A DÚVIDA LEGÍTIMA
Paulo Bento faz questão de alardear a sua completa
independência nas decisões que toma como seleccionador nacional, quer no
respeita à escolha dos jogadores seleccionados, quer nos jogos a realizar, quer
ainda na localização dos estágios, enfim, independente em tudo quanto diga
respeito à selecção nacional.
Não se trata de pôr em causa a palavra de Paulo Bento,
trata-se apenas de explicar que Paulo Bento move-se num meio – o meio do
futebol – onde hoje ninguém é independente. Se os clubes pequenos não são
independentes – e toda a gente sabe porquê – e se os próprios grandes clubes
também já deixaram de o ser, como pode a Federação Portuguesa de Futebol
garantir essa independência a Paulo Bento? Se os grandes empresários – ou deixando-nos
de sofismas – se o grande empresário do futebol europeu impõe a sua vontade ao
Benfica, ao Porto e ao Sporting como pode Paulo Bento fugir a essa influência
se os interesses do dito empresário também estiverem em causa na selecção
nacional?
Dito isto, a lista dos trinta deixou de fora alguns jogadores
jovens que lá deveriam ter figurado, não incluiu um jogador consagrado como
Dani (relativamente ao qual Paulo Bento tinha obrigação de encontrar uma
solução sem perder a face do mesmo modo que Scolari também soube, em seu tempo,
encontrar uma solução para Maniche) e não deveria ter integrado Quaresma se a
decisão subsequente do treinador fosse a de não o incluir nos vinte e três
definitivos. De facto, Quaresma já não é um jovem, é um jogador com trinta anos
que deveria merecer algum respeito ao seleccionador. Ou não o incluía na lista
dos trinta ou, incluindo-o, deveria tê-lo seleccionado. Aliás, é opinião
generalizada que Quaresma pode fazer falta. E não venham com a conversa do
costume sobre a personalidade do jogador, porque o que a selecção mais tem é
jogadores com excesso de personalidade e com falta de personalidade. Portanto,
Quaresma não é muito diferente dos outros…
Quanto aos demais, estranha-se que Paulo Bento se satisfaça
com um número tão reduzido de médios, apenas cinco, já que Rafa não é de forma
alguma um médio. Se Portugal vier a ter uma campanha razoável na fase de grupos
essa falta de médios vai necessariamente fazer-se sentir e Paulo Bento já nada então poderá fazer. Em
contrapartida, os pontas de lança estão em excesso…e infelizmente todos de
categoria abaixo do desejável. E quanto aos extremos ver-se-á melhor daqui a
algum tempo o que vai acontecer: isto é, depois de se saber o que
realmente se passa com a condição física de Ronaldo e depois de conhecer a
forma com que Nani se vai apresentar em campo, tendo em conta a época que fez.
No domingo passado, no programa play-off, António Oliveira
acertou em tudo o que disse sobre os seleccionáveis por Paulo Bento, tendo
apenas deixado a dúvida sobre a escolha entre Rafa e André Gomes. Sobre estes limitou-se a insinuar que, apesar de representados pelo mesmo empresário, a balança deveria
pender para o lado de Rafa por André Gomes já ter colocação assegurada na próxima
época. Também acertou…Fala que sabe!
Dito isto, e em conclusão, não se pode supor que Portugal tem
uma boa selecção. É apenas uma selecção média que vai ter grande dificuldade em
passar a fase de grupos. Verdadeiramente, somente Ronaldo, Coentrão, Moutinho
e, eventualmente, Pepe têm categoria mundial. Se Tiago e Dani também estivessem
presentes, pelo menos meia-equipa seria de grande nível. Assim, ver-se-á dentro de pouco tempo o que
vai acontecer…
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