BENFICA – UMA EQUIPA TRISTE
Depois da grave crise do fim do século passado e da primeira década deste, em que durante 15 épocas apenas se ganhou um campeonato, o Benfica, depois do seu ressurgimento em 2009/2010 até hoje, nos jogos contra o Futebol Clube do Porto na Liga, Taça de Portugal, Taça da Liga e Supertaça, ganhou 8 (embora num deles a vitória valesse de pouco por ter sido eliminado), perdeu 17 e empatou 8. Ou seja, mesmo que tivesse ganho os que empatou as suas vitórias continuariam a ser inferiores às do FCP. Isto para dizer que o resultado de hoje, visto à luz das últimas 10 épocas, não tem nada de anormal. O que parece difícil de explicar é a falta de alegria com que a equipa joga. O jogo para quem o está a observar de fora apresenta-se com laivos de sofrimento para os jogadores, para o treinador e demais elementos do banco.
Provavelmente todos percebem que
a equipa joga mal, todos igualmente parecem ter interiorizado não acreditar que possa melhorar e todos parecem admitir que a equipa está à mercê de
qualquer adversário bem dirigido mesmo quando os oponentes, individualmente
considerados, estejam longe de representar um valor não substimável. E é essa
convicção que a todos perpassa desde os adeptos, aos jogadores, à equipa técnica
e aos dirigentes que vai tornar muito difícil a recuperação anímica do Benfica por
haver uma profunda decepção enraizada em processos que, jogo após jogo, parecem não resultar.
E sem deixar de aprofundar este
assunto, a que voltaremos mais à frente, no espírito de todos paira o enorme
investimento realizado não apenas em termos absolutos, mas principalmente
quando comparado com o dos três mais próximos rivais, dois deles em grandes
dificuldades financeiras, os quais, com a prata da casa ou com investimentos de
baixo custo em jogadores de equipas secundárias da nossa liga, apresentam equipas
muito mais competitivas e mais atractivas que a do Benfica. E não vai ser a
contratação de mais um ou dois jogadores ou a venda de dois ou três que vai
resolver o problema, venha quem vier e saia quem sair. O problema é mais
profundo e não pode nem deve por mais tempo ser escamoteado pela equipa
dirigente.
O futebol do Benfica tem de mudar
de estilo, tem de se adaptar às características dos jogadores que compõem o
plantel e tem de permitir aos jogadores que joguem sem medo, que arrisquem
mais. Se todos o fizeram tornar-se-ão mais solidários e os riscos serão
menores.
Ora, a questão que se põe é esta:
estará o treinador e a sua equipa técnica à altura deste desafio?
E quanto ao plantel, o que nos disse o jogo de
hoje? Acho que o jogo confirmou que Vlachodimos, não sendo um excepcional
guarda-redes, é mais do que suficiente para guardar as redes do Benfica; que
para encontrar um lateral como Gabriel não era necessário ter ido aos Brasil; que os
centrais, tanto os que jogaram (e Otamendi até terá feito hoje o seu melhor
jogo pelo Benfica), como os outros são suficientes para jogar no campeonato
português e que Grimaldo tem qualidades excepcionais como atacante, tendo
necessariamente de ser compensado pelo central esquerdo ou por um médio sempre
que sobe. Na linha média, a questão é mais complicada: insistir em Taarabt é
insistir em inúmeras bolas perdidas, frequentemente desequilibradoras da equipa;
Gabriel é mais seguro, embora os seus passes longos falhem muitas vezes o alvo,
todavia com menos perigo que as perdas antes referidas; Weigl tem tido ma adaptação difícil, mas se tivesse
uma boa companhia poderia vir a ser um jogador de eleição, Nas alas, Everton,
como já disse noutro post, dificilmente irá além daquilo que tem feito, mesmo
assim é inacreditável que o treinador não o ponha também a jogar do oposto no qual, pelo menos, poderia tirar partido dos seus cruzamentos; Rafa dá uma certa emoção à equipa, mas é uma
emoção estéril porque na maior arte das vezes os seus desequilíbrios não produzem
qualquer efeito útil e às vezes, quando produzem, como aconteceu hoje, eles acabam por se reflectir na parte
oposta do campo. Quanto aos avançados, a questão é muito simples: têm de marcar
golos e para os marcar têm de rematar à baliza, de frente de lado e até de costas e não assemelharem-se a um mestre
de cerimónias quando têm a baliza pela frente.
Em conclusão: as perspectivas não são boas…
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