quinta-feira, 27 de agosto de 2015

JESUS IGUAL A SI PRÓPRIO


 

BENFICA À DERIVA
 
Sporting não entra na Champions

 

A prestação de Jesus na Liga dos Campeões acabou por ser igual àquela a que durante seis épocas habituou os portugueses: um fracasso.

Jesus é como é. E nesse seu ser como é está também a incapacidade de aprender com os erros do passado. Quem se der ao trabalho de analisar os golos que o Sporting sofreu esta noite em Moscovo e os comparar com os que o Benfica na época passada sofreu contra o Bayer de Leverkusen e contra o Zénite chegará facilmente à conclusão de que há entre eles muitas semelhanças.

As equipas de Jesus são equipas desequilibradas. Atacam com muitos e defendem com poucos. Para defender com poucos é preciso, primeiro, defender muito bem e depois que o adversário não seja da mesma igualha. Em Portugal, o modo como as equipas de Jesus defendem é em regra suficiente para ganhar a oitenta por cento dos adversários. Nas provas internacionais de primeira grandeza, como a Liga dos Campeões, esse modo de defender é insuficiente por melhor que sejam os executantes e a por mais aprimorada que seja a sua organização.

É preciso jogar com equipas mais compactas e ter capacidade para alterar o plano de jogo em função do resultado e dos objetivos que ele encerra. Também neste particular Jorge Jesus evidencia conhecidas debilidades. As substituições de Jesus ocorrem, salvo caso de força maior, invariavelmente, a primeira, entre os 65 e os 70 minutos, entrando normalmente um jogador de características semelhantes ao que saiu e as outras duas nos últimos cinco minutos do tempo regulamentar, sendo que a última ocorre frequentemente já no período de compensação.

Estas são as duas grandes deficiências de Jesus: desequilíbrio no conjunto e ausência de um verdadeiro plano B para pôr em prática sempre que necessário, seja em consequência da marcha do resultado, seja em consequência da valia do adversário.

Fora isto, que é muito – e é tanto que, mesmo internamente, para o campeonato, o Benfica, em 12 jogos, somente ganhou três vezes ao Porto – Jorge Jesus apresenta equipas com um futebol vistoso, francamente agradável, técnica e tacticamente disciplinadas onde cada jogador sabe exactamente o que anda a fazer (ou seja, aquilo que o treinador lhe ordena) – se não chega é porque as ordens nem sempre serão as melhores.

O jogo desta noite contra o CSKA de Moscovo não fugiu à regra. O Sporting, apoiado por um enorme coro de carpideiras, bem pode fazer uma enorme choradeira imputando – à semelhança do que faz internamente – ao árbitro o fundamento da derrota. Mas sem razão.

Não há nenhum golo marcado ilegalmente. O golo do Sporting é legal – Gutierrez está em linha; o primeiro golo do CSKA é marcado com o corpo – se a bola ressalta para o braço do marcador, esse toque é absolutamente não intencional. Percebe-se que o jogador tem a preocupação de encolher o braço para evitar que a bola lhe toque e percebe-se também que o jogador nem sabe bem como a bola entrou e somente umas fracções de segundo depois se apercebe do que aconteceu. E no futebol, como se sabe, somente a mão ou o braço intencionais são puníveis.

Quanto ao golo anulado ao Sporting, o que o árbitro, por gestos, explica é que a bola saiu do campo. A televisão não tira as dúvidas, embora se perceba que a bola faz uma curva. Se saiu ou não do campo, somente o juiz de linha o poderá dizer – e disse – por ser o mais bem colocado para o efeito. É curioso que ainda na segunda-feira passada o fanático sportinguista Eduardo Barroso, num conselho que se atreveu aa dar a Jesus, lhe pedia para os cantos do lado direito serem marcados com o pé esquerdo e os do lado esquerdo com o pé direito, para evitar que se diga que a bola saiu do campo.

Isto quanto ao Sporting de Jorge Jesus. Quanto ao Benfica, a ideia que se fica depois de vistos mais de meia dúzia de jogos com apenas uma vitória é que é uma equipa à deriva. Contrariamente ao que se passa com as equipas de Jesus, no Benfica actual ninguém sabe bem o que anda a fazer em campo. Nem tão pouco se percebe o que é que o treinador pretende dos jogadores.

Se se pretende manter um sistema próximo do habitual em Jesus, nomeadamente nestes últimos três anos, por que razão foi Lima vendido? E por que foram comprados Mitroglos e Jimenez? Aliás, não se percebe por que razões se contratam dois jogadores mais caros do que aquele que saiu e com muito menor rendimento. Ou melhor, só se percebe que se venda relativamente barato o que provadamente se sabia que servia e se compre relativamente caro o que por completo se desconhece porque certamente há quem ganhe com as vendas e com as compras. De outro modo tratar-se-ia de um acto de gestão completamente irracional.

Se, pelo contrário, Rui Vitória pretende que a equipe jogue num sistema diferente por que razão não passou a pré-época a enraizar esse sistema? E por que insiste em fazer o contrário do que acha melhor?

O que infelizmente parece é que Rui Vitória não tem capacidade para comandar um barco tão complexo como o Benfica e denota insuficiências em que um simples interessado nas coisas do futebol jamais incorreria – as substituições do último jogo contra o Arouca são disso a prova.

Está à vista que Vieira mais uma vez se enganou. Enganou-se no treinador e enganou-se quando supôs que iria ter uma espécie de aliança tácita com o Porto. Neste segundo caso, não basta ser ingénuo. É preciso que se seja algo mais ..

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