O QUE FAZ FALTA
Em primeiro lugar, importa dizer que a derrota de Nápoles não
é grave. Grave foi ter empatado em casa o primeiro jogo contra uma equipa muito
abaixo do Benfica. É certo que houve factores impeditivos de um melhor
resultado, mas mesmo tendo em conta esses factores o Benfica tinha a “obrigação”
de ganhar o jogo. Somando apenas um ponto em duas jornadas, o Benfica vai ter
de somar 10 pontos para pela certa se apurar. Todavia, até oito podem bastar,
se os resultados do Dínamo de Kiev e do Besiktas forem o que se espera. Mas,
atenção: para fazer oito ponto é necessário ganhar os dois jogos contra o
Dínamo de Kiev e empatar com o Besiktas ou com o Nápoles.
A experiência e também as estatísticas demonstram que vencer
o primeiro jogo em casa é quase sempre um passaporte para os oitavos de final.
Perdendo-o, como foi o caso, somente vencendo na terceira e na quarta jornada se
relança a equipa para o apuramento.
A verdade é que o Benfica tem equipa suficiente para se
apurar, desde que joguem os melhores e não haja excessivas “invenções”. Jogar
os melhores significa pôr na baliza Ederson, não apenas por Júlio César ter
tido ontem uma noite para esquecer, mas porque Ederson é francamente melhor em
todos os aspectos: muito bom a jogar com os pés, bom entre os postes, bom a
sair nos cruzamentos e muitíssimo bom a antecipar-se aos avançados adversários
nas bolas em profundidade, estejam eles isolados ou não. Digamos que Júlio
César reproduziu ontem em Nápoles, agravada, a exibição que na época passada
fez na Luz contra o Sporting. Todos sabemos que não é fácil para um treinador
pôr simultaneamente no banco Luisão e Júlio César. Mas lá terá que ser.
Depois, ao contrário do que muitos comentadores afirmam, André
Almeida defende melhor e dá mais segurança à defesa do que Nelson Semedo, que
pode jogar mais vezes na posição que ontem ocupou, ou seja, como ala direito.
No meio da defesa é imperioso o regresso de Jardel e o retorno
de Lindlöf ao seu lugar de central direito, lugar onde vale muito mais do que
no lado oposto.
Na frente, depois do regresso de Jonas e de Rafa, a
dificuldade vai consistir na escolha do que vai sair. Considerando que
Mitroglou é inamovível, ou Jiménez quando entrar a substitui-lo, a escolha terá
de recair em Pizzi ou em Salvio, para já não falar em Gonçalo Guedes que
igualmente tem classe suficiente para ser titular. Aqui sim, aqui haverá um
grande problema, muito mais difícil de resolver do que o do guarda-redes ou o
da defesa.
Finalmente, o meio campo. No meio campo há um problema que
está longe de estar resolvido. E é a esse problema que Rui Vitória terá de
dedicar toda a sua atenção e saber. Se Fejsa não suscita dúvidas como médio
defensivo (o volante dos brasileiros), salvo se se lesionar, hipótese que
ocorre com alguma frequência, já a titularidade de André Horta levanta algumas
interrogações. Nos jogos em que seja necessário segurar o meio campo, Samaris
pode entrar e fazer bem o lugar; se, pelo contrário, for necessário um 8
criativo e, simultaneamente, seguro a defender já as dificuldades aumentam. É certo
que o Benfica tem Celis e também Danilo, mas nem um nem outro ainda deram provas
de poder desempenhar o lugar com a eficiência que se pretende. Talvez a solução
resida, mais uma vez, em Pizzi, verdadeiro pau para toda a obra, fazendo-o
regressar à função que desempenhou no último ano de Jesus. A questão não estará
em saber se Pizzi rende mais noutro lugar, mas se Pizzi rende mais do que
qualquer outro neste lugar. E se tal acontecesse lá teríamos Rui Vitória a
repetir uma solução já ensaiada o ano passado até ter desencantado Renato
Sanches, único lugar que no Benfica de hoje continua por preencher à altura das
necessidades da equipa.
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