SPORTING COM SORTE ESCAPOU A GOLEADA
O Sporting - entenda-se: os seus dirigentes e os seus intragáveis comentadores - tinha todas as razões para temer o jogo da Luz.
Antes do jogo pressionaram a arbitragem diariamente numa campanha organizada entre dirigentes e comentadores de modo a condicionarem o árbitro que viesse a ser escolhido. Posteriormente encontraram na tempestade que assolou o país mais um motivo infantil para levantar dificuldades à realização da partida sem sequer se terem dado conta que todas essas manobras indiciavam um verdadeiro pavor pelo jogo que, quisessem ou não, teriam de fazer.
O medo dos dirigentes e dos comentadores transmitiu-se aos
próprios jogadores, na maioria jovens, que são os menos responsáveis pela
triste figura que o Sporting ontem fez no estádio da Luz.
Entendamo-nos: o Sporting não tem equipa para o Benfica. Mas
isso acontece relativamente a todas as demais que disputam o campeonato e as
outras provas nacionais. Todavia, nenhuma delas deixa de dar ao Benfica a
devida réplica, embora sabendo que não jogam com os meus argumentos.
É por isso muito injusto culpar os jovens jogadores do
Sporting pelo banho de futebol que ontem levaram na Luz. É certo que em
condições normais o Sporting perderia sempre, mas o estado de espírito com que
a equipa entrou em campo, assustada e temerosa, é da exclusiva responsabilidade
dos dirigentes e dos comentadores do Sporting que, pelas intervenções que
fizeram antes do jogo e pelas múltiplas tentativas que ensaiaram para que o
jogo se não realizasse, na esperança estúpida de que o pudessem ganhar na
secretaria, transmitiram aos jogadores o pavor de que eles próprios estavam possuídos por terem de defrontar o Benfica.
Dito isto, o jogo de ontem foi uma das grandes partidas de
futebol realizadas no Estádio da Luz. O Benfica dominou o jogo completamente,
embora tivesse abrandado um pouco o ritmo de jogo durante uma dezena e meia de
minutos no início da segunda parte, mas sem que o Sporting alguma vez desse
mostras de que poderia inverter o sentido do jogo.
A única vez que o Sporting chegou à baliza do Benfica, por
Heldon, na segunda parte, deveu-se, sem pôr em causa o mérito do
ex-maritimista, ao único erro que o Benfica cometeu em todo o jogo. Os dois
jogadores pelos quais Heldon passou na esquerda do ataque do Sporting estavam a
par, quando deviam estar um atrás do outro. Aparte este pormenor, aquilo a que
se assistiu foi a uma grande exibição do Benfica acompanhada de um desperdício
de oportunidades que a terem sido aproveitadas a cinquenta por cento teriam
suficientes para golear o Sporting.
Dos jogadores do Benfica o que se pode dizer é que não houve
um que tivesse jogado mal. Todos realizaram grandes exibições com destaque para
Enzo Pérez que, além de ter enchido o campo com o seu talento, marcou um golo
fantástico. Um daqueles golos que deixam o adversário estático e sem reacção.
Foi o que aconteceu ao defesa central do Sporting e a Rui Patrício.
Jorge Jesus também esteve bem. Não cedeu à tentação de
alterar o ataque, que jogou magnificamente, embora tivesse desperdiçado golos,
fez entra Ruben Amorim quando a vitória já estava assegurada e mais tarde
Cardozo …para as palmas a Enzo Pérez.
Não há dúvida que o Benfica com Lima e com Rodrigo na frente,
ambos muito móveis, é outra equipa. Cardozo foi muito útil à equipa no
princípio da época quando ela ainda estava a “lamber as feridas” do ano
passado, marcando golos que asseguraram vitórias apesar de as exibições serem
más ou muito fracas. Agora, com o Benfica a jogar como está, tanto Cardozo como
Salvio vão ter dificuldade em entrar na equipa e não será difícil antecipar, se
Jesus tiver juízo, que só entrarão quando o resultado já estiver feito …ou
quando, pelos imponderáveis do jogo, ele estiver por resolver.
No meio campo o substituto de Matic, Fejsa, esteve
seguríssimo a defender e ligou muito bem com Enzo no início da construção do
ataque.
Em conclusão: uma grande exibição com dois grandes golos de
Gaitan e de Enzo e uma sensação de goleada perdida.
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