MESSI JOGA SOZINHO?
A imprensa espanhola continua a dar o maior realce à putativa
lesão de Messi, deixando implícito pelo teor dos artigos que tem publicado que
ninguém pode tocar no astro argentino. Certamente que Messi tem de ser protegido, segundo
as leis do jogo, exactamente nos mesmos termos em que devem ser defendidos os
demais jogadores.
É certo que determinados jogadores pelo protagonismo que
adquiriram em campo, mercê da sua classe, podem ser alvo da violência ostensiva
ou disfarçada de outros praticantes, quer como único processo eficaz de os travar, quer como processo intimidatório relativamente a jogadas
futuras. E os árbitros devem estar particularmente atentos a essas situações,
antes de mais por serem contrárias às leis do jogo, mas também por serem premeditadas
e nada terem de casuais. É nesse sentido, e apenas nesse, que vale a ideia de
que os “grandes artistas” devem ser protegidos.
Mas nada disso obsta a que contra esses jogadores os adversários
joguem como costumam jogar contra qualquer outro. E o futebol, como se sabe, é um
desporto de choques permanentes, susceptíveis de ocasionar lesões, sem
que daí decorra qualquer punição para qualquer dos contendores ou sequer
qualquer responsabilidade, nem mesmo no plano moral.
Quem viu o jogo entre o Benfica e o Barcelona sabe
perfeitamente que o choque entre Messi e Artur foi um choque perfeitamente
normal entre o jogador que caminha isolado para a baliza e o guarda-redes que
pretende evitar o golo de modo completamente legal.
Foi o que sucedeu: Messi
tentou passar Artur e este conseguiu com uma notável intervenção desviar a bola
com a mão impedindo Messi de prosseguir isolado em direcção à baliza. Foi Artur
que chocou com Messi? Só por demagogia se poderia afirmar tal coisa. E por que
não o contrário? Aliás, num tecnicista da categoria de Messi exigia-se mais
naquela jogada. Exigia-se que tivesse sabido contornar Artur. Mas daí a imputar-se
a responsabilidade a Messi pelo choque também vai uma grande distância que
ninguém de boa-fé pode transpor. O choque não é da responsabilidade de nem
de outro jogador. É uma situação perfeitamente normal num jogo de futebol.
Por isso é completamente ridícula, para não dizer outra
coisa, a imputação que a imprensa espanhola, mesmo a de Madrid, tem feito a Artur
a propósito da jogada com Messi, equiparando-a ou pondo-a no mesmo plano de
certas “patadas” que o craque argentino tem sofrido em Espanha. Quando se exagera cai-se com facilidade no ridículo.
Deve ainda ddizer-se que neste plano se progrediu muito no futebol. Que o diga Maradona que foi vítima de entradas brutais durante a sua carreira, como antes dele tinha sido Eusébio e outros. Hoje, para bem do futebol, isso já não é possível.
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