segunda-feira, 5 de dezembro de 2016

BENFICA – SINAL VERMELHO


OS DOIS PRÓXIMOS JOGOS

Dois do últimos jogos do Benfica deixaram uma angustiante dúvida nos adeptos sobre como se comportará a equipa nos dois próximos importantíssimos jogos em que se decidirá a permanência na Liga dos Campeões e a liderança do campeonato.

Tanto o jogo de Istambul como o da Madeira deixam legítimas apreensões. Na Turquia, estando o Benfica à beira de construir um resultado histórico e de assegurar o apuramento para a continuação na Liga dos Campeões, assistiu-se à queda da equipa em consequência de erros defensivos inaceitáveis. Se é certo que o primeiro golo do Besiktas foi um excelente golo, também é verdade que o seu autor agiu dentro da área, na sequência de um cruzamento, sem a menos oposição. Todavia, um golo do adversário quando se tem uma vantagem de três não é, na esmagadora maioria dos casos, nada de muito importante. Pode até proporcionar a marcação do quarto já que o adversário nestas circunstâncias tem tendência a desguarnecer a defesa na ânsia de alcançar o segundo golo. E o Benfica estava a conseguir segurar o jogo, tanto assim que entre o primeiro golo e a marcação do segundo mediaram quase trinta minutos! Todavia, esse segundo golo acontece em consequência de um erro inadmissível de Lindlöf, que jogou desnecessariamente a bola com a mão no extremo limite da grande área, para cortar uma jogada, que não levava qualquer perigo, a que por deficiência de posicionamento não chegou com a cabeça.  Depois do segundo golo,  que expressava uma brilhante recuperação do adversário e com poucos minutos para jogar num ambiente adverso, era de prever que o golo do empate aparecesse, como apareceu perto do fim do jogo. Entre o segundo e o terceiro golo, a esquipa desorientou-se por completo, cometeu erros em série e mais uma vez Lindelöf, de parceria com Eliseu, se revelou incapaz, novamente por erro de posicionamento, de cortar um cruzamento que nunca deveria ter chegado, principalmente como chegou, aos pés do adversário.

Depois de dois jogos simples, ambos em casa, para competições diferentes, o Benfica iria ter novo teste frente ao Marítimo, no Funchal, para o campeonato. E novamente num teste importante, a equipa falhou. Falhou outra vez no plano defensivo; falhou na concretização; e falhou na estabilidade emocional.

No plano defensivo, tem de se dizer que tendo sido os centrais, nos últimos anos, o grande baluarte defensivo do Benfica, eles são hoje um grande problema, pelo menos, nas duplas que têm sido testadas.  De facto, em Nápoles, com a dupla Lisandro/Lindlöf, foi Lisandro quem falhou. Falhou, mas tinha sido importante no jogo contra o Tondela como importantíssimo foi no jogo (para esquecer) com o Porto. Depois deste jogo, Lisandro, sem que nada o justificasse voltou a sair para não mais entrar. Entrou Luisão que no primeiro grande teste, contra o Nápoles, não conseguiu estabilizar a defesa e que na passada sexta-feira foi o responsável pelo primeiro golo do Marítimo e também não foi capaz de acudir, por falta de velocidade, àquele que poderia ter sido o segundo. Aliás, neste lance é incompreensível como após a primeira defesa de Ederson, o jogador do Marítimo, face a quatro jogadores do Benfica, tem tempo suficiente para fazer sem oposição um novo remate muito bem colocado  que só não foi golo por Ederson ter correspondido com uma nova e excelente defesa.

Depois de assegurado o empate, o Benfica dispôs de oportunidades para marcar, mas nem Mitroglou, nem Sálvio, nem Rafa, nem jiménes tiveram o discernimento suficiente para o fazer. E aqui notou-se, como antes nunca se havia notado, a falta de Jonas! A somar a esta ineficácia juntou-se a inoperância defensiva que novamente se manifestou ao voltar a ser a ser incapaz de controlar uma bola cruzada, desta vez de canto. Tanto André Almeida como Lindlöf foram incapazes de cortar a bola ou de estorvar a acção do avançado maritimista.

