terça-feira, 27 de setembro de 2022

RAFA E A SELECÇÃO

 

VIVA RAFA!

Rafa dispensa apresentações. É um jogador único no panorama futebolístico nacional. Com características que nenhum outro jogador tem e que fazem dele um jogador imprescindível em qualquer equipa vencedora. Mesmo no mundo do futebol europeu e sul-americano, Rafa cominua a ser um jogador dificilmente igualável.

Rafa é um jogador tecnicamente perfeito? Não, não é. Se fosse, se tivesse o último passe sem falhas e a finalização com cerca de 100 por cento de êxito, Rafa seria, sem favor, o melhor atacante do mundo neste momento.

Na selecção, das pouquíssimas vezes em que o seleccionador o pôs a jogar, quase sempre na segunda parte e várias vezes a poucos minutos do fim, Rafa cumpriu sempre. Todos nos recordámos do jogo conta a Hungria, em Budapeste, no último Europeu: a equipa portuguesa, não obstante todos os seus craques, não estava a conseguir desbloquear o jogo, Rafa entrou e em escassos dez minutos transformou um frustrante zero a zero numa folgada vitória por três a zero. E o que fez o seleccionador? Pô-lo na bancada no jogo seguinte e também o não chamou na derrota que atirou a selecção portuguesa para uma aleatória eliminatória, que apenas correu bem porque a Itália teve a infelicidade de perder um jogo que poderia ter ganhado por mais de meia dúzia.

Dizendo as coisas como elas são: Rafa não contava para o seleccionador Fernando Santos nem enfileirava no lote de “ronaldetes” que, desde há vários anos, integram a maior parte da equipa das “quinas”. São raríssimos os jogadores presentes na selecção que não reverenciam Ronaldo – somente aqueles que, pela sua presença e prestações nas melhores equipas do mundo e na liga mais competitiva do futebol mundial, não podem deixar de ser convocados e de jogar, se podem dar ao luxo de não pertencer ao clã de Ronaldo, como é o caso, entre outros, de Diogo Jota, Bernardo Silva e João Cancelo. Todavia, qualquer pequeno abaixamento de forma remetê-los-á imediatamente para o banco e depois para casa.

Rafa tem a sua personalidade, que não é arrogante nem impositiva, mas também não é subserviente nem aceita contemporizar com o que não concorda, nem finge ter prazer e felicidade com o que lhe não interessa nada, por mais que apelem à hipocrisia como modo natural da vida em sociedade.

E é com estas características, que o distinguem positivamente como cidadão e como jogador, que resolveu pôr termo à sua relação com a selecção. E ninguém tem nada com isso. Quando muito, apenas e só exprimir pesar por selecção perder (sem nunca verdadeiramente o ter tido) um grandíssimo jogador.

É conveniente deixar desde já bem claro que a comunicação com que Rafa pediu para ser dispensado do estágio em curso da selecção, bem como manifestou a sua indisponibilidade, por razões pessoais, para integrar a selecção nacional são correctíssimas. A comunicação pedindo dispensa do estágio foi dirigida, como não poderia deixar de ser, ao director desportivo da selecção, com conhecimento ao seleccionador e a manifestação da sua indisponibilidade para integrar a selecção foi endereçada, como também não poderia deixar de ser, ao presidente da Federação. Tudo correcto, como correctas igualmente foram as respostas dadas pelas instâncias competentes.

Assim sendo, pouco mais haveria a dizer sobre a posição de Rafa e muito menos apreciações valorativas sobre a sua decisão.

Mas não foi nada disso a que se assistiu. Os comentadores politicamente mais reaccionários afectos ao Porto e ao Sporting, bem como os fanático capazes de passar por cima de todas as suas convicções como cidadãos, tentaram arrasar Rafa com as mais disparatadas comparações, outros vilipendiaram-no com ataques mesquinhos de todo o tipo, tentando a atingir a sua honra  e o seu carácter.

Houve um comentador do Sporting, Carlos Barbosa da Cruz, conhecido pela mediocridade dos seus comentários “jurídicos”, que, numa pose semelhante à dos antigos apaniguados do “fascismo salazarista”, chegou ao ponto de comparar a decisão do Rafa a uma deserção, à fuga ao cumprimento de um dever patriótico, logo susceptível de integrar um crime de “lesa-Pátria”. Outros insultaram-no, como aconteceu com dois “marretas da SIC”, o acaciano Ribeiro Cristóvão eo ressentido e ressabiado David Borges.

Todavia, pior do que tudo isso, pior do que todos os dislates, insinuações, insultos e calúnias de comentadores e jornalistas afectos ao Porto e ao Sporting, está o gravíssimo acto cometido pela administração/direcção da Sport TV que numa decisão sem precedentes na democracia portuguesa expulsou o comentador Jaime Cancela de Abreu por delito de opinião – uma opinião compreensiva e apoiante da decisão de Rafa, uma opinião altamente crítica do comportamento da Federação Portuguesa de Futebol no seu relacionamento com a selecção de futebol e seus jogadores, uma opinião sobre o domínio muito preocupante de Ronaldo na selecção, impondo-se ao treinador/seleccionador, condicionando as convocatórias e a participação dos convocados nos próprios jogos. Um acto que não pode ficar impune. A Sport TV, a sua administração, terá de responder por este perigoso atentado à liberdade de opinião.

Para terminar, Rafa sabe que pode contar com a solidariedade e o apoio dos benfiquistas em tudo quanto diga respeito à sua relação com o futebol. Agora e sempre

Sem comentários: