quarta-feira, 21 de maio de 2014

AS ESCOLHAS DE PAULO BENTO


 

A DÚVIDA LEGÍTIMA
 

 Mundial 2014: Paulo Bento anuncia os 23 eleitos para o Brasil


Paulo Bento faz questão de alardear a sua completa independência nas decisões que toma como seleccionador nacional, quer no respeita à escolha dos jogadores seleccionados, quer nos jogos a realizar, quer ainda na localização dos estágios, enfim, independente em tudo quanto diga respeito à selecção nacional.

Não se trata de pôr em causa a palavra de Paulo Bento, trata-se apenas de explicar que Paulo Bento move-se num meio – o meio do futebol – onde hoje ninguém é independente. Se os clubes pequenos não são independentes – e toda a gente sabe porquê – e se os próprios grandes clubes também já deixaram de o ser, como pode a Federação Portuguesa de Futebol garantir essa independência a Paulo Bento? Se os grandes empresários – ou deixando-nos de sofismas – se o grande empresário do futebol europeu impõe a sua vontade ao Benfica, ao Porto e ao Sporting como pode Paulo Bento fugir a essa influência se os interesses do dito empresário também estiverem em causa na selecção nacional?

Dito isto, a lista dos trinta deixou de fora alguns jogadores jovens que lá deveriam ter figurado, não incluiu um jogador consagrado como Dani (relativamente ao qual Paulo Bento tinha obrigação de encontrar uma solução sem perder a face do mesmo modo que Scolari também soube, em seu tempo, encontrar uma solução para Maniche) e não deveria ter integrado Quaresma se a decisão subsequente do treinador fosse a de não o incluir nos vinte e três definitivos. De facto, Quaresma já não é um jovem, é um jogador com trinta anos que deveria merecer algum respeito ao seleccionador. Ou não o incluía na lista dos trinta ou, incluindo-o, deveria tê-lo seleccionado. Aliás, é opinião generalizada que Quaresma pode fazer falta. E não venham com a conversa do costume sobre a personalidade do jogador, porque o que a selecção mais tem é jogadores com excesso de personalidade e com falta de personalidade. Portanto, Quaresma não é muito diferente dos outros…

Quanto aos demais, estranha-se que Paulo Bento se satisfaça com um número tão reduzido de médios, apenas cinco, já que Rafa não é de forma alguma um médio. Se Portugal vier a ter uma campanha razoável na fase de grupos essa falta de médios vai necessariamente fazer-se sentir e Paulo Bento já nada então poderá fazer. Em contrapartida, os pontas de lança estão em excesso…e infelizmente todos de categoria abaixo do desejável. E quanto aos extremos ver-se-á melhor daqui a algum tempo o que vai acontecer: isto é, depois de se saber o que realmente se passa com a condição física de Ronaldo e depois de conhecer a forma com que Nani se vai apresentar em campo, tendo em conta a época que fez.

No domingo passado, no programa play-off, António Oliveira acertou em tudo o que disse sobre os seleccionáveis por Paulo Bento, tendo apenas deixado a dúvida sobre a escolha entre Rafa e André Gomes. Sobre estes limitou-se a insinuar que, apesar de representados pelo mesmo empresário, a balança deveria pender para o lado de Rafa por André Gomes já ter colocação assegurada na próxima época. Também acertou…Fala que sabe!

Dito isto, e em conclusão, não se pode supor que Portugal tem uma boa selecção. É apenas uma selecção média que vai ter grande dificuldade em passar a fase de grupos. Verdadeiramente, somente Ronaldo, Coentrão, Moutinho e, eventualmente, Pepe têm categoria mundial. Se Tiago e Dani também estivessem presentes, pelo menos meia-equipa seria de grande nível. Assim, ver-se-á dentro de pouco tempo o que vai acontecer…                                                         

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