Finalmente, foi por demais notória a perda de estabilidade emocional da equipa que, perante o anti-jogo do Marítimo, nada mais foi capaz de fazer do que lançar, sem nexo nem critério, bolas pelo ar para a entrada da área adversária, sistematicamente perdidas no confronto com a defesa insular.

Perante este quadro, a pergunta que se coloca é esta: que Benfica vamos ter contra o Nápoles? Contra um Nápoles a quem o empate serve para passar e que sabe jogar como poucos no contra-ataque. Não parece, francamente, que a defesa deva ficar incólume, isto é, inalterada. Se é certo que do lado esquerdo pouco há a fazer (a menos que Lindlöf pudesse desempenhar esse lugar), no centro há que fazer mexidas. Luisão não tem condição para jogar partidas como a que vai disputar-se contra o Nápoles. Se Rui Vitória continuar a insistir no erro, vai seguramente pagá-lo caro. O ideal seria jogar com Jardel sobre a esquerda e Lindlöf ou Lisandro sobre a direita. Se Jardel não estiver em condições (que estranha lesão a sua…), o melhor será alinhar com o sueco e o argentino.

Na frente, Rafa tem de saber que muito mais importante do que marcar um golo pelo Benfica é que o Benfica marque golos seja quem for quem os mete. Rafa não foi capaz de concretizar na hora própria contra o Moreirense e quando o tentou fazê-lo já se sabia que o não conseguiria. Por acaso a bola foi ter com o pés de Jiménez …e tudo se resolveu. E na Madeira voltou a não marcar, não obstante a oportunidade de que desfrutou.

Para o Benfica, o jogo contra o Nápoles é um jogo importantíssimo porque decide a continuidade na Liga dos Campeões. Se o Benfica não conseguir o apuramento, para além do prejuízo que daí resulta, há as consequências anímicas da derrota. Anímicas para equipa que fica de rastos e anímicas para o Sporting que virá à Luz moralizadíssimo convencido de que a vitória está garantida.

Não se pense que o Sporting tem nessa mesma semana um jogo igualmente importante em Varsóvia, contra o Legia, porque não tem. Para o Sporting, e principalmente para Jesus, esse jogo nada representa. E para os seus adeptos também não. Jesus que só uma vez passou, como treinador, a fase de grupos da Liga dos Campeões, não está interessado em disputar a Liga Europa, não por ser uma competição menor, mas para não ter a equipa envolvida em duas competições exigentes, uma vez que  o seu único objectivo é a vitória no campeonato. Além de que tendo já comemorado, como “vitórias”, quatro derrotas da fase de grupos, dá-se por satisfeito e os sportinguistas também.

É preciso ter isso em conta. O Sporting é no seu palmarés uma equipa de segunda linha quando comparada com o Benfica ou com o Porto. É, e sempre foi, uma equipa de trazer por casa. Tal como Jorge Jesus. De facto, à parte as vitórias nacionais, que se perdem na nuvem dos tempos, o Sporting nunca teve qualquer protagonismo internacional. E mesmo no tempo dos “5 violinos”, de que os sportinguistas tanto falam, a equipa (e o futebol que então se jogava em Portugal) era fraco, muito fraco. Um dos piores da Europa, como o atestam os resultados da selecção nacional e como o atesta também o desempenho do Sporting nos confrontos com equipas estrangeiras (não em competições, que então não existiam, salvo a Taça Latina, a partir de certa altura, mas em jogos particulares, à época muito frequentes, e que eram o verdadeiro espelho do prestígio das respectivas equipas).

Portanto, é vital para o futuro da equipa esta época que o Benfica passe à fase seguinte da Liga dos Campeões e ganhe ao Sporting na Luz.

Pela primeira vez, esta época, a equipa sente a falta dos seus titulares: de Jardel no centro da defesa; de Grimaldo à esquerda; e de Jonas na frente!


2 comentários:

Carlos disse...

BOA ANALISE!

Anónimo disse...

Sporting: Eu não dizia...
Ricardo