BENFICA, UMA DESGRAÇA
Nestes tempos de mudança
acentuada do futebol jogado no campo, em que novas concepções se estão impondo,
o Benfica de ontem, com Jesus, e o de hoje, com Veríssimo, é uma completa
desgraça sob todos os aspectos.
Dir-se-á que Veríssimo tem pouco
tempo para poder ser julgado, além de ter herdado um plantel de que muito
provavelmente não gosta. Apesar de ser verdade, o que se vai vendo, como já se
via na equipa B, é a inexistência de qualquer ideia nova que altere a dinâmica
da equipa.
Se nada for feito, se a direcção
não tiver a competência para fazer as mudanças que se impõem, o Benfica como
grande equipa do futebol português está condenado e a um nível mais elevado
sonhar com algo diferente não passará disso mesmo: um sonho.
Do ponto de vista do plantel, o
Benfica tem de ser remodelado de alto a baixo. O ideal seria vender a maior
parte antes que atinjam um valor próximo do zero no mercado de transferências. As faltas atingem todos os sectores. Assim:
O Benfica precisa de dois
guarda-redes, experientes, com percurso em grandes ligas, que saibam jogar com
os pés, saibam sair aos cruzamentos, reduzir a profundidade e dêem garantias
entre os postes. Depois precisa de um lateral direito moderno, que ataque com
critério, que defenda e saiba rematar. Dos que lá estão só será necessário escolher
um como suplente. Precisa igualmente de um lateral esquerdo com as mesmas
características para competir com Grimaldo. Na linha média pode vendê-los todos,
com excepção de Paulo Bernardo, que tem meia época â sua frente para demonstrar
o que vale. A linha média do Benfica é, desde que Fejsa e Samaris se lesionaram, o
ponto mais fraco da equipa. O Benfica nunca teve neste século uma linha média
tão fraca como a actual. É necessário uma linha média que saiba defender bem,
construir bem, romper as linhas adversárias quer com passes verticais quer com
jogadas individuais e que além disso saiba rematar e faça golos. A actual linha
média do Benfica é das piores da primeira liga, tanto assim que todas as linhas
médias que com ela se defrontam todos os domingos a superam inequivocamente.
Escolhendo cá dentro bem e lá fora com critério é possível é possível construir
uma excelente linha média com pouco dinheiro ou até de graça. O Sporting
construiu uma linha média excelente de graça e a linha substituta quase de graça.
Na frente é preciso perguntar a Rafa porque deixou de tentar furar as linhas
adversárias, tendo-se tornado, na ausência dessa funcionalidade, um jogador
manifestamente excedentário. Dos médios ala talvez se possa ficar com Everton,
que parece mais solto, e com Diogo Gonçalves. Como avançados propriamente ditos,
dos quatro que competem entre si, talvez se possa vender um e contratar outro na
liga portuguesa.
Depois desta limpeza colmatada
com o conselho de quem percebe de jogadores e de futebol e não de comissões,
caberá escolher um treinador em conformidade, assunto muitíssimo mais delicado.
De preferência um técnico português que esteja realmente a par do futebol
moderno. O campo de recrutamento é vasto e deve ser explorado sem preconceitos.
Pode ser alguém da segunda liga ou até do campeonato de Portugal, o importante
é que saiba e esteja disposto a trabalhar a sério.
O jogo de ontem, bem como os
jogos contra o Porto e contra o Sporting foram uma miséria. Não há, no Benfica,
nenhuma dinâmica que permita chegar ao
golo. E como os golos não caem do céu, salvo excepcionalmente, o que aconteceu
vai continua a acontecer, porque a maior parte das equipas joga mais do que o
Benfica ou, no mínimo, joga o suficiente para o neutralizar.
1 comentário:
100 ; de acordo
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