ATÉ 8 DE MARÇO TUDO SE
DECIDIRÁ
O Benfica tem estado verdadeiramente arrasador. Oitenta golos
(80) marcados em todas as competições oficiais até ontem disputadas, cinquenta
e nove (59) no campeonato, vinte e seis (26) sofridos, catorze (14) dos quais
no campeonato.
A dois pontos do Sporting, vencendo categoricamente os
diversos jogos em que participa, o Benfica espalha o pânico nos seus principais
adversários, nomeadamente no Sporting, cuja estrutura dirigente e a própria
equipa técnica não têm o equilíbrio emocional suficiente para suportar os
resultados e o nível exibicional do Benfica.
Perguntar-se –á por que razão o Benfica respira no campo uma
confiança que nunca demonstrou em nenhum dos seis anos de Jorge Jesus? Claro
que a confiança decorre dos resultados e das exibições, mas tanto estas como os
resultados decorrem do novo sistema de jogo da equipa e dos seus magníficos
intérpretes.
No tempo de Jorge Jesus, a equipa nunca foi uma equipa tranquila.
O "frenesim atacante" que Jorge Jesus imprimia à equipa, às vezes com grande
brilho exibicional, era, paradoxalmente, a sua grande força e sua grande
fraqueza.
No primeiro ano de Jesus, os efeitos negativos deste “frenesim”
notaram-se menos do que nos anos subsequentes. Primeiro, porque o principal
rival do Benfica – o FC Porto – estava mal e o sistema de jogo do Benfica era
suficientemente inovador para deixar a maior parte dos adversários perplexos. Mesmo
assim, o Benfica não ganhou vantagem suficiente sobre o seu principal
adversário (Sporting de Braga) para poder descansar. Só na última jornada o
campeonato foi ganho.
Depois, sempre com o mesmo sistema, o Benfica foi derrotado em
todas as competições (salvo na Taça da Liga em dois anos) nos três anos
seguintes, sempre pelo Futebol Clube do Porto.
Somente quando o Porto voltou a fraquejar, uma das vezes com
um dos piores plantéis da sua história recente (2013/2014) e outra, no ano
seguinte, com um plantel recheado de estrelas mas comandado por um treinador manifestamente
incompetente, é que o Benfica exibiu manifesta superioridade sobre os seus
principais opositores, embora sem nunca ter sido capaz de expressar essa
superioridade em expressiva diferença pontual.
Sem falar nos desaires europeus e na Taça de Portugal
(excepto num ano), tudo isto porquê se a equipa durante esses seis anos esteve
sempre servida por excelentes intérpretes?
Porque nesse seu "frenesim atacante "a equipa desguarnecia
frequentemente a sua rectaguarda, principalmente o meio campo (de consequências
fatais contra equipas técnica e tacticamente evoluídas) e empurrava toda a
equipa adversária para trás da linha da bola, nas imediações ou dentro da sua
grande área. Consequências: faltava espaço ao Benfica e sobrava campo ao
adversário para explorar com êxito, como tantas vezes aconteceu, as costas da
defesa benfiquista.
Isto passava-se durante todo o jogo. Aquela imensa correria
acima e abaixo era a imagem de marca das equipas de Jesus. Uma imagem que faz
vibrar o espectador, pela espectacularidade do jogo, apesar de muitas vezes os
golos não aparecerem ou aparecerem tardiamente e de frequentemente a equipa
ficar excessivamente exposta às arremetidas do adversário. Claro que se essas
arremetidas eram, com todo o respeito, do Gil Vicente ou Olhanense, as consequências
eram umas; se eram do Bayer Leverkusen, do Zenit de São Petersburgo ou do
Futebol Clube do Porto eram outras, completamente diferentes.
No tempo de Jesus, o Benfica, como hoje o Sporting, registava
quase sempre uma posse de bola esmagadora, mesmo quando os resultados eram
fracos.
Com Rui Vitória tudo isto mudou. A equipa abandonou aquele”
louco frenesim” atacante, divide muito mais o jogo com o adversário, chame-se
ele Atlético de Madrid ou Moreirense, tem muito menos posse de bola (veja-se o
que se tem passado nos jogos em que o Benfica tem goleado), marca muitos mais
golos e sofre menos!
Tudo isto porquê? Muito simplesmente porque tem mais
consistência defensiva, é uma equipa muito mais equilibrada e coesa e porque
beneficia de muitos mais espaços no ataque.
É por estas singelas razões, decorrentes do sistema de jogo
que Rui Vitória soube pôr em prática, que me atrevo a afirmar que o Benfica
este ano será campeão com uma diferença pontual sobre o segundo classificado superior
à de qualquer um dos três anos em que foi campeão com Jesus e fará um percurso na Liga dos Campões à altura da sua história.
Restringir os êxitos do Benfica ao “aparecimento” de Renato
Sanches e de Pizzi é muito redutor e, simultaneamente, enganador, apesar do
excelente contributo que ambos têm dado na consolidação do sistema de jogo da
equipa. E é redutor porque estes mesmos dois jogadores com Jorge Jesus não jogariam
como estão a jogar hoje. Ele não os deixaria jogar assim. Atenção: isto não é
uma crítica. É uma constatação. A “ideia de jogo” de Jesus opor-se-ia à
liberdade de acção de Renato Sanches e ao actual posicionamento de Pizzi, como
o ano passado se viu relativamente a este.
A oito de Março logo se verá se o prognóstico que hoje aqui deixo se confirma ou não.
5 comentários:
A sua análise é muito precipitada na medida em que a equipa de Benfica ainda não ganhou nada.
Oxalá que esteja a ver coisas reais e inacessíveis aos olhos do commum adepto.
Mas de que o Benfica tem atropelado muitos adversários não há dúvidas!
Bom trabalho!
Fernandes Lima
A 8 de Março estão no vosso lugar, em terceiro e a olhar para baixo com medo do Braguinha.
Para a semana começa o Porto a mostrar-vos o que realmente valem!
Bos imagem aí do lambadas! Quantos jogos vai levar?
Vasco!
Concordo c/ a análise. Chama bem a atenção para a forma vistosa como o Benfica de JJ evoluía no terreno - a diferença para o início desta época foi gritante e levou muitos ilustres benfiquistas a pensar q era o fim do mundo e estávamos à beira do abismo...
Acresce q o Benfica de JJ acabava as épocas sempre "de rastos" pq o seu sistema de jogo é demasiado exigente fisicamente. Não foi por acaso q só ganhou finais a equipas como o Marítimo ou como o Paços...
Nesta época, c/ Rui Vitória, o Benfica joga como uma "equipa normal" das q são campeãs ou vão longe na Europa.
Vasco Vasco, ja se te aperta o cu, Vasco.
preocupa-te com o teu Jorge Fernando e com os teus teos
Anda tão entaladinho que já nem se senta não é seu labrego.
Miguel
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