33 CAMPEONATOS
Na hora da vitória é preciso saber ganhar. E a primeira coisa
que naturalmente ocorrerá perguntar, antes de falar dos principais adversários
do Benfica, é se foram justas e adequadas todas as críticas dirigidas durante a
época ao presidente Luís Filipe Vieira e ao treinador Jorge Jesus, um e outro
tantas vezes alvo das críticas, por vezes contundentes, deste blogue.
Na hora da vitória, além de saber ganhar, é também preciso
saber fazer a autocrítica quando ela se justifica. E a primeira autocrítica a
fazer, aconteça o que acontecer até ao fim da época, é que Vieira tinha razão
quando aguentou Jesus contra a maioria da direcção e contra a opinião e o
desejo de muitos benfiquistas de longa data. Jesus ganhou o campeonato e isso é
muito importante, ou o campeonato não fosse a prova maior do futebol português
e a que garante a entrada directa na Liga dos Campeões.
Mas não basta fazer esta autocrítica. É preciso também
reconhecer que nesta época Jorge Jesus aprendeu muito. É certo que o orgulho e
uma certa incultura levam-no a não reconhecer o muito que aprendeu nesta quinta
época ao serviço do Benfica. Mas, diga ele o que disser, a verdade é que
actualmente o futebol do Benfica é mais consistente e mais seguro do que nas
épocas anteriores. Jorge Jesus foi gradualmente trocando a loucura do futebol
de ataque espectacular por um futebol mais seguro defensivamente, por força das
alterações introduzidas no meio campo e também, é bom não esquecê-lo, por força
do extenuante papel de cobertura desempenhado pelos dois principais goleadores
do Benfica – Lima e Rodrigo.
Mas com este facto prende-se uma outra crítica que
frequentemente lhe foi feita e que, analisadas as coisas com calma, nem sempre se justifica ou, pelo menos, se não justifica nos termos em que foi feita. E a
questão é esta: é óbvio que a equipa perdia eficácia, ficava um pouco mais
vulnerável (embora os números dificilmente o demonstrem) sempre que a famosa
"rotatividade" impunha alterações à equipa tipo. Isso era notório. Todos viam
isso e, seguramente, Jorge Jesus também. Mas o que nem todos viam é que
essa menor eficácia era mais que compensada por uma “gestão do balneário”
inteligente. Com a rotatividade todos os jogadores do plantel, ou quase todos,
se sentiam úteis e titulares. A equipa não era constituída por onze e mais
alguns, mas por vinte e tal jogadores e todos jogavam, todos puxavam para o
mesmo lado e todos eram solidários. E a “gestão do balneário” é tão importante
para as vitórias como a inteligência táctica do treinador.
E foi ainda com essa rotatividade que se conseguiu alcançar a
excelente forma de Sálvio, de Sílvio e de Rúben Amorim, todos infelizmente
lesionados, com maior ou menor gravidade. Somente Cardozo, apesar das inúmeras
oportunidades de que desfrutou, não conseguiu alcançar o nível de outros tempos.
Embora haja razões específicas para isso: Cardozo não fez a pré-época e depois
esteve cerca de três meses parado por lesão. Mesmo assim, antes da lesão,
Cardozo foi decisivo naqueles jogos em que o Benfica ainda não tinha superado
os danos psicológicos causados pela época passada.
Analisado este ponto, resta dizer que o Benfica foi a equipa
que melhor futebol jogou, a mais espectacular, a mais consistente, a mais
eficaz, a mais regular. Por tudo isso, a vitória não tem contestação.
Na equipa do Benfica todos sobressaíram pela positiva. Os
dois guarda-redes, os quatro laterais, os seis médios, os quatro médios ala, e
os avançados propriamente ditos.
É preciso, porém, continuar. A vitória por 2-0 contra o
Olhanense, com dois golos de Lima, assegurou a vitória no Campeonato. Mas ainda
está por jogar a final da Taça de Portugal, as meias-finais da Liga Europa e e
a meia final da Taça da Liga, provas onde o Benfica tem uma importante palavra
a dizer, agora que a questão do campeonato está arrumada!
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