domingo, 27 de abril de 2014

OXALÁ MOURINHO PERCA


A NEGAÇÃO DO FUTEBOL
Inför Liverpool - Chelsea

Mourinho é verdadeiramente a negação do futebol. Se treinasse uma equipa barata, composta por jogadores modestos, de parco orçamento à qual se exigisse a manutenção na divisão principal ainda se compreenderia que Mourinho jogasse como efectivamente joga – ou seja, privilegiasse o anti-futebol, exclusivamente preocupado com o resultado. Mas andando Mourinho na alta-roda do futebol mundial, tendo ao seu dispor orçamentos de milhões, servido pelos melhores jogadores, é absolutamente inaceitável que pratique o futebol que infelizmente vemos sempre que as suas equipas entram em campo assim como é inaceitável que a crítica não se manifeste contundentemente contra aquela “filosofia de jogo”.

Aliás, como já por várias vezes o dissemos, o “êxito” de Mourinho só é possível em equipas que representam pouco e muito poucos no futebol do país a que pertencem.

Mourinho teve êxito no Porto, no Chelsea e no Inter de Milão, porque nenhuma destas equipas têm um número de adeptos suficientemente vasto e diversificado nem um passado alicerçado em tradições e níveis de exigência exibicionais capazes de impor outra atitude desportiva. O que lhes interessa é ganhar seja como for. Tentam por via da vitória alcançada a qualquer preço compensar a grandeza que efectivamente lhes falta e supõem ainda, contra o que os factos e a história ensinam, que é da soma dessas vitórias alcançadas de qualquer jeito que acabará por lhes advir a grandeza que realmente lhes falta.

Em equipas de pergaminhos firmados, com uma respeitável e brilhante história de dignidade desportiva, como por exemplo o Real Madrid, o “resultadismo” de Mourinho está de antemão votado ao fracasso como efectivamente veio a acontecer e voltará a acontecer se por equívoco Mourinho voltar a ser contratado por uma equipa de idênticos pergaminhos.

Nestas equipas o resultado não conta como algo completamente desligado do modo como é alcançado. Nestas equipas o resultado que conta é o alcançado dentro das quatro linhas com níveis exibicionais invejáveis e no respeito pelo adversário. Em equipas com este padrão de exigência ética e desportiva, não só não interessam como até incomodam os “jogos fora do campo” de Mourinho contra os adversários, contra árbitros, contra o poder regulador do futebol. Toda essa inacreditável lenga-lenga que Mourinho põe permanentemente em prática para tentar condicionar o resultado é vista nas equipas com passado como uma séria ameaça de descaracterização da história e da tradição da clube, causadora de um mal estar que acaba por corroer a relação de confiança que inevitavelmente tem de haver entre o treinador e a equipa encarada na sua mais viva individualidade.

Esta forma de encarar o futebol tem no plano técnico táctico o modelo de jogo que infelizmente vemos o Chelsea praticar jogo após jogo. Ou seja, um modelo exclusivamente voltado para o resultado, quase sempre alcançado à custa de um futebol covarde que se recusa a jogar de igual para igual contra os seus adversários e antes se refugia num triste e traiçoeiro futebol defensivo que tudo é capaz de hipotecar, inclusive a própria dignidade dos jogadores, a um resultado positivo.

Foi assim contra o Atlético de Madrid na semana passada e voltou a ser hoje contra o Liverpool. Portanto, quem gosta verdadeiramente de futebol, só pode fazer votos muito sinceros para que Mourinho e a sua equipa não alcancem nenhum dos resultados que almejam. Que Mourinho seja derrotado na Liga dos Campeões e na Premier League é o mínimo que um adepto de futebol pode verdadeiramente desejar a bem do futebol!


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