O QUE PARA JÁ É
EVIDENTE
Evidente para já é a prisão em Budapeste do “hacker” Rui
Pinto, natural do grande Porto, ao abrigo de um mandato de detenção europeia,
emitido pelas autoridades judiciárias portuguesas, que, em princípio, terá como
consequência a sua entrega às autoridades portuguesas para prestar declarações
no (ou nos) processo(s) em que é arguido, vendo-se depois se ficará sujeito a
alguma medida de coacção bem como a natureza da mesma, no caso, mais que provável,
de a elas ficar sujeito.
Evidente é também que Rui Pinto, apesar de jovem, é um velho
conhecido da polícia portuguesa por força da actividade a que se tem dedicado
desde que atingiu a idade adulta ou porventura ainda antes. Foi no quadro desta
sua actividade que contou com o patrocínio do advogado portuense, Aníbal Pinto,
também comentador de futebol afecto ao Futebol Clube do Porto.
Até ontem era do conhecimento público, por via de notícias
publicadas pela comunicação social com fonte na Polícia Judiciária, que Rui
Pinto levantara indevidamente de uma conta de terceiros, sediada num banco das
Ilhas Caiman, duzentos e setenta mil euros e que tentara extorquir do fundo
Doyen uma verba de muitas centenas de milhares de euros como “compra” do seu
silêncio, ou seja, não publicação da correspondência electrónica de que
ilicitamente se tinha apoderado.
A partir de ontem, pela voz do seu então advogado, Aníbal
Pinto, ficamos a saber mais duas coisas muito interessantes:
A primeira é que a Doyen tentou “comprar” a Aníbal Pinto a
identidade do seu cliente; e a segunda, não menos interessante, de que Aníbal
Pinto foi encarregado pelo seu cliente (hacker Rui Pinto) de negociar com a
Doyen um contrato trabalho, com uma cláusula de confidencialidade, mediante a
entrega de uma determinada prestação, tendo tal contrato acabado por não se concluir
por, segundo Aníbal Pinto, no decurso da sua negociação se ter apercebido que
tal negócio poderia configurar um crime, tendo em consequência aconselhado o
seu cliente a desistir da sua pretensão, mesmo sob a forma de doação (sic).
Estas informações foram prestadas sob a forma de
esclarecimento por Aníbal Pinto no programa da noite da CMTV, do dia 16 de
Janeiro de 2019. A gente ouve ou lê isto que acaba de ser escrito e tem
dificuldade em acreditar que tais informações tenham sido prestadas e mais
dificuldade tem ainda em compreender que ninguém, entre os presentes no
programa, a começar pelo seu ”pivot”, tenha interrogado o depoente sobre o
óbvio.
Primeiro, como poderia Aníbal Pinto negociar um “contrato de
trabalho” para o seu cliente sem o identificar? Por que razão pretendia a Doyen
pagar para identificar uma pessoa com a qual iria celebrar um contrato?
Nada disto faz o menor sentido e só mesmo alguém muito perturbado pode
apresentar tal discurso em sua defesa.
A história é outra e muito simples de contar, seguindo aliás
as explicações que a PJ tornou públicas, via Correio da Manhã. E ela conta-se
assim: Rui Pinto assaltou a correspondência informática da Doyen, tendo tentado
extorquir desta entidade uma determinada quantia em dinheiro, bem avultada,
segundo se diz. A Doyen não pagou, mas terá entrado, ao que também se diz, numa
operação montada pela polícia, para apanhar o assaltante, aceitando negociar
com alguém em seu nome um pretenso “contrato” (de trabalho, de doação? para o
caso pouco importa) com o objectivo de identificar o assaltante ou, caso não o
conseguisse, justificar uma prisão em flagrante delito do seu representante
naquele negócio.
O facto de o negócio estar a ser negociado numa área de serviço
da A1 e de os seus contornos o terem tornado suspeito levou o representante de
Rui Pinto a abortar a negociação e a aconselhar por escrito ao seu representado a desistência do mesmo.
E a pergunta que qualquer pessoa minimamente capaz de
raciocinar fará será certamente esta: o representante do hacker apresentou-se
ao encontro convencido de que iria negociar um contrato de trabalho? A resposta
fica ao cuidado dos leitores.
Se a defesa do primitivo advogado de Rui Pinto foi esta, a
dos advogados agora constituídos depois da sua prisão em Budapeste não terá
sido muito melhor, como em novo post se demonstrará.
2 comentários:
Bem
Os advogados sempre defendem o seu cliente, mas que estejam implicados em fraude, isso não é bom
Enviar um comentário