O QUE PODE EXPLICAR A
AGRESSIVIDADE DE MAXI
O Porto-Benfica do passado domingo, perdido pelo Benfica no
86.º minuto, foi um jogo razoavelmente interessante com duas partes destintas.
Nos primeiros minutos do jogo, cerca de sete, o Porto pareceu
querer justificar o factor casa, tendo a bola mais tempo em seu poder, embora
sem ameaçar as redes do Benfica.
A partir dessa altura até cerca de oito minutos do fim da
primeira parte o jogo foi dominado pelo Benfica. A equipa da Luz mostrou uma
consistência técnico-tática que este ano ainda se não tinha visto, demonstrou
ser uma equipa equilibrada, com um meio campo consistente e capaz de tanto em
jogadas de futebol corrido como de bola parada pôr em perigo as redes
adversárias.
Por duas vezes, em cantos, o Benfica esteve à beira do golo,
não foram, em ambos os casos, as excelentes defesas de Casillas, de facto um bom
guarda-redes entre os postes. O Porto via jogar o Benfica e quem assistia ao
jogo jamais suporia que iria assistir a uma segunda parte completamente
diferente.
Na segunda parte o Porto entrou desde início mais forte,
dominou o jogo durante a maior parte do tempo, tendo-se acercado da baliza do
Benfica com perigo por duas vezes, ambas protagonizadas por Aboubakar, um
grande avançado. Apesar de o Porto só ter criado perigo as duas vezes referidas,
percebia-se, à medida que o tempo decorria, que a equipa o Benfica estava mais
frágil. Mais frágil fisicamente.
Com um número reduzido de jogadores de qualidade o Benfica
tinha dificuldade em refrescar a equipa, contrariamente ao que se passava com o
Porto onde no banco havia jogadores da mesma valia, ou até superior, da dos que
estavam em campo.
E aconteceu exactamente depois das substituições, primeiro de
Jonas por Talisca e depois de Guedes por Pizzi, que o Benfica perdeu a bola a
meio campo e sofreu o golo. Nos quatro ou sete minutos restantes já não houve
tempo para fazer nada. Mais uma vez ao cair do pano o Benfica foi derrotado no
Porto.
Do ponto de vista do jogo jogado houve um ligeiro ascendente
do Porto, por ter sido melhor equipa durante mais tempo, justificando-se assim,
deste estrito ponto de vista, a vitória.
O jogo teve, porém, outras incidências que não podem ser
esquecidas. A primeira que interessa realçar é a manifesta intenção por parte
da equipa do Porto de intimidar Jonas. Jonas era porventura o jogador mais
temido pelos portistas. Ora, tendo em conta o que se passou em campo não será
difícil deduzir que houve uma orientação técnica nesse sentido. A entrada de
Maicon (que inacreditavelmente ficou impune) no fim da primeira parte –
verdadeiro golpe de artes marciais – e o pontapé de Maxi no início da segunda
parte são factos integrados na mesma estratégia.
A segunda incidência que não pode passar em claro foi a
agressividade Maxi Pereira. Como todos os benfiquistas sabem, Maxi Pereira é um
jogador muito competitivo, o que frequentemente o leva a disputar a bola à margem
da lei. Isso aconteceu durante muitos anos no Benfica e é também natural que
venha a acontecer no Porto nos anos que lá estiver. O que é novo – e muito – é a
“beligerância” de Maxi depois de o árbitro apitar a falta. Dezenas de vezes
Maxi foi punido com cartão amarelo no Benfica e algumas outras expulso. No Benfica
e na selecção do Uruguai. Mas sempre que isso acontecia nada mais se passava a
seguir. Maxi aceitava o castigo e continuava como sempre ou pura e
simplesmente, quando expulso, saía sem protestar. Assim aconteceu nas duas
expulsões mais recentes: contra o Chelsea na Liga dos Campeões e na selecção do
Uruguai no primeiro jogo do Mundial do Brasil.
Pois bem. No Porto viu-se Maxi frequentemente envolvido em
disputas e quezílias na sequência das faltas e até nos casos em que agrediu um adversário
(Mitroglous) sem ser punido. Porquê, se além do mais se tratava de ex-companheiros
de equipa? Porque Maxi estava de consciência pesada e queria demonstrar perante
a afición portista que estava no Dragão de alma e coração. Deveria ter sido
expulso se Artur Soares Dias fosse um árbitro com coragem para actuar
disciplinarmente. Infelizmente, não é.
Finalmente, o treinador do Porto mais uma vez demonstrou que
é um tipo de mau carácter a quem nenhum tipo de confiança deve ser dado. A sua intervenção
na sala de imprensa, cínica e sectária, é o exemplo acabado de uma
personalidade tortuosa e desonesta.
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