O QUE HÁ DE NOVO?
De novo, muito pouco. Apenas o facto de o Sporting ter
deixado de contestar as arbitragens e ter passado, do dia para a noite, a
considerar excelentes os árbitros que antes injuriava e insultava em cada
jornada.
Algo se terá passado para que comentadores e dirigentes tão
insultuosos contra a arbitragem tenham passado a enxergar mérito onde antes só
viam incompetência e desonestidade.
Será porque o Sporting passou a ser escandalosamente
favorecido pelas arbitragens que se alterou a sua avaliação dos árbitros? Não
cremos. É certamente muito mais do que isso. De facto, no ano passado o
Sporting foi o clube mais favorecido por erros de arbitragem e nem por isso a
campanha contra os árbitros esmoreceu por um minuto que fosse.
Parece – por enquanto apenas se diz “parece” – que a
substituição de Vítor Pereira à frente da arbitragem durante dez anos – anos
durante os quais o FC Porto ganhou seis campeonatos – por um árbitro de futebol
de praia terá trazido ao Sporting uma tranquilidade cujos fundamentos se
desconhecem.
Os fundamentos podem desconhecer-se, mas sabe-se – e sabe-se
porque toda a gente viu – o que aconteceu em Alvalade no último Sporting-Porto
não apenas nas jogadas ou lances que antecedam os dois golos do Sporting como
igualmente se sabe como foram avaliadas as jogadas violentas de jogadores do
Sporting – Slimani (o rei das cotoveladas), Bruno César, William Carvalho e
Adrien Siva. E sabe-se também o que ontem aconteceu ao jogador do Moreirense
que teve duas entradas exactamente iguais às dos jogadores do Sporting que no
jogo contra o Porto ficaram impunes!
E sabe-se ainda como foi marcado o golo do Setúbal no único
jogo que o Benfica esta época realizou no Estádio da Luz a contar para a Liga.
E sabe-se, olá se se sabe, que o árbitro que na sexta-feira passada apitou o
Arouca-Benfica foi o mesmo que o ano passado no jogo Sporting-Tondela deu ordem
de expulsão a um jogador do Tondela por ter defendido uma bola com a cabeça
dentro da sua área e ordenou a marcação da “respectiva” grande penalidade.
Factos que somente se não consumaram porque um juiz assistente se opôs
corajosamente a essa decisão. E sabe-se que foi também o mesmo árbitro que, num
jogo decisivo para o campeonato, converteu numa falta contra o Benfica um derrube
(rasteira) a Renato Sanches dentro da área do Marítimo e “respectivo” cartão
amarelo do qual haveria de resultar uns minutos depois a expulsão de Renato por
acumulação de amarelos. E recorda-se ainda a quem já tenha esquecido que foi o
mesmo árbitro que este ano assinalou (e bem) a favor do Porto um penalty por uma carga exactamente
idêntica àquela de que na última sexta feira foi vítima Rafa quando seguia
isolado para a baliza. Isto para não falar naquele escandaloso empurrão a Pizzi
fora do campo que o árbitro (o mesmo árbitro) puniu com um cartão amarelo ao
dito Pizzi!
Se na arbitragem o Sporting está tranquilo, o mesmo se poderá
dizer no comentário desportivo, onde os seus representantes mantêm prestações
exactamente idênticas às do ano passado. Rogério Alves é o exemplo acabado da
“honestidade intelectual”. É difícil encontrar no comentário em Portugal, seja
ele de que natureza for, alguém com a “estatura moral” de Rogério Alves. Já
Pina e Oliveira e Costa continuam iguais a si próprios – o primeiro fazendo de
palhaço triste e debitando tudo o que lhe encomendam, e o segundo demonstrando
em cada intervenção que está de acordo com tudo que possa favorecer o Sporting,
qualquer que seja o fundamento que serve de base a essa pretensa vantagem.
