ATÉ PROVA EM CONTRÁRIO…
Que saudades dos tempos em que o Sporting tinha ao seu
serviço grandes desportistas que os portugueses admiravam, independentemente
das suas cores clubísticas, por nãos serem levados, pelo comportamento dos dirigentes
e adeptos sportinguistas, a repudiar e a afastar como quem se protege da peste
tudo o que vem de Alvalade.
Falando de várias épocas, podem enumerar-se atletas como Alfredo
Trindade, que apesar da rivalidade que sempre manteve com José Maria Nicolau,
nem por isso deixava de ser admirado por todos os desportistas amantes do
ciclismo; Jesus Correia, que jogava futebol no Sporting e hóquei em patins no
Paço de Arcos, admirado e aplaudido pelos portugueses pelas suas exibições na
selecção de hóquei; Travassos, interior esquerdo dos cinco violinos; numa época
em que o futebol português não contava nada pela sua baixíssima qualidade, foi
com orgulho que os portugueses o viram ser chamado para integrar uma selecção
da Europa; Joaquim Agostinho, porventura o maior atleta português depois de
Eusébio, idolatrado pelos portugueses que acompanhavam emocionados as suas extraordinárias
proezas na volta à França; Carlos Lopes, o maior fundista português de todos os
tempos, uma força da natureza, tão amado pelos portugueses em geral como pelos adeptos
do seu clube; Vítor Damas, o grande Vítor Damas, que tinha um amigo em cada
adversário e um fervoroso admirador em todos os amantes do futebol.
Hoje isto seria impossível. O Sporting, como consequência de
um processo que já vem de trás, muito potenciado pela sua incapacidade de se
adaptar ao futebol moderno, e também pela agressividade e fanatismo da maior
parte dos seus comentadores televisivos, tornou-se num clube de paranóicos,
insusceptível de cura, que pela voz e pela acção dos seus principais
responsáveis e representantes espalha ódio de cada vez que se manifesta,
despeito e desprezo pelos adversários sempre que com eles se confronta, que
considera o adversário como um inimigo a abater, e, pior que tudo, sempre pronto
a encontrar no comportamento e na acção dos outros a causa primeira das suas
insuficiências e incapacidades.
Ouve-se o presidente do Sporting e é difícil conceber como
pode ser escutado por pessoas normais sem lhes causar uma enorme repulsa, pela
enormidade das suas declarações, pela boçalidade das suas atitudes, pelo desprezo
pelos seus oponentes, internos ou externos. E mais difícil ainda é conceber como
pode ser seguido, copiado e até ampliado nos seus propósitos, palavras e gestos
pelos que falam em público.
Quem ontem assistiu ao programa Prolongamento não pode deixar de se sentir nauseado com o que lá se
passou. Antes de mais é bom que se diga que não há nas televisões nem nas
estações de radio portuguesas nada mais nefasto para o futebol e o desporto em
geral do que os programas de comentário desportivo a cargo de adeptos. Dificilmente
uma pessoa normal se poderá identificar, como modelo, com qualquer dos
participantes. Quase todos são fanáticos, deturpadores da verdade e
insuportáveis.
Mas há diferenças, apesar de tudo. Há modelos de actuação que,
com algum esforço e boa vontade, podem ser compreendidos e tolerados. Outros,
pelo contrário, são absolutamente de rejeitar.
Entre estes últimos integram-se todos aqueles que representam
o Sporting. A actuação desses comentadores tem como balizas uma pretensa (e
absolutamente insuportável) superioridade moral que vai desde a “honradez” das
suas avaliações até à decisão sem recurso por ter sido proferida por um “impoluto
desportista”, marca indelével de todos os sportinguistas, e simultaneamente uma
permanente vitimização paranoicamente associada a uma constante luta do mal
contra o bem. Se isto não é de anormais, digam-me lá o que é.
Depois há outros estilos que o Sporting, pelas suas
intrínsecas características, jamais poderia corporizar, que consistem na intervenção
provocadora, jocosa, gozona quando se ganha ou quando se está por cima e na
crítica contundente aos “seus responsáveis” quando se perde ou se está por
baixo. Às vezes tem graça…
Também há os “chatos militantes”, muito convencidos da sua
verdade, que, embora oiçam os que se lhe opõem, querem à viva força levá-los a
concordar consigo ou levá-los a pensar segundo as suas premissas. São também
insuportáveis, mas não são perigosos.
Regressando ao Sporting, dificilmente os benfiquistas que
tenham presente a história do seu clube deixarão de ter pena de Jorge Jesus, pela
situação em que se encontra, metido num verdadeiro “saco de gatos”, que ele estava
muito longe de imaginar quando rejeitou boas propostas que o Benfica lhe
proporcionava no estrangeiro e optou pelo Sporting Clube de Portugal.
Voltando aos comentadores e outros responsáveis sportinguistas.
Eles ainda não perceberam que estão a lidar com uma actividade altamente profissionalizada e industrializada.
Que não se pode exigir aos jogadores nem aos seus representantes que sejam “sportinguistas
desde pequeninos”. Não perceberam que isso não existe mais. O que se pode e
deve exigir aos jogadores é que sejam profissionais e que honrem a profissão
que escolheram no clube onde episodicamente se encontram.
Mas não é assim que eles pensam. Os comentadores
sportinguistas são tontos suficientes para julgarem que Carrillo os traiu e que
por isso deve ser afastado. Traíu-os por não ter desempenhado com brilho e profissionalismo
as suas funções? Não. Até estava a ser o melhor jogador do plantel, dirão os
menos tontos. Mas por não ser sportinguista. E como não é, deve ser punido,
embora essa punição acabe por ser mais prejudicial ao clube do que ao jogador.
Tudo serve para se vitimizarem: as transferências falhadas;
as arbitragens – nenhuma serve, desde as nacionais às estrangeiras, seja no
Campeonato, na Taça de Portugal, na Champions ou na Liga Europa; eles acreditam
que todos os árbitros que são nomeados para apitar o Sporting recebem juntamente com a
comunicação da nomeação uma outra que os intima a prejudicarem o
Sporting – o grande Sporting, alvo de todas as maquinações nacionais e
internacionais.
Depois os comentadores do Sporting são tontos suficiente –
uma parte deles, outra parte, a que actua disfarçadamente sem exibir as cores
do clube, de tonto nada tem – para acreditarem que as “famosas novas
tecnologias” dispensariam a avaliação da jogada pelo árbitro, seja o do campo ou outro,
quando é óbvio que ele continuaria a ser necessário em mais de 99% dos casos. A menos que candidamente acreditem
que o árbitro do vídeo árbitro venha a ser, em todos os jogos do Sporting e do
Benfica, o senhor Rui Santos!
3 comentários:
Não podia estar mais de acordo.
J.Gomes
Blá Blá Blá e só disseste merda!!!
Eles não têm emenda. Basta ler os comentários que escrevem para se perceber o nível deles.
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