terça-feira, 30 de outubro de 2018

RUI VITÓRIA, SIMÕES E O VARANDAS



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I - Rui Vitória e o seu record

Rui Vitória sentindo-se acossado com a baixa acentuada do Benfica no ranking europeu depois da derrota de Amesterdão que, em princípio eliminará o Benfica na fase de grupos da Liga dos Campeões, sentiu necessidade de vir a terreiro demonstrar que é o treinador com o melhor “ratio” de vitórias na Liga dos Campeões por jogos disputados.

Em primeiro lugar, convém dizer que, embora o futebol seja fértil em surpresas, podendo sempre acontecer o inesperado, para o Benfica ter o apuramento garantido contra todo e qualquer imprevisto necessitaria de ganhar todos os jogos que lhe faltam disputar. Fora desta hipótese muito pouco provável, o apuramento também se verificaria se o Benfica ganhasse os jogos que vai disputar em casa e o Ajax não fizesse mais do que um ponto ou dois com o Bayern e o AEK, neste caso dependendo do resultado do confronto com o Benfica. Ou seja, tanto o Bayern como o Ajax apenas precisam de uma vitória, se o Benfica ganhar os jogos em casa, para se qualificarem. Portanto, as hipóteses de o Benfica se qualificar são muito escassas.

É neste contexto que Rui Vitória vem falar da Liga dos Campeões. A Liga dos Campeões e a Taça dos Campeões são a mesma competição, uma competição que existe desde 1955/56, tendo passado a disputar-se em moldes diferentes a partir de finais do século passado. Limitar a participação do Benfica à Liga os Campeões para o actual treinador pretender tirar um efeito meramente estatístico é limitar a história do Benfica e a sua grandeza já que foi na Taça dos Campeões que o Benfica se tornou no grande clube que hoje é.

Em segundo lugar, é mais que óbvio que Rui Vitória apenas pretende afirmar que a sua participação, até hoje, é melhor do que a de Jesus. Isto, apesar de todos sabermos que tanto um como outro apenas por uma vez terem verdadeiramente honrado o nome do Benfica, com a qualificação para os quartos-de-final, ficando, portanto, ambas muito aquém do que os adeptos esperariam. Ou seja, tanto um como outro tiveram 4 participações na Liga dos Campeões. Jesus apenas por uma vez passou a fase de grupos; Rui Vitória já passou por duas vezes. Jesus disputou como treinador 38 jogos: ganhou 14, empatou 10 e perdeu 14; Rui Vitória disputou 31, ganhou 11, empatou 6 e perdeu 14. Da vez em que não passou a fase de grupos Rui Vitória ficou em último lugar, com zero pontos, seis derrotas. Jesus das três vezes em que não passou a fase de grupos, somente uma vez ficou em último, tendo das outras duas disputado a Liga Europa.

Rui Vitória, no primeiro ano em que esteve no Benfica participou na Liga dos Campeões, por ter beneficiado da vitória alcançada no campeonato, no ano anterior, sob o comando de Jorge Jesus: Jesus, pelo contrário, no primeiro ano em que esteve no Benfica não participou na Liga dos Campeões.

Na Liga Europa, que Vitória até hoje nunca disputou ao serviço do Benfica, Jorge Jesus tem um palmarés imbatível em Portugal. Ao serviço do Benfica Jorge Jesus participou por quatro vezes la Liga Europa, a primeira vez chegou aos quartos-de-final, a segunda às meias-finais e as duas últimas à final. Disputou 40 jogos, ganhou 26, empatou 8 e perdeu 6.

Entretanto, refeitas as contas, mesmo circunscritas à Liga dos Campeões com o formato que hoje tem, Rui Vitória não é o treinador com melhor “ratio” jogos/vitórias, situando-se em 5.º lugar, atrás de Fernando Santos, R. Koeman, Artur Jorge e Souness. Este ratio, aliás. Interessa muito pouco e até pode ser enganador. Só voltamos a ele por Rui Vitória ter feito questão de o apresentar como um troféu. De facto, o que realmente interessa é a fase da prova a que se chega.

