VIVA RAFA!
Rafa dispensa apresentações. É um
jogador único no panorama futebolístico nacional. Com características que
nenhum outro jogador tem e que fazem dele um jogador imprescindível em qualquer
equipa vencedora. Mesmo no mundo do futebol europeu e sul-americano, Rafa cominua
a ser um jogador dificilmente igualável.
Rafa é um jogador tecnicamente
perfeito? Não, não é. Se fosse, se tivesse o último passe sem falhas e a
finalização com cerca de 100 por cento de êxito, Rafa seria, sem favor, o
melhor atacante do mundo neste momento.
Na selecção, das pouquíssimas
vezes em que o seleccionador o pôs a jogar, quase sempre na segunda parte e
várias vezes a poucos minutos do fim, Rafa cumpriu sempre. Todos nos recordámos
do jogo conta a Hungria, em Budapeste, no último Europeu: a equipa portuguesa,
não obstante todos os seus craques, não estava a conseguir desbloquear o jogo,
Rafa entrou e em escassos dez minutos transformou um frustrante zero a zero
numa folgada vitória por três a zero. E o que fez o seleccionador? Pô-lo na
bancada no jogo seguinte e também o não chamou na derrota que atirou a selecção
portuguesa para uma aleatória eliminatória, que apenas correu bem porque a
Itália teve a infelicidade de perder um jogo que poderia ter ganhado por mais
de meia dúzia.
Dizendo as coisas como elas são:
Rafa não contava para o seleccionador Fernando Santos nem enfileirava no lote
de “ronaldetes” que, desde há vários anos, integram a maior parte da equipa das
“quinas”. São raríssimos os jogadores presentes na selecção que não reverenciam
Ronaldo – somente aqueles que, pela sua presença e prestações nas melhores
equipas do mundo e na liga mais competitiva do futebol mundial, não podem
deixar de ser convocados e de jogar, se podem dar ao luxo de não pertencer ao
clã de Ronaldo, como é o caso, entre outros, de Diogo Jota, Bernardo Silva e
João Cancelo. Todavia, qualquer pequeno abaixamento de forma remetê-los-á
imediatamente para o banco e depois para casa.
Rafa tem a sua personalidade, que
não é arrogante nem impositiva, mas também não é subserviente nem aceita
contemporizar com o que não concorda, nem finge ter prazer e felicidade com o que
lhe não interessa nada, por mais que apelem à hipocrisia como modo natural da
vida em sociedade.
E é com estas características,
que o distinguem positivamente como cidadão e como jogador, que resolveu pôr
termo à sua relação com a selecção. E ninguém tem nada com isso. Quando muito,
apenas e só exprimir pesar por selecção perder (sem nunca verdadeiramente o ter
tido) um grandíssimo jogador.
É conveniente deixar desde já bem
claro que a comunicação com que Rafa pediu para ser dispensado do estágio em
curso da selecção, bem como manifestou a sua indisponibilidade, por razões
pessoais, para integrar a selecção nacional são correctíssimas. A comunicação
pedindo dispensa do estágio foi dirigida, como não poderia deixar de ser, ao
director desportivo da selecção, com conhecimento ao seleccionador e a
manifestação da sua indisponibilidade para integrar a selecção foi endereçada,
como também não poderia deixar de ser, ao presidente da Federação. Tudo correcto,
como correctas igualmente foram as respostas dadas pelas instâncias competentes.
Assim sendo, pouco mais haveria a
dizer sobre a posição de Rafa e muito menos apreciações valorativas sobre a sua
decisão.
Mas não foi nada disso a que se
assistiu. Os comentadores politicamente mais reaccionários afectos ao Porto e
ao Sporting, bem como os fanático capazes de passar por cima de todas as suas
convicções como cidadãos, tentaram arrasar Rafa com as mais disparatadas
comparações, outros vilipendiaram-no com ataques mesquinhos de todo o tipo,
tentando a atingir a sua honra e o seu
carácter.
Houve um comentador do Sporting,
Carlos Barbosa da Cruz, conhecido pela mediocridade dos seus comentários “jurídicos”,
que, numa pose semelhante à dos antigos apaniguados do “fascismo salazarista”, chegou
ao ponto de comparar a decisão do Rafa a uma deserção, à fuga ao cumprimento de
um dever patriótico, logo susceptível de integrar um crime de “lesa-Pátria”.
Outros insultaram-no, como aconteceu com dois “marretas da SIC”, o acaciano
Ribeiro Cristóvão eo ressentido e ressabiado David Borges.
Todavia, pior do que tudo isso,
pior do que todos os dislates, insinuações, insultos e calúnias de comentadores
e jornalistas afectos ao Porto e ao Sporting, está o gravíssimo acto cometido
pela administração/direcção da Sport TV que numa decisão sem precedentes na
democracia portuguesa expulsou o comentador Jaime Cancela de Abreu por delito
de opinião – uma opinião compreensiva e apoiante da decisão de Rafa, uma
opinião altamente crítica do comportamento da Federação Portuguesa de Futebol no
seu relacionamento com a selecção de futebol e seus jogadores, uma opinião
sobre o domínio muito preocupante de Ronaldo na selecção, impondo-se ao treinador/seleccionador,
condicionando as convocatórias e a participação dos convocados nos próprios
jogos. Um acto que não pode ficar impune. A Sport TV, a sua administração, terá
de responder por este perigoso atentado à liberdade de opinião.
Para terminar, Rafa sabe que pode
contar com a solidariedade e o apoio dos benfiquistas em tudo quanto diga
respeito à sua relação com o futebol. Agora e sempre
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