O QUE FAZ FALTA
Os males do Benfica estão há
muito identificados. Mas isso de pouco vale tendo em conta o que hoje se passa
no futebol. E o que hoje se passa no futebol está à vista de quem ainda pode
ver: o negócio domina completamente toda a actividade futebolística e é
sabiamente aproveitado por quem o comanda e o dirige.
Estamos a falar num negócio de
milhões. De centenas de milhões. Muito longe do pobrezinho negócio de tostões
que ainda há pouco tempo era a regra na maior parte dos clubes. Não estamos a
falar de lucros. Estamos a falar do dinheiro que gira no futebol. No dinheiro
que passa nos cofres dos clubes. Sejam grandes ou pequenos, sejam muito milhões
ou apenas alguns, quem domina as rédeas desse negócio tudo faz para não as perder.
Por isso hoje a gerência dos
clubes, principalmente dos grandes clubes, é o local ideal para albergar a
malandragem que pretende levar uma vida milionária sem ter que temer as
consequências da sua actividade contrariamente ao que sucederia em qualquer outra
pela fiscalização a que necessariamente estaria sujeita. Como no futebol reina
a impunidade quase total e a paixão tudo desculpa e compreende, ele tornou-se
naquilo que hoje é: um antro de negócios escuros, que os adeptos perdoam
completamente desde que se ganhe e que imputam à maledicência e calúnia dos
adversários quando se perde.
A paixão clubística, o fanatismo
dos adeptos, é o terreno ideal onde medram dirigentes sem escrúpulos que beneficiam
tanto nas boas como nas más ocasiões de quem os defenda incondicionalmente em
quase todas as circunstâncias por antecipadamente saberem que, por mais
verosímeis que elas sejam, acabarão sempre por ser imputadas à “mão interesseira e perversa” dos seus rivais
de sempre.
Estamos portanto muito longe
daquele amor saudável e aguerrido que cimentou a mística dos clubes,
correspondido por dirigentes sérios e dedicados, que sofriam tanto ou mais que
os adeptos com as derrotas e que vibravam de desinteressada felicidade com as
vitórias.
A situação do Benfica explica-se
em poucas palavras, embora os remédios para o mal que o afecta possam ser bem
mais complicados e difíceis de encontrar.
O Benfica sofre de um mal que a
sua gloriosa história desconhecia: o poder pessoal de um dirigente que nem
sequer adepto do clube era, que dele se apoderou com o apoio de um conjunto de indivíduos
principescamente pagos, muitos deles também sem qualquer ligação afectiva ao
clube, que vão entrando e saindo segundo as conveniência e os interesses do
“chefe”.
Portanto, para regenerar o
Benfica e tentar trazer de volta a sua verdadeira identidade (objectivo muito
difícil de atingir), o primeiro passo a dar é afastar do poder, a bem ou mal,
quem dele se apropriou e o mantém como propriedade sua. Dizemos a bem ou a mal,
porque dificilmente seria viável uma substituição “democrática” pela natureza
manifestamente antidemocrática de quem ocupa o poder.
Mas não basta uma qualquer
substituição. Também aqui tem de haver linhas vermelhas: quem colaborou
intimamente com quem lá está e apenas se afastou por ter sido afastado, também
não serve. Tem de ser alguém cujo passado de benfiquista seja inquestionável e
cuja personalidade seja um exemplo de honradez e seriedade. E há, ainda há,
quem preencha estes requisitos. Se nada for feito neste plano, se os sócios e
os adeptos continuarem a deixar-se enganar, o futuro do Benfica estará
comprometido e nunca mais este clube voltará a luzir no firmamento do futebol.
Aos benfiquistas cabe a escolha.
3 comentários:
Uma escolha que me parece credível. PEDRO ADÃO E SILVA.
Benfiquista genuíno e que não precisa do clube.
Concordo a 100%. Era esse o nome em que eu estava a pensar. Vamos lá ver se há mais gente a pensar do mesmo modo
O que Vieira acaba de fazer a propósito da votação do orçamento 2020721 DEMONSTRA, PARA QUEM DÚVIDAS AINDA TIVESSE, que não é uma pessoa séria.
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