Ainda Rui Vitória não tinha saído desta, já estava metido noutra: a derrota contra o Belenenses no Jamor. Rui Vitória começa a ficar sem espaço para continuar, não apenas pelas derrotas, mas por se perceber que a equipa não sabe o que anda a fazer em campo. E isso com os jogadores que o Benfica tem é imperdoável. Questão é saber quem o pode substituir…

II - Dito isto passemos ao segundo tema: SIMÔES

Têm sido notícia em toda a comunicação social as declarações de Simões sobre o “momento judicial” do Benfica, bem como as respostas que lhe têm sido dadas por gente próxima da actual direcção, como Pedro Guerra. Sobre esta polémica a nossa posição enuncia-se facilmente. Simões tem o direito de expressar a sua opinião, bem como o seu desconforto pela situação em que o Benfica tem sido colocado. Essas declarações valem mais ou menos não por Simões ter sido campeão europeu pelo Benfica e ter participado numa das melhores equipas da história do clube ou por ter participado na selecção nacional de futebol que até hoje alcançou o melhor classificação num Mundial de Futebol, mas pelos méritos intrínsecos das opiniões proferidas. Digamos até que aqueles atributos, se algum peso têm – e têm – é obriga-lo a ser reflectido em tudo quanto diz uma vez que as suas declarações se forem feitas sem essa precaução prestam-se a ser aproveitadas por uns ou por outros consoante a sua natureza.

Dito isto, passemos a outro aspecto da questão: Que Simões se sinta desconfortável, é aceitável e compreensível. Que Simões não goste de alguns “comunicadores” oficiais ou oficiosos do Benfica, ainda mais aceitável é. O que não é aceitável é Simões desconhecer que o clube foi vítima de um assalto de gigantescas proporções que ofendeu gravemente a sua privacidade e que um funcionário de um clube rival aparece aos olhos do público ou como suspeito de ter praticado esse assalto ou de o ter encomendado ou, no mínimo, suspeito de ser um receptador que usa o produto do roubo em proveito próprio, ou seja, do clube em nome do qual fala. Isto Simões não pode desconhecer nem menosprezar, conhecendo. E Simões também não pode ser indiferente ao aproveitamento que das suas declarações está sendo feito por alguém que ele próprio ainda há bem pouco tempo considerava responsável pelo que há de pior no futebol português, a ponto de várias vezes ter dito a representantes dessa entidade que quando se fizer a verdadeira história do futebol português se vai ficar a saber tudo de quão vergonhoso se passou nestas últimas décadas. Isto Simões não pode esquecer, se pretende que a sua voz seja ouvida. E já que falamos em voz, seria no mínimo exigível pela boa educação, de que Simões tanto se reclama, que quando dialoga com outros benfiquistas, inclusive antigos jogadores, antes de mais os deixe expor as suas opiniões e fosse tão educado com eles quanto Simões exige dos outros relativamente a si. Cumpridos estes pressupostos, poderá Simões continuar a emitir as suas opiniões que daqui não ouvirá qualquer crítica.

III – Finalmente, passemos ao Varandas.

Varandas, presidente de um clube em ruínas, parece apostado, tal como o seu antecessor, a fazer do seu antibenfiquismo o grande factor identitário do Sporting. Se assim for, se Varandas pretende seguir a estratégia que a CM TV ainda não abandonou, ao Benfica apenas lhe resta deixá-lo afundar-se na defesa de uma estratégia que acabará por destruir o Sporting.



Por todas estas razões – escutas, roubos, antibenfiquismo primário do Sporting e da CM TV, jogo sujo do Porto – o Benfica precisa urgentemente de começar a ganhar. Ganhando nada disto terá importância…

1 comentário:

Quimcosta disse...

Excelente post.
Excelente visão de várias situações controversas.

Viva o Benfica!