domingo, 16 de janeiro de 2022

BENFICA, UM PROJECTO DE MUDANÇA

 

BENFICA, UMA DESGRAÇA

Nestes tempos de mudança acentuada do futebol jogado no campo, em que novas concepções se estão impondo, o Benfica de ontem, com Jesus, e o de hoje, com Veríssimo, é uma completa desgraça sob todos os aspectos.

Dir-se-á que Veríssimo tem pouco tempo para poder ser julgado, além de ter herdado um plantel de que muito provavelmente não gosta. Apesar de ser verdade, o que se vai vendo, como já se via na equipa B, é a inexistência de qualquer ideia nova que altere a dinâmica da equipa.

Se nada for feito, se a direcção não tiver a competência para fazer as mudanças que se impõem, o Benfica como grande equipa do futebol português está condenado e a um nível mais elevado sonhar com algo diferente não passará disso mesmo: um sonho.

Do ponto de vista do plantel, o Benfica tem de ser remodelado de alto a baixo. O ideal seria vender a maior parte antes que atinjam um valor próximo do zero no mercado de transferências.  As faltas atingem todos os sectores. Assim:

O Benfica precisa de dois guarda-redes, experientes, com percurso em grandes ligas, que saibam jogar com os pés, saibam sair aos cruzamentos, reduzir a profundidade e dêem garantias entre os postes. Depois precisa de um lateral direito moderno, que ataque com critério, que defenda e saiba rematar. Dos que lá estão só será necessário escolher um como suplente. Precisa igualmente de um lateral esquerdo com as mesmas características para competir com Grimaldo. Na linha média pode vendê-los todos, com excepção de Paulo Bernardo, que tem meia época â sua frente para demonstrar o que vale. A linha média do Benfica é, desde que Fejsa e Samaris se lesionaram, o ponto mais fraco da equipa. O Benfica nunca teve neste século uma linha média tão fraca como a actual. É necessário uma linha média que saiba defender bem, construir bem, romper as linhas adversárias quer com passes verticais quer com jogadas individuais e que além disso saiba rematar e faça golos. A actual linha média do Benfica é das piores da primeira liga, tanto assim que todas as linhas médias que com ela se defrontam todos os domingos a superam inequivocamente. Escolhendo cá dentro bem e lá fora com critério é possível é possível construir uma excelente linha média com pouco dinheiro ou até de graça. O Sporting construiu uma linha média excelente de graça e a linha substituta quase de graça. Na frente é preciso perguntar a Rafa porque deixou de tentar furar as linhas adversárias, tendo-se tornado, na ausência dessa funcionalidade, um jogador manifestamente excedentário. Dos médios ala talvez se possa ficar com Everton, que parece mais solto, e com Diogo Gonçalves. Como avançados propriamente ditos, dos quatro que competem entre si, talvez se possa vender um e contratar outro na liga portuguesa.

Depois desta limpeza colmatada com o conselho de quem percebe de jogadores e de futebol e não de comissões, caberá escolher um treinador em conformidade, assunto muitíssimo mais delicado. De preferência um técnico português que esteja realmente a par do futebol moderno. O campo de recrutamento é vasto e deve ser explorado sem preconceitos. Pode ser alguém da segunda liga ou até do campeonato de Portugal, o importante é que saiba e esteja disposto a trabalhar a sério.

O jogo de ontem, bem como os jogos contra o Porto e contra o Sporting foram uma miséria. Não há, no Benfica,  nenhuma dinâmica que permita chegar ao golo. E como os golos não caem do céu, salvo excepcionalmente, o que aconteceu vai continua a acontecer, porque a maior parte das equipas joga mais do que o Benfica ou, no mínimo, joga o suficiente para o neutralizar.