segunda-feira, 12 de setembro de 2016

A LIGA À QUARTA JORNADA




O QUE HÁ DE NOVO?
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De novo, muito pouco. Apenas o facto de o Sporting ter deixado de contestar as arbitragens e ter passado, do dia para a noite, a considerar excelentes os árbitros que antes injuriava e insultava em cada jornada.

Algo se terá passado para que comentadores e dirigentes tão insultuosos contra a arbitragem tenham passado a enxergar mérito onde antes só viam incompetência e desonestidade.

Será porque o Sporting passou a ser escandalosamente favorecido pelas arbitragens que se alterou a sua avaliação dos árbitros? Não cremos. É certamente muito mais do que isso. De facto, no ano passado o Sporting foi o clube mais favorecido por erros de arbitragem e nem por isso a campanha contra os árbitros esmoreceu por um minuto que fosse.

Parece – por enquanto apenas se diz “parece” – que a substituição de Vítor Pereira à frente da arbitragem durante dez anos – anos durante os quais o FC Porto ganhou seis campeonatos – por um árbitro de futebol de praia terá trazido ao Sporting uma tranquilidade cujos fundamentos se desconhecem.

Os fundamentos podem desconhecer-se, mas sabe-se – e sabe-se porque toda a gente viu – o que aconteceu em Alvalade no último Sporting-Porto não apenas nas jogadas ou lances que antecedam os dois golos do Sporting como igualmente se sabe como foram avaliadas as jogadas violentas de jogadores do Sporting – Slimani (o rei das cotoveladas), Bruno César, William Carvalho e Adrien Siva. E sabe-se também o que ontem aconteceu ao jogador do Moreirense que teve duas entradas exactamente iguais às dos jogadores do Sporting que no jogo contra o Porto ficaram impunes!

E sabe-se ainda como foi marcado o golo do Setúbal no único jogo que o Benfica esta época realizou no Estádio da Luz a contar para a Liga. E sabe-se, olá se se sabe, que o árbitro que na sexta-feira passada apitou o Arouca-Benfica foi o mesmo que o ano passado no jogo Sporting-Tondela deu ordem de expulsão a um jogador do Tondela por ter defendido uma bola com a cabeça dentro da sua área e ordenou a marcação da “respectiva” grande penalidade. Factos que somente se não consumaram porque um juiz assistente se opôs corajosamente a essa decisão. E sabe-se que foi também o mesmo árbitro que, num jogo decisivo para o campeonato, converteu numa falta contra o Benfica um derrube (rasteira) a Renato Sanches dentro da área do Marítimo e “respectivo” cartão amarelo do qual haveria de resultar uns minutos depois a expulsão de Renato por acumulação de amarelos. E recorda-se ainda a quem já tenha esquecido que foi o mesmo árbitro que este ano assinalou (e bem) a favor do Porto um penalty por uma carga exactamente idêntica àquela de que na última sexta feira foi vítima Rafa quando seguia isolado para a baliza. Isto para não falar naquele escandaloso empurrão a Pizzi fora do campo que o árbitro (o mesmo árbitro) puniu com um cartão amarelo ao dito Pizzi!

Se na arbitragem o Sporting está tranquilo, o mesmo se poderá dizer no comentário desportivo, onde os seus representantes mantêm prestações exactamente idênticas às do ano passado. Rogério Alves é o exemplo acabado da “honestidade intelectual”. É difícil encontrar no comentário em Portugal, seja ele de que natureza for, alguém com a “estatura moral” de Rogério Alves. Já Pina e Oliveira e Costa continuam iguais a si próprios – o primeiro fazendo de palhaço triste e debitando tudo o que lhe encomendam, e o segundo demonstrando em cada intervenção que está de acordo com tudo que possa favorecer o Sporting, qualquer que seja o fundamento que serve de base a essa pretensa vantagem.