Já no Play-Off, onde acampa a versão
oficiosa da comunicação do Sporting, com a colaboração de Rodolfo Reis, ficámos
a saber pelo “impoluto” Rui Santos – essa pérola pútrida do jornalismo
português – que o Kapo Inácio “deixou” todos os cargos que ocupava no Sporting
para se dedicar de “modo independente” ao comentário desportivo. Disse-o Rui
Santos solenemente numa das primeiras edições desta época do referido programa.
Com essa “independência” Inácio fica a coberto das sanções da Liga por críticas
à arbitragem. Só temos de nos regozijar com este arrobo de honestidade e de
desprendimento material em defesa de uma causa. A menos que o Sporting pague
tão pouco a quem se prontifica a todos os fretes e a SIC, ou o sr. Rui Santos,
ou ambos, paguem tão bem a que tão dedicadamente se propõe servi-los!
É isto o futebol português! É isto o nosso jornalismo
desportivo.
Quanto ao futebol jogado dentro do campo parece que o Porto
está um pouquinho melhor que o ano passado, que o Porto do fim da época passada,
embora fique a impressão de que não terá equipa para se aguentar na disputa do
título até ao fim. Até talvez se possa dizer mais: enquanto a sucessão de Pinto
da Costa não for inequivocamente resolvida, o Porto não terá hipóteses de
voltar a ganhar.
O Sporting, que vendeu dois jogadores pelo dobro do preço que
eles realmente valem e que poderia ter vendido mais dois nas mesmas
circunstâncias, só tem que se regozijar por ter “embolsado” (ele ou os bancos,
já que aos outros credores o Sporting não paga…) tão vultuosa quantia que lhe
terá dado para contratar uma meia dúzia de jogadores escolhidos pelo “infalível
e inteligentíssimo” Jorge Jesus. Se o Sporting, como é hábito em Jesus, se dedicasse
apenas ao campeonato, talvez estivesse este ano mais regular do que o ano
passado, já que, ao que se tem visto, quando a irregularidade surgir haverá
sempre quem esteja encarregado de a repor.
Todavia, como o Sporting vai ter de jogar a Liga dos
Campeões, ainda é cedo para se saber com que Sporting se vai poder contar
durante a época. Uma coisa, porém, é certa: eles estão dispostos a investir o
que for necessário e onde for necessário para ganhar o campeonato. Tanto o
presidente como o treinador têm a “cabeça a prémio” se não ganharem!
Quanto ao Benfica, no meio de tanta desgraça (Jonas, Jardel,
Jiménez, Rafa, Mitroglou lesionados) e de algumas decisões incompreensíveis,
como a venda de Renato Sanches, a boa notícia é a grande exibição que o Benfica
fez em Arouca, principalmente na primeira parte.
Salvo para o jornalista do Correio da Manhã, que classificou
Renato Sanches como o pior jogador português no Europeu de França, e para
outros que por lá, ou nas proximidades, andam, a exibição do Benfica em Arouca
foi excelente, talvez até melhor do que os primeiros vinte minutos da supertaça
contra o Braga, não passando o resultado final de uma pálida imagem do que se
passou em campo.
Rafa esteve brilhante – alguém vai ter de sair para ele entoar
– e Gonçalo Guedes é um “menino de ouro”, que vai ter de jogar em todos os
jogos. A jogar como em Arouca, mesmo tendo em conta a ineficácia concretizadora
– algo que acontecerá uma vez ou duas, mas não acontecerá sempre a quem jogue
assim – O Benfica não terá em Portugal quem lhe face frente dentro do campo.
Nos três jogos anteriores, houve um – contra o Setúbal – em que
o Benfica jogou francamente mal, e nos outros dois jogou sempre o suficiente
para ganhar tranquilamente. Brilhante, mesmo0 brilhante, só foi contra o Arouca.
Se assim continuar nada haverá a recear. Nem mesmo a “tranquilidade” com o que
o Sporting está vivendo a arbitragem…
Não se compreende por que razão tanto Jonas como Jardel foram
convocados e jogaram, depois de lesões que exigiam algum cuidado e tempo de
recuperação, se na sequência desses jogos voltaram a ficar lesionados. Há aqui
uma avaliação que foi mal feita. E isso é indesculpável num clube da dimensão
do Benfica…
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