e que eram o verdadeiro espelho do
prestígio das respectivas equipas).
Portanto, é vital para o futuro da equipa esta época que o
Benfica passe à fase seguinte da Liga dos Campeões e ganhe ao Sporting na Luz.
Pela primeira vez, esta época, a equipa sente a falta dos
seus titulares: de Jardel no centro da defesa; de Grimaldo à esquerda; e de
Jonas na frente!
2 comentários:
BOA ANALISE!
Sporting: Eu não dizia...
Ricardo
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