UM EMPATE COM SABOR A
DERROTA
Gosto de Rui Vitória como treinador. Mesmo nas situações mais
adversas, nas hipóteses mais difíceis de acontecer, nas improbabilidades menos
prováveis, Vitória não se queixa e aceita com naturalidade as contingências do
futebol por mais inverosímeis que sejam.
De facto, é relativamente normal numa época de onze meses,
uma equipa ficar momentaneamente, ou até durante algumas semanas, sem um, dois
ou até três elementos base do onze titular. Ninguém gosta que isso lhe aconteça,
mas todas as equipas têm de estar preparadas para essa eventualidade. Não têm
os jogadores em falta, mas terão outros que actuam nas mesmas posições e que
serão os naturais substitutos dos lesionados ou castigados.
O que não será normal é uma equipa perder simultaneamente os
três guarda-redes do plantel, perder ao mesmo tempo quatro centrais ou todos os
pontas de lança. E foi isso o que aconteceu ao Benfica: de um momento para o
outro perdeu todas as referências atacantes por um período indeterminado, mas
nunca inferior a um mês. Sem Mitroglou, Jiménez, Jonas e Rafa, o Benfica ficou
sem atacantes de raiz.
E foi neste contexto, além da lesão de Jardel, que o Benfica
teve de enfrentar esta noite o campeão da Turquia – o Besiktas.
Apesar das dificuldades de construção da equipa, Vitória
optou por uma frente muito móvel na qual Gonçalo Guedes e também Cervi, a
espaços, iam desempenhando diversos lugares. A equipa foi correspondendo na
primeira parte, com um golo aos 12 minutos por Cervi, mas foi perdendo no segundo tempo alguma
intensidade à medida que o tempo passava. A substituição de Cervi por Samaris e
mais tarde a saída forçada de Fejsa e a entrada de Celis, ocorridas na parte
final da segunda parte, não trouxeram à equipa o que ela necessitava. Por uma
razão muito simples: porque o que a equipa necessitava não estava no banco.
A equipa necessitava de rigor no último passe, principalmente
se feito dentro da área e isso somente Jonas sabe fazer com mestria; e
necessitava também de um matador que soubesse “matar” o jogo logo que a
oportunidade surgisse – e ela surgiu por mais de uma vez. E esse matador também
não estava presente fosse ele Jonas, Mitroglou ou Jiménez.
Daí que eu não alinhe muito com a crítica de o Rui Vitória
ter agido tarde de mais. Rui Vitória viu, como todos vimos, que a equipa estava
segura nos processos defensivos, e que seria ariscado, com excepção de Samaris,
lançar no jogo alguém que pudesse perturbar essa eficácia defensiva. De facto,
tanto Guedes, como Cervi, enquanto jogou, como Salvio e Pizzi defenderam muito
e bem, tendo recuperado muitas bolas.
A relativa ascendência do Besiktas quando lançou dois pontas
de lança foi rapidamente neutralizda com a melhoria dos posicionamentos e
depois com a entrada fresca de Samaris, acabando por ser mais uma lesão – ou o
começo dela – que ditou o empate do Benfica. Tivesse Fejsa podido concluir o
jogo e outro certamente teria sido o resultado do encontro.
É desagradável não ganhar na Liga dos Campeões o primeiro
jogo em casa, mas nada está perdido. O Benfica tem equipa para recuperar este
resultado na Turquia.
Quanto à questão do golo do Besiktas não interessa quem o
marcou, nem como foi marcado, sendo muito mais importante saber como foi
sofrido, bem como o contexto que o proporcionou.
O Benfica continua sem ganhar na Luz esta época. É preciso
pôr rapidamente ponto final nesse precedente!
1 comentário:
Excelente análise. Parabéns.
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