Numa altura em que tanto se fala
em Rui Costa como presidente do Benfica, a única justificação que me ocorre
para que tal acontece é ser actualmente um dos vice-presidentes da lista
vencedora, a lista de Vieira.
Aparte isto não vejo mais nada
que o possa justificar. E no que respeita à razão acima referida ela carece de
legitimidade substancial porque os sócios, que votaram maioritariamente na
lista de que Rui Costa fazia parte, votaram em Vieira contra Noronha Lopes.
Isto para dizer que o que sob este ponto de vista se aplica a Rui Costa
aplica-se por igualdade de razões a qualquer outro vice-presidente em funções.
Assim sendo, por esse lado o que
os membros da lista vencedora, actualmente na direcção do Benfica, na presente
situação devem fazer se Vieira se demitir ou ficar inibido de exercer funções é
pedir a demissão em bloco e pedir eleições antecipadas, de preferência em
Outubro.
Quanto ao mais, Rui Costa não reúne
nada que o justifique como futuro presidente do Benfica. Não apenas por ter
muito sono, como referia, durante a primeira passagem de Jesus pelo Benfica,
com conhecimento de causa, um conhecido comentador desportivo, hoje no Canal 11,
mas também por o seu tão apregoado benfiquismo ter muito que se lhe diga.
O Benfica não deve nada a Rui
Costa, antes pelo contrário. É certo que Rui Costa fez a formação no Benfica e
foi campeão do mundo de sub 18. É verdade, como outros a fizeram e alguns
outros também foram campeões do mundo, alguns até por duas vezes, e não será
apenas por isso que os seus clubes de então lhes ficaram eternamente gratos.
Depois desse êxito Rui Costa foi
emprestado ao Desportivo de Fafe onde esteve uma época. No fim da época
regressou ao Benfica, com Eriksson como treinador, primeiro, e depois com Toni.
Esteve três épocas no Benfica. A última foi muito agitada. Esteve para rumar a
Alvalade, como Paulo Sousa e Pacheco, lamentou-se publicamente de não ser como
Paulo Sousa e fez muita pressão para sair para a Itália (se é que não ficou a
troco de ter garantida a saída no fim da época), que era na altura o campeonato
que estava na moda. Foi vendido por 1milhão e duzentos mil contos, aos preços
nominais de hoje, cerca de 6 milhões de euros. Em conclusão: esteve três anos
como sénior na equipa principal do Benfica.
Depois esteve sete épocas na Fiorentina
(1994/ 2001) e mais cinco épocas no Milan (2001/2006), ao todo 12 épocas! Com
mais três no Benfica e uma no Fafe, por empréstimo, Rui Costa completou esta
fase da sua carreira fazendo 16 épocas!
É com esta idade, já com direito
à “reforma”, que Rui Costa regressa ao Benfica, depois de esgotada a aventura milanesa,
muito pela chegada em grande de Kaká, que Rui Costa se apresenta no Benfica
para encerrar, bem pago, a sua carreira, ao fim de mais duas épocas.
Como se vê, se dúvidas houvesse
não é o Benfica que tem qualquer dívida para com Rui Costa. Muito pelo
contrário, é Rui Costa que tem perante o Benfica ma grande dívida, onde jogou
apenas três épocas quando era muito jovem e mais duas quando já estava na idade
da “reforma”.
Depois disso passou a ser tratado
principescamente por Luís Filipe Vieira com salários milionários, primeiro em
funções que nem ele sabia bem para o que serviam ou em que consistiam e depois
em funções com retribuição híper inflacionada relativamente ao trabalho prestado.
Desde há dois anos, mais ou menos, Rui Costa passou a ser o designado sucessor
de Vieira como se o Benfica fosse uma monarquia de pandeireta.
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