MAIS UMA VEZ MOURINHO…
A dúvida não está em saber se esta Liga dos Campeões já está
viciada, mas se a Liga dos Campeões está viciada.
A dúvida faz todo o sentido, analisando o que se passou hoje
e ligando o que se passou hoje com o que se passou noutras ocasiões.
Hoje, toda a gente viu o que se passou. Num jogo que estava
sendo excelentemente disputado, com clara supremacia do United, que estava
conseguindo neutralizar Ronaldo na melhor fase da sua carreira, o árbitro turco
Çakir - e toda a gente pergunta, porquê um árbitro turco? – expulsou
inexplicavelmente Nani. Uma expulsão tão surpreendente, que ninguém, dentro e
fora do campo, a percebeu. Não a perceberam os jogadores do Real Madrid. Não a
compreenderam os jogadores do Manchester. Quando ambos os jogadores que
intervieram no lance – Nani e Arbeloa - ainda estavam por terra, dava a ideia, pelas
imagens, que os jogadores do Manchester até estavam a chamar a atenção do
árbitro para a entrada imprudente de Albeloa, pedindo que o livre fosse marcado
a seu favor. Inexplicavelmente, perante a surpresa e a estupefacção geral, o
árbitro expulsou Nani. Incrível, de facto. Nani correu para uma bola que vinha
no ar, sem adversários por perto, e, quando já estava com o pé levantado na
vertical da bola, irrompeu em grande correria contra ele Arbeloa, provocando o
choque. Se o árbitro interpretasse o gesto de Nani como imprudente, o mais
que poderia fazer era mostrar o amarelo. Mas nem isso se justificaria.
Este lance foi decisivo para o desfecho da partida. Todos os
jornais espanhóis o dizem sem rodeios.
Uma expulsão com estas características deixa a equipa que a
sofre tão desorientada quanto os espectadores. Uma coisa é uma expulsão na
sequência de uma agressão, de jogo violento ou de uma sucessão de faltas.
Outra, completamente diferente, é uma expulsão que tem lugar cerca de um minuto
depois de a jogada ter ocorrido, sem que ninguém, de um lado ou de outro,
insistimos, estivesse a contar com ela. Enquanto a expulsão normal é anímica e
psiquicamente assimilada pela equipa com rapidez, a expulsão inopinada e
surpreendente, e além do mais completamente inexplicável, deixa a equipa que a
sofre verdadeiramente atordoada.
Foi o que aconteceu. Mourinho, pelas mudanças que imediatamente
fez, em três minutos virou o resultado. Aliás, dois excelentes golos. Curiosamente,
o Manchester acabou por reagir e, não fora o azar e novamente o árbitro, que
não marcou duas grandes penalidades a seu favor – uma por mão de Ramos e
outra por rasteira do mesmo jogador a Evra, isto para não falar de um soco (sem
querer) de Diego Lopes a Vidic -, poderia ter ganho o jogo. Fez o suficiente
para passar num jogo em que foi superior, mas que ficou definitivamente marcado
pelo árbitro.
É muito. Muito para ser simples acaso. De nada valem as
palavras de circunstância que Mourinho terá trocado com Fergusson durante o
jogo ou as que proferiu no fim: “Perdeu a melhor equipa, mas o futebol é assim.
Devem sentir-se como eu me senti quando me expulsaram o Pepe em Camp Nou…”.
O que interessa ter em conta nestas coisas é o passado. E o
passado diz-nos que, quando Mourinho treinava o Porto, o Manchester também foi
eliminado. Como? Com um golo de Costinha? Sim, certamente. Só que se tivesse sido
validado o de Scholes, limpo, não lhe bastaria empatar em Old Trafford para passar
à fase seguinte…
E depois, em San Siro, contra o Barcelona, arbitrado por
Olegário Benquerença, foi a vergonha que se conhece. Um golo em claríssimo fora
de jogo, outro na sequência de uma falta não marcada sobre Messi e uma série de
livres perigosos à entrada da área transformados em livres a favor, além de
dois penalties indiscutíveis não
marcados a favor do Barça. É muito…
O facto de o Barcelona, um ou dois anos antes, ter sido escandalosamente
beneficiado na meia-final num jogo contra o Chelsea, em que ficaram por marcar
cinco (!!!) grandes penalidades a favor dos ingleses, não justifica o que se tem
passado com Mourinho.
O que tudo isto demonstra - e não se trata, longe disso, de
uma análise exaustiva - é que a Liga dos Campeões não é uma prova séria.
Os ingleses não fazem batota no futebol e talvez por isso se
preocupem pouco com estas questões. Mas como são muito bons a investigar, eu,
se estivesse no lugar do Manchester, e tivesse os recursos que o Manchester
tem, investigaria este Cüneyt Çakir, tendo em conta as óbvias conexões: empresários,
antecedentes de participantes, ligações a conhecidos corruptores de
árbitros, etc.. Só para ficar tranquilo e continuar a acreditar que o futebol é uma coisa séria...
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