domingo, 4 de setembro de 2011

SOBRE A VITÓRIA DA SELECÇÃO EM CHIPRE



RESULTADO MUITO ENGANADOR
Ronaldo dá o mote a Portugal



A selecção nacional deslocou-se a Chipre sob o efeito da deserção de Ricardo Carvalho, que, como se esperava, foi branqueada pela generalidade dos jornalistas desportivos. Viu-se porém pelas declarações prestadas, no fim do jogo contra Chipre, pelos ex-colegas de Carvalho na selecção que outra era e muito diferente a opinião deles. Em todos eles estava bem nítida a reprovação da atitude do jogador do Real Madrid, com destaque para Ronaldo que, tendo sido sempre um grande profissional dentro do campo, tem aprendido também a sê-lo fora dele.

Deste covarde episódio havia porem que tirar outras consequências que não as vulgares lições de moral que, em regra, acompanham os actos mais lamentáveis. Na vã tentativa de encontrar uma explicação para a sua covarde deserção, Carvalho voltou a atacar o seleccionador estupidamente. De facto, o conceito de “mercenário” aplicado a quem vive profissionalmente do futebol só serve para denegrir a profissão a que ele próprio se dedica, o que demonstra que, além de “prima-dona”, Carvalho é também pouco inteligente.

O que se não compreende, depois de tudo o que se passou, é que não haja sanções. Se elas dependem de participação, apesar de o comportamento que as determina ser amplamente conhecido, Paulo Bento faz mal em não participar. Ninguém, a começar por ele próprio, ficará a ganhar com o seu silêncio.

Quanto ao jogo, propriamente dito, o que se poderá dizer é que Portugal jogou mal e foi ajudado por erros de arbitragem em momentos cruciais do jogo. Mas há razões objectivas para aquilo que poderia ter sido o grande fracasso da selecção. Elas têm a ver com a menos valia de três ou quatro jogadores que Paulo Bento teima em convocar e pela acentuada descida de forma de outros.

Falando claro: João Pereira, Ruben Michaelis, Postiga e Hugo Almeida não têm lugar na selecção. Quando muito, Hugo Almeida poderá fazer parte dos seleccionados se houver quem possa no seu lugar alinhar como titular. Sabe-se que depois da saída de Pauleta, a selecção nunca mais teve um verdadeiro ponta de lança. No entanto, há soluções melhores do que as preferidas por Paulo Bento. Tanto Nuno Gomes como João Tomás são francamente mais eficientes do que qualquer um dos dois que lá costumam ir. E se o seleccionador não acredita em nenhum destes, que chame um jovem, desses que tem dado nas vistas nas selecções dos escalões dos escalões inferiores. Por outro lado, a convocatórias de Michaelis é quase incompreensível, se se tiver em conta que alinha num lugar onde há uma grande fartura de jogadores. Finalmente, João Pereira não está à altura do lugar, havendo quem na liga portuguesa ou lá fora faça melhor do que ele.

A acrescer a isto junta-se a clara baixa de forma de Coentrão que parece ter desaprendido de jogar à bola desde que foi para o Real Madrid de Mourinho. O caso de Coentrão tem de ser seguido com muita cautela, já que a sua carreira apenas foi brilhante ao serviço do Benfica com Jesus. Dito de outro modo, o futebol super ofensivo de Jesus favorece Coentrão, enquanto um futebol retraído, calculista e excessivamente limitativo das suas potencialidades atacantes, como o de Mourinho, tenderá a fazer dele um jogador vulgar. Ver-se-á no fim deste ano que Coentrão ainda teremos. Meireles também parece estar longe do fulgor doutrora, o que, a juntar ao que antes se disse, também servirá para explicar o baixo nível exibicional da selecção.

Restam os golos de Ronaldo, o primeiro na marcação de um penalty muito duvidoso e o segundo depois de o árbitro ter invalidado por fora de jogo – inexistente – uma jogada em que o melhor avançado de Chipre seguia isolado em direcção à baliza portuguesa.

Depois deste jogo, Portugal está mais perto do apuramento ou, pelo menos, da possibilidade de o disputar até ao fim, embora tudo ainda esteja muito dependente do jogo da próxima quarta-feira entre a Noruega e a Dinamarca.




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