Já no Play-Off, onde acampa a versão oficiosa da comunicação do Sporting, com a colaboração de Rodolfo Reis, ficámos a saber pelo “impoluto” Rui Santos – essa pérola pútrida do jornalismo português – que o Kapo Inácio “deixou” todos os cargos que ocupava no Sporting para se dedicar de “modo independente” ao comentário desportivo. Disse-o Rui Santos solenemente numa das primeiras edições desta época do referido programa. Com essa “independência” Inácio fica a coberto das sanções da Liga por críticas à arbitragem. Só temos de nos regozijar com este arrobo de honestidade e de desprendimento material em defesa de uma causa. A menos que o Sporting pague tão pouco a quem se prontifica a todos os fretes e a SIC, ou o sr. Rui Santos, ou ambos, paguem tão bem a que tão dedicadamente se propõe servi-los!

É isto o futebol português! É isto o nosso jornalismo desportivo.

Quanto ao futebol jogado dentro do campo parece que o Porto está um pouquinho melhor que o ano passado, que o Porto do fim da época passada, embora fique a impressão de que não terá equipa para se aguentar na disputa do título até ao fim. Até talvez se possa dizer mais: enquanto a sucessão de Pinto da Costa não for inequivocamente resolvida, o Porto não terá hipóteses de voltar a ganhar.

O Sporting, que vendeu dois jogadores pelo dobro do preço que eles realmente valem e que poderia ter vendido mais dois nas mesmas circunstâncias, só tem que se regozijar por ter “embolsado” (ele ou os bancos, já que aos outros credores o Sporting não paga…) tão vultuosa quantia que lhe terá dado para contratar uma meia dúzia de jogadores escolhidos pelo “infalível e inteligentíssimo” Jorge Jesus. Se o Sporting, como é hábito em Jesus, se dedicasse apenas ao campeonato, talvez estivesse este ano mais regular do que o ano passado, já que, ao que se tem visto, quando a irregularidade surgir haverá sempre quem esteja encarregado de a repor.

Todavia, como o Sporting vai ter de jogar a Liga dos Campeões, ainda é cedo para se saber com que Sporting se vai poder contar durante a época. Uma coisa, porém, é certa: eles estão dispostos a investir o que for necessário e onde for necessário para ganhar o campeonato. Tanto o presidente como o treinador têm a “cabeça a prémio” se não ganharem!

Quanto ao Benfica, no meio de tanta desgraça (Jonas, Jardel, Jiménez, Rafa, Mitroglou lesionados) e de algumas decisões incompreensíveis, como a venda de Renato Sanches, a boa notícia é a grande exibição que o Benfica fez em Arouca, principalmente na primeira parte.

Salvo para o jornalista do Correio da Manhã, que classificou Renato Sanches como o pior jogador português no Europeu de França, e para outros que por lá, ou nas proximidades, andam, a exibição do Benfica em Arouca foi excelente, talvez até melhor do que os primeiros vinte minutos da supertaça contra o Braga, não passando o resultado final de uma pálida imagem do que se passou em campo.

Rafa esteve brilhante – alguém vai ter de sair para ele entoar – e Gonçalo Guedes é um “menino de ouro”, que vai ter de jogar em todos os jogos. A jogar como em Arouca, mesmo tendo em conta a ineficácia concretizadora – algo que acontecerá uma vez ou duas, mas não acontecerá sempre a quem jogue assim – O Benfica não terá em Portugal quem lhe face frente dentro do campo.

Nos três jogos anteriores, houve um – contra o Setúbal – em que o Benfica jogou francamente mal, e nos outros dois jogou sempre o suficiente para ganhar tranquilamente. Brilhante, mesmo0 brilhante, só foi contra o Arouca. Se assim continuar nada haverá a recear. Nem mesmo a “tranquilidade” com o que o Sporting está vivendo a arbitragem…

Não se compreende por que razão tanto Jonas como Jardel foram convocados e jogaram, depois de lesões que exigiam algum cuidado e tempo de recuperação, se na sequência desses jogos voltaram a ficar lesionados. Há aqui uma avaliação que foi mal feita. E isso é indesculpável num clube da dimensão do Benfica…

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