quarta-feira, 23 de setembro de 2015

CARRILLO E OS VIGARISTAS DA VERDADE DESPORTIVA


 
A COACÇÃO JÁ VALE COMO ARGUMENTO?

 

Os vigaristas da verdade desportiva acham perfeitamente normal que o Sporting ponha de lado Carrillo por o jogador não querer renovar. É uma atitude inadmissível que deveria merecer o mais vivo repúdio de todos os desportistas bem como de todos aqueles que estão ligados ao fenómeno desportivo. Infelizmente não é assim. Acham que se pode coagir um jogador a assinar um contrato, impedindo-o de fazer aquilo que ele mais gosta de fazer: jogar!

Esta situação é até susceptível de constituir o Sporting em responsabilidade civil perante o jogador, da mesmo forma que um trabalhador qualificado também pode demandar o patrão por o impedir de exercer normalmente a sua profissão, marginalizando-o na empresa e não lhe dando trabalho.

Carrillo deveria queixar-se à FIFA e estou certo que desportivamente o Sporting seria punido.

Grave é que os comentadores, principalmente os do Sporting, achem a situação perfeitamente normal. Aliás os mesmos que hipocritamente defendem a “verdade desportiva”.

Bem sabemos que essa prática e até outras piores – como, por exemplo, a de ameaçar o jogador que não quer renovar de levar um tiro no joelho; ou de dar uma tareia ao jogador que se recusa a ser emprestado ao Braga – têm curso em alguns clubes portugueses. Não em todos, felizmente. Lembrámos a título de exemplo os casos do malogrado Robert Enke e, mais recentemente, de Maxi Pereira.

Tanto um como outros são jogadores a que o Benfica deve estar agradecido (a inversa também é verdadeira) por terem sido sempre, até ao último dia, excelentes profissionais. É isso o que se lhes pede. O amor clubístico apenas é exigível aos adeptos. Não obstante o modo como Maxi se comportou no último Porto-Benfica e que noutro post analisaremos.

No caso Carrillo, o que é lamentável é que os comentadores desportivos achem normal a coacção como elemento determinante da vontade. Eles não sabem que um contrato realizado sob coacção não tem valor?

Já a posição de Jorge Jesus merece ser analisada numa outra perspectiva. Jesus é empregado do clube. Como tal tem de obedecer à entidade patronal. Mas não está obrigado a inventar desculpas, nem tem de invocar razões técnicas para Carrillo não jogar. Deve explicar que se trata de uma decisão que o ultrapassa. Todavia, se entender esta decisão do presidente o priva de um jogador fundamental para alcançar os objectivos a que está obrigado poderá proporcionalmente desobrigar-se destes objectivos. De facto, não se trata da privação de um jogador por via de uma transferência, nem de uma qualquer lesão, mas por causa de uma decisão arbitrária assumida pelo presidente como retaliação, e simultaneamente coacção, por o jogador não querer renovar o contrato.

Perante este quadro, Carrillo pode inclusive rescindir o contrato com justa causa. Pena é que no panorama desportivo português, onde campeiam os comentadores por conta, ninguém assuma a defesa do jogador. O jogador é livre de contratar com quem quiser e de não contratar.

Os vigaristas da verdade desportiva não só não defendem o jogador, como igualmente se apressam a afirmar que o caso Carrillo não põe em causa o bom relacionamento entre o treinador e o presidente, como se pudesse ser verdade em qualquer parte do mundo um treinador aceitar com naturalidade prepotências deste género!

3 comentários:

Anónimo disse...

O contrato de trabalho obriga o jogador a ser titular, suplente ou sequer ser convocado?que eu saiba não, ele treina como os outros, tem os mesmos deveres e direitos, a única diferença e que neste momento não esta a ser convocado?recebe o ordenado normalmente, se acha que isso e ser marginalizado, para mim e um direito que assiste a entidade patronal desde que claro esta cumpram os deveres constantes no contrato, hoje ouvi dizer e bem que não se pode ou deve valorizar um jogador que quer sair, acho um bom raciocínio, lógico e que repito em nada esbate no contrato em vigor, quanto a parte do jogador se queixar, ir para tribunal bla bla bla já e o vermelho a falar

Ricardo Viana de Lima disse...

Como bem se sabe, a situação de Carrillo não corresponde à factualidade descrita no comentário supra. Mas...que adianta conversar com quem se recusa a aceitar os factos tal como eles são? Carrillo, o jogador mais influente do Sporting no presente momento, não joga como meio de coacção para o "obrigar" a renovar o contrato. Evidentemente que a questão precisa de ser aprofundada, mas não haverá muitas dúvidas de que a situação em que o jogador se encontra, a prolongar-se, pode levÁ-LO A PRATICAR UM ACTO (RENOVAÇÃO CONTRATUAL) que de outro modo não praticaria. E percebe-se qual é o receio do jogador. Percebe-se qual o objectivo da ameaça em curso: fazê-lo acreditar ou fazê-lo temer que a ausência de competição por largos meses o desvalorizaria profissionalmente. Esse o receio, o medo que o poderia levar a assinar. Perante estge quadro não tenho dúvidas de que:
Primeiro - O contrato assim realizado seria anulável;
Segundo - O Sporting é civilmente responsável pelos danos causados ao jogador;
Terceiro - Carrillo pode denunciar o contrato com justa causa.
Ou seja, há um leque de possibilidades à sua escolha ; algumas cumulativas, outras não.

Anónimo disse...

A situação em si é muito simples, jogador quer um ordenado que o Sporting Clube de Portugal não lhe quer pagar seja porque acha muito, ou que o jogador não vale isso, pelo contrário o jogador acha que vale o dinheiro que está a pedir, chegou.se a um impasse em que, e aqui concordo com quem diz que há pouca sensibilidade por parte do Sporting, ou seja parte demasiado rápido para uma situação de quase extremismo, seja com este ou outros jogadores, mas isso é uma questão de estilo, nada mais.Ao contrário de si, estou a ficar convencido que o jogador não irá renovar, se compararmos até com outros jogadores que estiveram em situação idêntica, e até acho que se o Carrillo tiver já um pré acordo com outro clube não ira desvalorizar, sendo que fica já o contrato apalavrado,no entanto no caso de assinar será por ele, pela entidade empregadora sendo reconhecido notarialmente, e como tal não existe possibilidade alguma de impugnar um contrato assinado de livre e espontânea vontade, repito o que disse no post anterior, não existe uma violação de direitos do jogador, nem tão pouco alguma coacção, existe sim uma estratégia, toda ela legal, se é a mais correcta fica ao juizo de cada um.