quarta-feira, 7 de setembro de 2011

O ERRO DE PAULO BENTO



AINDA O CASO RICARDO CARVALHO

Ontem no programa “Trio de ataque” Paulo Bento, embora dando por assente o afastamento de Ricardo Carvalho da selecção enquanto ele for seleccionador, manteve a decisão de não participar disciplinarmente do jogador.  

Apesar de questão da participação do comportamento do jogador (deserção da selecção nacional no dia da partida para Chipre) para efeitos disciplinares, pela publicidade que assumiu, ultrapassar largamente a vontade de Paulo Bento, afigura-se que a decisão que este adoptou constitui um grave erro - o primeiro grande erro de Paulo Bento à frente da selecção - de consequências futuras imprevisíveis.

Realmente, o que está em causa é a independência de Paulo Bento como seleccionador nacional. Foi essa falta de independência que derrubou Queiroz, aliada a um estilo ostensivamente arrogante e pouco inteligente, bem como outros que antes dele por lá passaram. E foi essa mesma independência que manteve, com o êxito que se conhece e grande apoio popular, Scolari à frente da selecção, apesar de ter contra si a maior parte da comunicação social e os dirigentes desportivos que subservientemente ou assalariadamente aquela serve.

Conhecendo-se como se conhece qual a opinião daqueles que apenas aceitam uma selecção ao seu serviço e por eles “pilotada”, sabendo-se como se sabe qual era a posição de Mourinho relativamente ao assunto, a decisão de Paulo Bento vai ficar para sempre ligada à suspeita de não ter sido uma decisão livremente assumida.

Até porque, como bem disse Bruno Alves, os actos que praticámos têm consequências…É que Paulo Bento nem sequer tem a seu favor o facto de poder justificar a sua decisão com base num manifesto arrependimento do jogador. Pelo contrário, numa clara demonstração de “costas quentes”, Ricardo Carvalho, embora estupidamente, não se coibiu de chamar ao seleccionador “mercenário”.

Não será errado supor que, com esta decisão, Paulo Bento terá atingido aquilo que de mais importante os portugueses nele viam à frente da selecção: a independência – razão primeira do apoio que lhe têm prestado.

A Federação diz que vai reunir para decidir o que fazer. Só que de Madail não há nada a esperar. Ou por outra: o conhecido oportunismo de Madail acabará por ditar a conduta que melhor se quadre com os seus interesses e a sua sobrevivência…

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