O DESPREZO ESPANHOL
Mais importante do que o jogo entre o Barcelona e o Benfica
em Camp Nou foi o modo como a imprensa espanhola o tratou. Sobre o Benfica e sobre
o jogo em si praticamente não se falou, fosse o jornal, generalista ou
desportivo, de Barcelona ou de Madrid.
Entre eles pode haver guerras, serem uns aparentemente muito
soberanistas e outros exageradamente centralizadores, mas quando se trata do
estrangeiro são todos espanhóis.
Ainda ontem assim aconteceu. O Benfica fez um bom jogo em
Barcelona contra uma equipa em que não alinharam algumas das principais
vedetas, mas em que participaram muitos dos que normalmente jogam na equipa
principal, sem que isso constitua desculpa para quem quer que seja, como também não serviu o facto de no último duelo
contra o Real Madrid, o Barcelona ter alinhado com uma equipa que estava longe de
constituir a sua melhor formação.
Além de ter feito um bom jogo, o Benfica desfrutou de
várias oportunidades de golo que só por inépcia não concretizou. Aliás, uma
delas constitui uma grave violação de um dos princípios fundamentais de futebol
– o colectivo vale mais do que qualquer individualidade. O que conta no futebol
são os triunfos da equipa, sendo meramente secundários e sempre subalternizados
os triunfos individuais. É por isso que não tem desculpa o comportamento de
Rodrigo, causador de um grave dano ao clube pelo qual tem de ser desportivamente
responsabilizado.
Pois bem, a imprensa espanhola ignorou o jogo e o Benfica
para se concentrar exclusivamente na “lesão” de Messi. Como toda a gente sabe,
Messi lesionou-se, felizmente sem gravidade, sozinho ou num choque com Artur que
ele não soube ou não quis evitar. Um lance puramente casual, insusceptível de
imputação a quem que seja, salvo ao próprio lesionado. Mas tal lance foi
suficiente não apenas para que a imprensa esquecesse o jogo, como também para
apelidar de duro o jogo do Benfica. Acusação sem qualquer fundamento, já que se
dureza houve ela ficou a dever-se a Adriano, que deveria ter sido expulso. É
certo que houve também uma entrada mais ousada de Luisão que foi punida com
cartão amarelo e uma outra de Matic semelhante a tantas outras que acontecem
durante os jogos. Em conclusão: não houve dureza nenhuma, nem o jogo alguma vez
correu o risco de descambar num mero confronto físico entre os jogadres.
Bem, mas o facto de o Benfica ter feito um jogo interessante,
de poder ter ganho e outras coisas mais, de forma alguma pode servir de
compensação ou fazer esquecer a má campanha que a equipa fez na fase de grupos da
Liga dos Campeões. O percurso do Benfica foi um fracasso que o empate em Camp
Nou de forma alguma desculpa. Oito pontos na fase de grupos é muito pouco. É,
como se viu, uma pontuação insuficiente para a qualificação.
O empate em Glasgow e a derrota em Moscovo são, como logo se
disse, resultados altamente comprometedores, que somente com o auxílio de
terceiros poderiam permitir a passagem à fase seguinte. Como isso não
aconteceu, o Benfica baixa à Liga Europa onde encontrará seguramente equipas bem
fortes, contra as quais não terá quaisquer hipóteses se jogar como jogou em
Moscovo.
O Porto, pelo contrário, passou folgadamente a fase de
grupos, qualificando-se, podendo até ter terminado em primeiro lugar não fora
um inacreditável “frango” de Helton. Já o Braga foi decepcionante, repetindo
erros que deixam supor deficiências de orientação técnica. Ficou em ultimo lugar no seu grupo, com apenas uma
vitória fora e cinco derrotas, três em casa e duas fora.
1 comentário:
Essa do Rodrigo ser responsabilizado pelo clube tem toda a lógica, um clube com este genero de jogadores mesmo que jogue bem nunca é um vencedor.
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